RIVALIDADE

Bate-bola entre torcedores de Guarani e Ponte Preta

Esportes Já
01/07/2024 às 15:44.
Atualizado em 01/07/2024 às 15:44
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Nelson Vitorelli Junior já viu de tudo. Foi testemunha ocular de feitos e conquistas do Guarani. O amor pelo clube foi tamanho, que, de maneira discreta, chegou a assistir um Dérbi nas arquibancadas do Estádio Moisés Lucarelli cercado de pontepretanos. Esse sacrifício não foi à toa. Pelo contrário. Vitorelli guarda na memória muitos jogos em que o Guarani foi protagonista. “Eu estive em 1975, contra o Fluminense, 1 x 2, com público de 27 mil pessoas. Em 1976, contra o Palmeiras, 1 x 1, público de 32 mil pessoas. E em 1982, contra o Flamengo, 2 x 3, e com público de 52.002 pessoas. Sem contar as finais de 1986 (Campeonato Brasileiro) e 1988 (Campeonato Paulista). Em todos esses jogos, foram muitas emoções, mas a que marcou foi contra o Flamengo em 1982. Não me conformo até hoje com o resultado.” 

Nesta conversa com a reportagem do Esportes Já, ele recorda de momentos emblemáticos do Guarani, como a participação na Copa Libertadores de 1979, a idolatria a jogadores históricos e homenagens a treinadores que fizeram diferença na história do clube. Confira:

Por que você escolheu o Guarani como time do coração? 

Era o time que meu pai torcia, e sempre ia com ele ao estádio, desde os 3 anos de idade.

Que recordações você tem da primeira vez que esteve no Brinco de Ouro? 

Não tenho lembranças da primeira vez, mas me lembro de um jogo em 1967 ou 1968 que meu pai disse que o Guarani deu uma mão para o Palmeiras não cair, escalando jogador que não estava inscrito (Flamarion). 

Que jogo é inesquecível para você? Por quê? 

Além das finais de 78, tenho ótima lembrança do jogo da Libertadores/79 contra o Universitário, que ganhamos de 6 x 1. O time estava jogando uma barbaridade. 

Que partida você prefere esquecer? Por quê? 

A final do Brasileiro de 1986. Fomos roubados vergonhosamente (No dia 25 de fevereiro de 1987, no tempo normal, Guarani e São Paulo empataram por 3 a 3. Na decisão por pênaltis, o tricolor paulista venceu por 4 a 3. Até os dias atuais, ex-jogadores e dirigentes reclamam de um pênalti que não foi marcado sobre João Paulo).

O que não pode faltar em jogo do Guarani? 

Aquela cervejinha com os filhos antes de entrar no estádio. 

Qual o principal jogador da história do Guarani? Por quê? 

Posso falar de vários ídolos: Amaral, Flamarion, Zenon, Evair, Neto, Amoroso, Fumagalli, mas, para mim, o maior foi Careca, porque levou o nome do Bugre para o mundo todo (Careca foi autor do gol do título do Campeonato Brasileiro de 1978 e também foi campeão da Taça de Prata em 1981). 

Qual o técnico inesquecível da história do Guarani? Por quê? 

Menção honrosa para Zé Duarte e Vadão, mas o melhor foi Carlos Alberto Silva, que montou o time de 1978 ( Após treinar o Guarani de 1978 a 1979, Carlos Alberto Silva retornou ao clube em 1984, 1994, 1996, 1999 e 2001. Além do título de Campeão Brasileiro de 1978, o técnico foi terceiro colocado do Campeonato Brasileiro em 1994 e dois anos depois deixou a equipe na sexta colocação. Em contrapartida, o treinador não evitou o rebaixamento no Campeonato Paulista de 2001)

Que jogador que atuou pela Ponte Preta que você gostaria que tivesse jogado pelo Guarani? 

Osvaldo, meia-direita que foi para o Grêmio na década de 1980. 

Qual o gol mais bonito ou marcante anotado pelo Guarani e que você presenciou ao vivo no estádio? 

Foram muitos, mas um que eu nunca esqueço aconteceu em 1972, contra o Santos de Pelé. Foi a primeira vez que vi o Bugre ganhar do Santos. O gol foi aos 45 minutos do 2˚ tempo. Zé Ito, um baixinho de 1,65 metro, fez de cabeça depois de um escanteio cobrado pelo Mingo no gol da entrada das bilheterias. Pelé ficou possesso e gritava com Wanderley Boschilla, o árbitro, para reiniciar logo o jogo. 

Como torcedor, o que significa o dérbi para você? 

É um jogo muito tenso, eu rezo sempre para acabar logo, de preferência com vitória. 

Como você definiria a sua rival Ponte Preta? 

Um time não vive sem o outro. 

Ser torcedor do Guarani é… 

No momento atual, ser bugrino é pedir pra sofrer...

Pedro Marques estava predestinado a virar torcedor da Ponte Preta. Nasceu nas imediações do Estádio Moisés Lucarelli. Desde pequeno, conviveu com craques e ídolos que formularam instantes históricos do clube. Presenciou jogos decisivos e inesquecíveis, como as finais da Copa Sul-Americana em 2013, quando se emocionou com mais 28 mil pessoas no Estádio do Pacaembu na mesma sintonia. Também não esqueceu a conquista do título da Série A2 diante do Novorizontino, desde o pênalti decisivo batido por Elvis até a festa da torcida, que invadiu as ruas de Campinas. 

Nesta conversa com a reportagem do Esportes Já, ele recorda de outros fatos históricos e pessoas que fizeram a diferença, como o técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão, cuja última passagem foi interrompida em virtude do primeiro convite para dirigir a Seleção Feminina de Futebol. Pedro Marques não esquece Vadão e também a Ponte Preta. Confira:

Por que você escolheu a Ponte Preta como time do coração? 

Quando nasci, e durante minha infância, eu morava na Rua Salvador Caruso, que é perpendicular ao Majestoso, somando isso com o amor do meu pai e do meu tio pela Ponte, não tinha como ser diferente! Desde cedo cresci ouvindo e vivendo o Majestoso! 

Que recordações você tem da primeira vez que esteve no estádio Moisés Lucarelli? 

Não me lembro qual foi o jogo, pois eu era muito novo, mas me lembro que era um jogo de tarde, um sol de rachar, e que o Majestoso estava lotado! Pulsava! Mesmo com o calor, ninguém ficava parado. 

Que jogo é inesquecível para você? Por quê? 

Alguns me vem à memória, como o “Macacaembu”, contra o Lanús, no Pacaembu, e a semifinal do Campeonato Paulista de 2008 em Guaratinguetá. Mas a final da série A2 contra o Novorizontino foi especial. Poder celebrar um título, ver meu pai emocionado, gritar “é campeão” tem um gosto diferente. 

Que partida você prefere esquecer? Por quê? 

Poderia falar a final contra o Lanús, mas, mesmo com a derrota, foi especial ir até Buenos Aires, encontrar inúmeros pontepretanos em outro país. Viver uma final internacional não é algo que quero esquecer. Gostaria mesmo de esquecer a fatídica partida contra o Vitória em 2017, que selou o nosso rebaixamento. Esquecer que estávamos vencendo por 2 a 0, esquecer da expulsão e da invasão. É realmente uma mancha na história recente.

Qual o principal jogador da história da Ponte Preta? Por quê? 

O Mestre! Dicá! Embora não tenha visto jogar, é nosso maior ídolo. De torcedor a principal jogador da história da Ponte e maior artilheiro. Dicá elevou o patamar da Ponte 

O que não pode faltar em jogo da Ponte Preta? 

Raça! Não temos cacife para ter os melhores jogadores em nosso plantel, mas precisamos ter jogadores comprometidos e com raça, disposição e vontade de ganhar. 

Qual o técnico inesquecível da história da Ponte Preta? Por quê? 

Dos que vi e lembro de comandar a macaca, o saudoso Vadão! Nunca vi uma equipe comandada por ele se acovardar frente aos adversários. Sempre eram equipes disciplinadas e com bom futebol. Sempre marcado na nossa história. 

Que jogador que atuou pelo Guarani que você gostaria que tivesse jogado pela Ponte Preta?

Djalminha, gostaria que tivesse jogado pela Ponte e mais vezes pela Seleção! Que grande jogador era Djalminha! 

Qual o gol mais bonito ou marcante anotado pela Ponte Preta e que você presenciou ao vivo no estádio? 

Um dos mais marcantes que presenciei no estádio foi o do Fellipe Bastos para empatar a partida contra o Lanús no Pacaembu! Comemorei tanto que rasguei minha camiseta da Ponte 

Como torcedor, o que significa o dérbi para você? 

É sempre a principal partida do ano, é ansiedade a semana toda, é só pensar nisso até chegar o jogo. É a oportunidade para os atletas ganharem a torcida jogando com raça, de marcar o nome na história da Ponte. É final de campeonato! 

Como você definiria o seu rival, o Guarani? 

É o nosso maior rival e um time contra o qual é responsabilidade e obrigação jogarmos com mais raça e vencer. 

Complete a frase. Ser pontepretano é… 

É “paixão que não se explica, se vive”. É apoiar e amar mesmo nos momentos mais difíceis, é chamar o Majestoso de casa, é nunca abandonar, é até gostar de futebol mas amar a Ponte Preta.

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