Gustavo Amaral e as medalhas que conquistou em várias distâncias (Divulgação)
Uma lesão no ombro após uma queda de bicicleta em 2019 transformou a vida do administrador de empresas Gustavo Amaral. Para não perder o condicionamento físico, ele decidiu correr e não parou mais. “Eu era um triatleta e hoje sou também um ultramaratonista”, diz o campineiro de 64 anos. “Eu me tornei um viciado em corridas”, conta. Entre os diversos desafios aos quais já se propôs nos últimos anos, ele inicia hoje o maior deles. Gustavo fará o percurso de 320 km do chamado Caminho da Fé, a rota de peregrinação entre Águas da Prata e o Santuário de Nossa Senhora Aparecida.
Para aumentar o incentivo, Gustavo decidiu somar o esforço físico com uma ação social. A proposta é que a cada quilômetro percorrido no trajeto, compartilhado pelas suas redes sociais, cestas básicas sejam doadas a entidades assistenciais. A divulgação do projeto, batizado de Caminho da Fé Solidário, já gerou uma grande quantidade de doações. O resultado é que antes mesmo de ele iniciar a corrida, a maratona para administrar a chegada de cestas básicas e alimentos já começou.
“Já peguei em uma empresa 500 kg de alimentos e levei para a Hípica”, conta o atleta, sócio da Sociedade Hípica de Campinas. “Tem outra empresa que vai doar 280 cestas básicas. Estou traçando uma estratégia para as cestas que chegarem. Se forem poucas, vão para a minha casa. Se forem muitas, para a Hípica.” Gustavo também divulgou nas redes e em grupos de WhatsApp o número do Pix para doações. O Instituto Padre Haroldo, o Penas de Aluguel, além de entidades apoiadas pela Hípica, serão alguns dos destinos do material arrecadado. “Estou tendo um retorno absurdo”, comemora.
Gustavo conta com a participação da família no projeto. Ele seguiria de carro com a esposa e o filho de Campinas até Águas da Prata ontem. Hoje, a partir das 6h30, começa a trajetória sozinho a pé. O reencontro com a família será no Santuário de Aparecida. Seu plano é alternar corridas com caminhadas e chegar ao destino no próximo final de semana.
A companheira no trajeto será uma mochila, na qual levará 3 sungas, 2 camisetas, 2 shorts, escova e pasta de dentes, 2 garrafas de água de 500 ml cada, cortador de unha, desodorante, celular, bateria portátil, gel, suplemento alimentar, segunda pele e uma blusa cortavento. A primeira parada para pouso está reservada em um espaço a 49 km de Águas da Prata. As demais serão improvisadas na caminhada.
“Se der tudo certo, sem incidentes, quero fazer entre 45km e 50km por dia”, projeta. Os maiores desafios são as subidas frequentes de morros. Segundo relatos de quem já percorreu a rota, um dos momentos mais difíceis acontece na escalada da Serra de Luminosa, localizada na cidade mineira de Brazópolis. Com 10 km e quase 1000 m de altimetria, a subida é considerada uma das 10 mais difíceis do país. Andradas, Ouro Fino, Inconfidentes, Borda da Mata, Tocos do Moji, Estiva, Paraisópolis, Campos do Jordão e Gomeral são algumas cidades incluídas no percurso. Gustavo encara o desafio pela primeira vez.
“Nos últimos meses foquei na preparação, com fortalecimento muscular, pedaladas de bike e 90 km por semana de corrida leve”, conta o atleta, que confessa ter perdido o sono nos últimos dias em razão da ansiedade pelo desafio. “É uma vontade louca de fazer o Caminho da Fé. São várias situações envolvidas: minha esposa e filho de férias, as doações e também a espiritualidade.”
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