Ana Caroline ao lado do marido Ivano Sgarabotto, no Mundial de Roma, em 2015 (Divulgação)
A campineira Ana Caroline Martins era uma exceção quando começou a acompanhar o pai, Mauro Martins, durante os jogos pelos clubes de Valinhos, cidade onde morava. Afinal, ela tinha apenas 7 anos e o esporte que então começava a jogar era a bocha, praticado em sua maioria por homens idosos. No entanto, a menina não se intimidava com o ambiente das disputas e gostou da brincadeira que depois de um tempo virou coisa séria. Hoje, aos 35 anos, Ana Caroline é a segunda melhor jogadora do mundo da modalidade.
Ele alcançou essa condição ao conquistar o vice-campeonato individual no Mundial Antalya-Kemer, na Turquia, disputado entre 23 e 27 de outubro com a participação de 36 países. Foi a segunda vez que ela conquistou a segunda colocação entre as melhores do mundo. Ao lado da campeã, a argentina Milagros Victoria Pereyra, e das terceiras colocadas Karen Sanguinet e Franca Martini, uruguaia e chilena, respectivamente, a campineira formou na Turquia o pódio sul-americano no evento. “Nunca na história um pódio inteiro tinha sido formado só por atletas sul-americanas”, diz a brasileira, destacando que o país mais forte na bocha é a Itália, o berço da modalidade.
Moradora de Pato Branco, em Santa Catarina, estado para onde se mudou em 2019, Ana Caroline lembra que foi na Itália onde viveu o momento mais emocionante da carreira. “Desde a adolescência coloquei na cabeça que eu ia conhecer o berço da bocha e isso foi possível em 2014”, conta. Na época, ela estreava em um Mundial, disputado em Roma, e logo em sua primeira participação chegou ao vice-campeonato. “Foi um momento maravilhoso para mim”, relembra.
Na ocasião, ela estava em sua segunda passagem pelo Palmeiras, após defender também Corinthians e GDR Piquery, de São Paulo. Campeã estadual e brasileira, a campineira acumulou títulos internacionais depois do êxito em seu primeiro mundial ao celebrar conquistas sul-americanas, em pan-americanos e torneios na Europa. Era a evolução alcançada pela menina que se vinculou à Federação Paulista de Bocha aos 11 anos, quando atuava no Clube Grêmio de Campinas.
Ana Caroline tem uma vida ligada à bocha. Seu pai é técnico e jogador. A mãe também pratica a modalidade. Já o marido, Ivano Sgarabotto, a campineira conheceu no Palmeiras, onde ele era treinador. Hoje, ambos estão vinculados à Associação Vila Nova Pato Branco. Os pais de Ana seguem morando em Valinhos e recebem a visita da filha com frequência, apesar da maratona de disputas.
A jogadores comenta que o universo da bocha mudou nos últimos anos e não está mais associado a um público masculino e da terceira idade. “Há muitos jovens e mulheres praticando”, explica, acrescentando que as escolinhas da modalidade se multiplicam em Santa Catarina. Formada em Pedagogia e Educação Física, Ana Caroline diz que está em seus planos também investir numa escolinha. “Nunca tive a chance, mas quem sabe no ano que vem.”
Antes disso, a maratona de competições seguirá em 2024. “Ainda tenho para jogar os Jogos Abertos de Santa Catarina por Florianópolis e o Bolim de Ouro em São Paulo no início de dezembro.”
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