SACRIFÍCIO E REFLEXÃO

As peregrinações de um atleta de fé

Destaque nas competições da terceira idade em Campinas, Valfrides manifesta gratidão pela vida de superação caminhando 300km até Aparecida

Esportes Já
11/03/2024 às 10:10.
Atualizado em 11/03/2024 às 10:10

Valfrides e a companheira: chegada ao rio aponta para a proximidade do destino final (Arquivo pessoal)

Destaque nas competições da terceira idade de Campinas, Valfrides Aparecido Rodrigues carrega consigo uma missão. Desenganado pelos médicos em razão de uma doença misteriosa, ele contrariou os diagnósticos, se recuperou e transformou o atletismo numa manifestação de vida. Impactado, ele não esquece de agradecer e faz isso mediante um compromisso baseado no intangível. Afinal, dentre todas as vitórias que já conquistou, a maior delas tem como grande motivação a fé.

No último dia 3, as dores pelo corpo, as bolhas nos pés e o cansaço muscular eram símbolos da vitória. No Santuário de Nossa Senhora Aparecida, Valfrides encerrava uma trajetória que se transformou em rota de gratidão. O atleta adotou o chamado Caminho da Fé como um lugar essencial, uma via rumo ao pódio, um espaço sagrado. 

O Caminho da Fé reúne peregrinos mobilizados em seguir até o santuário da cidade de Aparecida a partir de pontos diferentes do Interior. No dia 24 de fevereiro, pela terceira vez em um ano, Valfrides, de 66 anos, escolheu sair da cidade de Águas da Prata junto com a companheira Arlene, de 69, e peregrinar a pé o percurso de 300km. Foram nove dias de sacrifício, mas também de meditações e reflexões.

“No caminho a gente vê todo tipo de transporte levando gente: cavalo, bicicleta, trator, charrete. Os passarinhos e os animais que encontramos parecem nos saudar. Encontramos também várias pessoas que pedem para lembrar do nome delas nas orações ao chegarmos em Aparecida. Tudo isso não tem preço”, diz.

Na trajetória, as pousadas servem de pontos de “abastecimento”. Nos locais, a alimentação, o banho e o descanso por um breve período antecedem a retomada das passadas. Na mochila, em meio a peças de roupas, água não pode faltar, mas nem sempre é possível controlar sua medida. “Às vezes, precisamos apelar e pedir água em alguma casa que encontramos. Já ocorreu de nos darem água quente de torneira. Mas também já apareceu gente do nada, como um milagre, para nos ofertar água fresquinha”, relata.

Nos morros, a paisagem é um estímulo para prosseguir (Arquivo pessoal)

As entradas e saída de cidades do estado de São Paulo e do Sul de Minas Gerais, além de subidas frequentes de morros, fazem parte do trajeto. Encarar o sol ou a chuva é um desafio.

Um dos momentos mais difíceis do percurso acontece na escalada da Serra de Luminosa, localizada na cidade mineira de Brazópolis. Com 10km e quase 1000m de altimetria, a subida é considerada uma das 10 mais difíceis do país.

“Às vezes subimos alguns morros e nos perguntamos: ‘o que estou fazendo aqui’”, comenta. “Mas depois que você atinge o cume da Serra da Luminosa, por exemplo, a sensação é de que não existe mais nada impossível pela frente”, conta. 

A entrada em Campos do Jordão aponta para a sequência da viagem, que pode ser concluída seguindo por Guaratinguetá ou Pindamonhangaba. A travessia do Rio Paraíba do Sul é como se fosse a reta final rumo à linha de chegada. “É uma alegria indescritível ao chegar no santuário”, comenta Valfrides, que até pensa em escrever um livro sobre suas aventuras peregrinas. “Já tenho um diário no qual estou trabalhando”, antecipa.

De volta a Campinas, o atleta se prepara para participar da fase regional dos Jogos da Terceira Idade em abril, enquanto o Caminho da Fé persiste na viagem da vida.

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