LENDA DO KARATÊ

As histórias de um campeão de Campinas

Aos com 61 anos, o mestre em karatê Edvaldo Cavalcante e se emociona diante de tantas histórias

Esportes Já
30/01/2023 às 09:33.
Atualizado em 30/01/2023 às 09:33

O karatê faz parte da vida de Edvaldo Cavalcante de Arruda há 47 anos, boa parte deles vivido dentro do Círculo Militar de Campinas, cuja academia tem uma área de 220 metros quadrados (Divulgação/ Arquivo)

É aqui que eu vou ficar”, pensou Edvaldo, um jovem apaixonado por artes marciais, ao passar em frente a uma academia de judô, em Campinas. Ao iniciar as aulas, no entanto, se frustrou, pois sua intenção era dar socos e chutes, golpes que não existem na modalidade que havia iniciado. Na busca por uma prática com a qual se identificasse, o garoto escolheu o Karatê e nesse esporte permaneceu.

A história, que aconteceu em meados dos anos 70, é até comum na vida de jovens em formação, se não fosse por um detalhe. O garoto Edvaldo, que não sabia a diferença entre judô e karatê, se transformou em uma das principais referências no Brasil dentro de uma arte marcial. Hoje, com 61 anos, o mestre em karatê Edvaldo Cavalcante de Arruda olha para trás e se emociona diante de tantas histórias para contar.

A mais recente aconteceu no último dia 21, quando em uma cerimônia de diplomação de professores na Casa D’ Itália, em Campinas teve sua graduação de maestria reconhecida pela Associação Okinawa Shorin-Ryu Kiokai, do Japão. Maior autoridade mundial no Karatê Shorin- Ryu, um dos mais antigos estilos da modalidade, o mestre Tsuha Kiyoshi esteve presente no evento. Além de Arruda, outros cinco professores foram diplomados.

“É a primeira vez que recebo um diploma direto do Japão”, celebra o carioca, que veio para Campinas ainda criança na cidade construiu sua vida. “Realmente não é para qualquer um. É necessário ter currículo para receber esse reconhecimento”, atesta o professor do Círculo Militar de Campinas, onde dá aulas de karatê desde 1981.

O currículo de Arruda, aliás, é o retrato do nível alcançado por esse esportista, responsável pela formação de 138 faixas pretas. Só como atleta, foram 13 títulos, entre Estaduais, Brasileiros e Sul-Americanos. Já como técnico, foram mais de 60 conquistas, comandando a equipe do Círculo Militar e as seleções de Campinas de São Paulo e do Brasil. Entre os feitos, estão o de campeão no Mundialito da Espanha em 2002 e um quarto lugar no Mundial da África do Sul em Johannesburg, em 1999.

Faixa preta com apenas 17 anos, personagem constante nas páginas de Esporte do Correio Popular nos anos 80 e 90 e mentor de projetos importantes, como do Curso de Defesa Pessoal da Guarda Municipal de Campinas em 1994. As histórias de sucesso se enfileiram, mas quem é mestre sabe que os insucessos também não podem ser esquecidos. “Nunca perdemos, mas aprendemos”, ensina. “Com as derrotas aprendemos mais do que com as vitórias.”

Arruda lembra que foram as seguidas quedas diante de um adversário específico que o levaram a treinar ainda mais. “O nome dele era Johannes, o atleta com o maior número de títulos do nosso circuito”, conta Arruda. “O nível dele era altíssimo e cada vez que ele me vencia, meu foco nos treinos aumentava”, relembra, destacando que os tropeços geraram aperfeiçoamento. 

Hoje, Arruda segue firme como professor do Círculo Militar de Campinas, destacando para seus alunos o perfil filosófico da arte marcial. “O karatê possibilita a melhora da coordenação motora, do caráter e da autoestima”, define. Seus alunos vão de 3 a 72 anos. “Temos também pessoas autistas”, conta. “Qualquer pessoa pode praticar, aprender e crescer, sempre dentro do seu limite.” E, assim, os campeões vão surgindo, dentro do tatame e na luta de cada dia.

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