Nelsinho Baptista enfrentou o seu filho Eduardo e levou a melhor no confronto, mas o treinador de 73 anos fez questão de elogiar a performance do time adversário (Marcos Ribolli)
Os 90 minutos disputados pela Ponte Preta dentro do Estádio Moisés Lucarelli, e que culminaram na vitória da Macaca sobre o Novorizontino por 1 a 0, proporcionaram um instante único no futebol, que foi o encontro entre o técnico pontepretano Nelsinho Baptista e o seu filho Eduardo, técnico do adversário.
A entrevista coletiva foi especial. Os dois deram declarações sobre todo o contexto vivido nesse jogo da Série B. Apesar da derrota, o comandante do Tigre admitiu ter ficado emocionado com a experiência e que acionou amigos e conhecidos para registrar em imagens tudo aquilo vivido no banco de reservas. “O meu pai é um cara que eu respeito porque ele é meu ídolo. Hoje eu me considero vencedor, porque eu estive lado a lado do cara que eu admiro e me inspiro. Eu me sinto um vencedor profissionalmente. Foi um grande jogo e com muitas estratégias. Eu conheço ele muito bem, assim como ele me conhece, e foi um grande dia”, admitiu.
Já o patriarca, em sua coletiva de imprensa, mostrou orgulho por enfrentar não somente o seu filho, mas um profissional qualificado do ramo de futebol, e que impôs diversos obstáculos a sua equipe. “Eu sempre torci para ver o Eduardo progredindo na carreira e hoje eu tive essa convicção dentro de campo. Eu confirmei porque joguei contra um time superorganizado e contra um treinador superconvicto nas alterações para tentar sair da desvantagem. Ele mostrou todo esse potencial e fico muito feliz. Um iria ganhar, mas foi um jogo muito difícil e complicado para nós”, disse Nelsinho Baptista.
Embates familiares à parte, Nelsinho explicou em detalhes as mudanças efetuadas no time titular, como a entrada de Emerson Santos, a escolha de Castro para ser companheiro de Joílson na zaga e as colocações de Dudu Vieira e Emerson no banco de reservas. Ele admite ainda que falta muito para chegar ao padrão tático e técnico que deseja. “Estamos colocando a nossa cara com os jogos. Enfrentamos uma sequência muito pesada nas três últimas rodadas: o CRB, finalista da Copa do Nordeste, o América-MG, que foi para a primeira posição quando nos venceu, e o Novorizontino, que é muito bem organizado pelo Eduardo. Estamos procurando dar oportunidades para todos neste processo e hoje conseguimos manter o ritmo por 90 minutos. Estamos evoluindo, mas falta muito ainda”, admitiu o técnico.
Nesse pacote de mudanças, a fixação de Elvis como titular desde o início do jogo foi encarada com normalidade pelo treinador. “ Eu já tinha conversado com o Elvis que ele seria titular contra o Novorizontino. Eu tinha um plano porque conhecia o Novorizontino e o jeito do Eduardo de jogar. Essa oportunidade apareceu com a suspensão do Jeh e, por isso, optamos por ele para que jogasse flutuando próximo ao Matheus Régis e Novaes. Funcionou muito, pois ele conseguiu manter o ritmo em uma função de somente se preocupar em criar. Quando o Jeh voltar, vamos analisar o que é melhor para o time”, prometeu o técnico.
Após desfrutar de períodos longos de treinamento entre os confrontos diante de CRB, América-MG e Novorizontino, o treinador pontepretano vai encarar o cronograma apertado do calendário brasileiro, em que os intervalos entre os jogos são pequenos. Uma prova disso já acontecerá na quarta-feira, quando a Macaca vai encarar o Botafogo-SP, em Ribeirão Preto, a partir das 21 horas. “ Nas últimas três partidas jogamos uma vez por semana. Agora vai começar a fase de ter um jogo no meio de semana e outro no fim de semana. Existe um trabalho da nossa comissão técnica para a recuperação dos jogadores e para deixá-los sempre no nível aceitável de disputar os jogos em sequência, mas claro que há um cuidado nesse sentido. A prevenção é algo que tem que funcionar para não perder alguns jogadores”, disse o técnico.
Um desafio está colocado, que é o de quebrar o jejum de vitórias como visitante. Até o momento, a Ponte Preta perdeu do Goiás por 3 a 0, empatou sem gols contra a Chapecoense-SC, colheu outra igualdade diante do Operário-PR e foi derrotado pelo Ituano por 2 a 0, mesmo placar sofrido diante do América Mineiro. O técnico Nelsinho Baptista admite que esse é um problema para ser resolvido. “Estamos buscando essa solução (vencer fora de casa). A nossa obrigação é de vencer em casa, mas também buscar pontos fora. Queremos pensar grande, pensar alto e pensar em chegar na frente. Na última partida fora, sofremos dois gols em acidentes, que poderiam ser evitados, mas a equipe está finalizando e criando o caminho para ganhar como visitante também”, completou. Para a partida contra o Botafogo-SP, o treinador voltará a contar com a presença do centroavante Jeh, que cumpriu suspensão diante do Novorizontino. A Macaca está com 12 pontos e na zona intermediária de classificação da Série B.
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