Tranquilo, com saúde e disposição, Marco Aurélio comemorou os 71 anos de vida na última sexta-feira ao lado dos netos (Divulgação)
Faz parte de um ciclo no futebol: o jogador se cansa da rotina de treinos e jogos, se aposenta, mas depois bate a saudade. E para quem já passou pela fase de boleiro e também de técnico, o saudosismo chega em dose dupla, principalmente se o profissional em questão desempenhou com competência as duas funções. É o caso de Marco Aurélio Moreira, que na última sexta-feira comemorou 71 anos de vida e admitiu: “Se aparecer algum convite para treinar um time, vou analisar com carinho.” Seu último trabalho foi em 2015, no Bragantino.
Lendário meia da Ponte Preta nos anos 70 e técnico de grandes times do futebol brasileiro, Marco Aurélio segue com seu humor característico. “Velho não comemora, velho passa batido”, brincou ao se referir à celebração de seu aniversário ao lado dos filhos e netos. “Estou devagar, com o freio de mão puxado”, afirma. O motorzinho do grande time de 1977 da Ponte Preta, no entanto, segue funcionando, embora não no mesmo ritmo. “Cansei de carregar o Wanderley e o Dicá nas costas”, lembra entre risos, apontando para o famoso trio de meio de campo vice-campeão paulista há 45 anos.
Brincadeiras à parte, Marco Aurélio chega aos 71 anos com saúde e disposição. Os tradicionais jogos de tênis e o futebol com os amigos ainda fazem parte da rotina, após um tempo de recesso em função de uma cirurgia no quadril. “Tive que colocar prótese, mas agora estou bem.” No mais, assiste futebol. E assiste muito, admite. “Acompanho tudo, jogos daqui, do exterior, e faço análises”, conta, mostrando que quem conhece, não esquece do assunto. No entanto, não se reconhece hoje como técnico. “Para ser treinador tem que estar em atividade”, justifica.
Marco Aurélio não vive a rotina do futebol intensamente há mais de 10 anos. Nesse ínterim, teve uma passagem como técnico do Bragantino em 2015, mas foi rápida. Optou por uma vida em família, despreocupada e sem pressão, inclusive recusando convites para treinar equipes. “Não estava mais feliz no que fazia”, conta. Hoje, no entanto, pensa diferente. Depois de um longo período sem dar entrevistas, decidiu falar a uma rádio e agora abre o coração. “Tenho saudades daquela vida confusa, de vitória pra cá, derrota pra lá. Não dá para esquecer. Se amanhã aparecer um convite interessante, vou pensar sim em voltar.”
TRAJETÓRIA DE SUCESSO
A saudade se justifica. Afinal, Marco Aurélio é um daqueles casos no futebol em que a trajetória se destacou tanto dentro como fora das quatro linhas. Como jogador, não foi apenas o “carregador de piano” do time pontepretano que jogava por música em 1977. Fez parte de um grande time do Fluminense no início dos anos 70 e, já no final de carreira, conquistou o título brasileiro pelo Coritiba, em 1985.
Como técnico, ganhou notoriedade na Ponte Preta ao sair da base, assumir o time profissional na chamada “fogueira” e conseguir evitar o rebaixamento no Brasileiro de 1998. A partir de então, deslanchou, com passagens de sucesso pelo Cruzeiro e Palmeiras. No Japão, comandou o Kashiwa Reysol entre 2002 e 2003, antes de voltar ao Brasil e seguir “naquela vida confusa, de vitória pra cá e derrota pra lá” até 2010, no América Mineiro. Cinco anos depois, veio o Bragantino. E agora, após o novo recesso, Marco Aurélio pensa em continuar essa história.