Fisiologista no RB Brasil, acompanha de perto os atletas do Touro (Aarquivo pessoal)
Ele foi criado na periferia de Campinas. Jogou bola nas ruas e na quadra da Escola Municipal Floriano Peixoto na Vila Orosimbo Maia. Sonhava em ser jogador de futebol.
Nas mesas de futebol de botão, as disputas eram sérias e não havia brincadeiras.
Thiago Santi foi um garoto que vislumbrou o futebol como carreira profissional e batalhou para que isso se tornasse realidade. O desejo não se concretizou com a bola nos pés, mas sim através das ciências.
Formado em Educação Física pela PUC-Campinas e com mestrado e doutorado pela Unicamp, Thiago é hoje um dos cientistas do futebol mais conceituados do Brasil.
Das ruas de asfalto da Vila para as escolinhas de futebol. Quando criança, frequentou a disputadíssima escolinha do Mestre Dicá no clube da antiga Fepasa no bairro Ponte Preta.
Chegou ao Guarani aos 14 anos na categoria sub-15 e ficou por cinco anos. Em 1999, foi campeão paulista Sub-17 contra o São Paulo de ninguém menos que Kaká, Kléber Gladiador e Paulo André. Este título foi o último Paulista conquistado na base pelo Bugre até os dias de hoje.
Ainda como atleta, dessa vez no futsal, Thiago não esquece do Pulo Gato, hoje Pulo Futsal Campina, onde foi vice-campeão paulista na categoria sub-20 e campeão dos Jogos Abertos Regionais.
O que parecia encaminhar-se para uma brilhante carreira no futebol profissional, uma parceria entre o Guarani e o Pirassununguense, onde todos os jogadores do sub-20 seriam emprestados para a disputa da segunda divisão paulista, pois fim ao seu sonho.
"Coincidentemente, nessa época, havia sido meu ingresso na faculdade de Educação Física e acabei optando pelos estudos", afirmou Thiago.
Sem abandonar definitivamente as quatro linhas, Thiago encontrou no futebol amador de Campinas, o seu verdadeiro refúgio. No tradicional S.E Canto da Vila da Vila Castelo Branco ou o emergente Capela da Paz do Jardim Itatiaia, foi conquistando o seu espaço nos acirrados campeonatos organizados pela Liga Campineira de Futebol e pela Prefeitura Municipal.
No Projeto Bugrinho, sua primeira experiência como treinador de futebol. Na sequência, foram três anos como preparador físico no Sub-17 do Guarani. Após uma rápida passagem pelo Guaçuano de Mogi-Guaçu, em 2010, o convite para trabalhar no profissional da Ponte Preta, o convenceu e na Macaca ficou por quatro anos.
Foi campeão do Torneio do Interior e vice-campeão da Sul-americana em 2013. No ano seguinte, outra proposta de trabalho fez Thiago deixar a Ponte Preta e partir para São Paulo, mais precisamente para a Barra Funda.
No Palmeiras, foram seis anos, de 2014 a 2020, e vários títulos. Campeão da Copa do Brasil em 2015, bicampeão Campeão Brasileiro em 2016 e 2018, Campeão da Florida Cup e Paulista em 2020. Além dos troféus conquistados, a experiência de trabalhar com grandes profissionais fizeram a diferença na sua carreira.
Com Gabriel Jesus nos tempos de Palmeiras (Arquivo pessoal)
"Em 2021 tive a oportunidade de ir trabalhar no exterior, onde passei pelo Al Shabab e pelo Al Taawon, ambos da Arábia Saudita. Foi uma experiência inesquecível."
No final do ano passado, retornou ao Brasil para trabalhar no projeto bem sucedido do RB Brasil em Bragança Paulista. No departamento de fisiologia do clube, Thiago Santi vem conduzindo seu trabalho em uma das empresas de maior sucesso no mundo.
Com quatro livros publicados sobre futebol e futsal, um dos maiores fisiologistas do futebol no Brasil, Thiago Santi não esquece das suas origens na periferia de Campinas e de uma canção que traduz um pouco da sua trajetória.
Se Milton Nascimento escreveu e poetizou, quem somos nós para discordar.
"Porque se chamavam homens. Também se chamavam sonhos. E sonhos não envelhecem."
Com a camisa do Bugre, campeão paulista sub-17 em 1999 (Arquivo pessoal)