Campeã mundial de karatê e fisiculturista, Kelly, aos 51 anos, se dedica ao crossfit (Divulgação)
Por onde passa, dificilmente ela deixa de ser notada. As tranças nagô com adereços na cabeleira ruiva, a maquiagem destacada, o iluminador corporal, o perfume e o corpo forte são marcas inconfundíveis de uma mulher que reflete personalidade. Na Prefeitura de Sumaré, onde trabalha, ela é a exótica Kelly Karina. Nos treinos e competições, se transforma na fera Ruivera, apelido que ganhou de um treinador. "Mas, em tudo, existe uma pessoa só. Eu sou eu e ponto. Inteira, intensa, autêntica e extremamente segura", afirma a multiatleta Kelly Karina Dozzi Tezza Américo da Silva, campeã mundial de karatê, fisiculturista e atualmente em preparação para o circuito de competições de crossfit em 2024. A campineira que sempre viveu em Sumaré tem 51 mil seguidores nas redes sociais, universo no qual não passa desapercebida. Ao mesmo tempo que exibe simpatia na convivência com o público, servidores e políticos em sua atuação na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, ela transmite determinação e foco quando a atleta entra em cena. Entre esses dois papéis é a competidora que prevalece, embora a função no serviço público seja exercida há 30 anos, após a jovem formada em magistério ter sido aprovada em um concurso.
Atleta exibe simpatia no exercício de suas funções na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Sumaré (Divulgação)
"Posso afirmar que minha vida sem o esporte não existe", afirma. "Nasci para ser atleta, competidora, treinada, regrada e adepta da entrega total aos objetivos", diz a mulher de 1,70m de altura e 75kg, com 39,7kg de massa magra e 13% de gordura. O corpo perfeito não é segredo para quem a acompanha nas redes. Seja em academias ou na praia, um de seus cenários preferidos, os músculos estão expostos. "Acredito que meu corpo é o reflexo da vida que escolhi viver desde criança. Representa-me completamente. Foi construído e desenhado na prática esportiva de uma vida toda, ininterruptamente." Kelly começou sua vida esportiva com dois anos de idade nas aulas de balé e migrou para outras modalidades, como natação, vôlei e basquete, mas foi no karatê que mergulhou. A paixão pela luta, no entanto, veio de forma inesperada. "Minha mãe Hermínia procurou o karatê por apresentar problemas na coluna. Como na época não havia muitas mulheres, eu e meu irmão Austen Johnny fomos obrigados a fazer companhia a ela. Confesso que fui contrariada, porém assim que pisei no dojô (local de treinamento) pela primeira vez, imediatamente disse para mim mesma: 'esse é o esporte da minha vida'. E assim foi."
A trajetória no karatê foi vencedora. "Foram quase quarenta anos na modalidade, representando vários municípios, estados, nosso país e vencendo campeonatos mundiais, cantando nosso Hino Nacional com a nossa bandeira do Brasil nas mãos. Emoção indescritível. Possuo mais de 800 títulos. Enquanto todos saiam para festas ou baladas, eu passava os finais de semana reclusa em treinamentos três vezes ao dia com a nossa equipe de competição. Essa é a vida que sonhei pra mim, diferenciada e única." Sem medo de desafios, Kelly atualmente se dedica à prática que executa uma combinação de diversas atividades realizadas em alta intensidade. "Nesse momento, digo que um dia serei convocada para participar do CrossFit Games (o principal campeonato da modalidade no mundo). O caminho é longo, duro e extremamente difícil, mas é ele que nos leva às melhores conquistas."
Kelly Karina adotou o apelido de Ruivera no meio esportivo (Divulgação)
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