Jogo de damas exige concentração e habilidade estratégica (Divulgação)
Não há idade para quem busca a melhor estratégia diante de um tabuleiro. O Circuito Campinas de Jogo de Damas reuniu competidores de 8 a 86 anos na Biblioteca Pública Municipal "Professor Ernesto Manoel Zink" no último dia 3 de dezembro. Os 37 participantes transitavam entre principiantes, que pela primeira vez se arriscavam no movimento das peças em um torneio, e especialistas, como Vinicius Damir, líder do ranking nacional e campeão brasileiro da modalidade. O espaço de leitura e pesquisa manteve seu aspecto pensante e democrático, mas em um formato diferente naquele domingo.
"O jogo de damas é assim: não tem idade, cor, gênero ou classe social", celebra Vinícius Aissa de Souza, organizador do evento. Estudioso do assunto, Vinícius busca desde o início do ano resgatar a prática da modalidade em Campinas, depois de observar na cidade uma carência de torneios e equipes, além de ações voltadas para os jovens. Hoje, ele treina alunos em uma escola pública às segundas-feiras pela manhã.
O torneio de jogo de damas no último dia 3 foi o segundo em Campinas no ano. O primeiro, também organizado por Aissa, aconteceu no dia 7 de maio, na mesma Biblioteca Municipal, e serviu de seletiva para a montagem da equipe que representou Campinas nos Jogos Regionais de Mococa, em julho. A cidade conquistou a medalha de bronze, mas não conseguiu se classificar para os Jogos Abertos.
Aissa vê evolução na prática em relação aos últimos anos, mas acredita que ainda falta um longo caminho a ser seguido para a modalidade se consolidar na cidade. Ele indica a necessidade de maior engajamento coletivo para fortalecer as instituições, como a Associação dos Damistas da Região Metropolitana de Campinas, que, na sua avaliação, carece de mais estrutura para a captação de recursos.
Em relação aos torneios na Biblioteca Municipal, ele elogia a receptividade no espaço, mas lamenta não haver uma entidade que garanta a organização. "Tudo parte da iniciativa de uma pessoa, que busca os contatos e se compromete com os custeios. Se essa pessoa decide parar, não há prosseguimento", lamenta, lembrando da sua voluntariedade em assegurar as condições para a realização das competições abertas.
Diante do contexto, prevalece o espírito colaborativo. "Tenho muitos amigos no jogo de damas e boa parte deles me apoia. Cada um contribui de alguma forma: o Celso foi o árbitro principal voluntariamente; o Wendel, de Mogi Guaçu, emprestou 10 relógios digitais; o Jefferson, de São Caetano, trouxe todos os jogos de peças utilizados no torneio e nove relógios digitais; o Moisés, de Nova Odessa, trouxe todos os tabuleiros; o Reinaldo Tomaz, de São Bernardo do Campo, conseguiu uma van com a cidade dele e trouxe uns 10 jogadores", conta. "Outros apoiam convidando mais pessoas, se organizando em caronas, divulgando nas redes sociais. É dessa forma que a ajuda acontece. Mas não existe um grupo responsável pela organização."
Sobre a presença do líder do ranking nacional em Campinas, Aissa diz que ele estava de passagem pela cidade, rumo a Minas Gerais, onde participaria de uma competição de alto nível ao lado de competidores russos.
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