Em quadra se encontravam o melhor ataque contra a melhor defesa do campeonato. Melhor para quem sabe bem segurar o ímpeto adversário
A argentina Meli Gretter encara a marcação durante a partida de ontem no Paineiras, que abriu a decisão da Liga de Basquete Feminino (Leandro Torres)
Casa cheia e partida equilibrada, emocionante e recheada de polêmica. Vera Cruz Campinas e Sampaio Basquete fizeram um duelo que teve todos os ingredientes de uma grande decisão, mas as donas da casa, que ostentavam uma invencibilidade de 20 jogos, acabaram superadas por 56 a 55 (30 a 26 no primeiro tempo), neste domingo (20), no Ginásio do Paineiras, no jogo 1 da final da Liga de Basquete Feminino. A ala Ariadna foi a cestinha do jogo, com 19 pontos, mas não foi capaz de levar a melhor sobre a boa atuação coletiva do Sampaio, que teve Briahanna Jackson e Tati (16 pontos cada) como destaques. Em desvantagem na série melhor de cinco, o Vera Cruz busca a recuperação no jogo 2, que acontece nesta terça-feira (22), às 19h, outra vez no Paineiras. Em quadra se encontravam o melhor ataque contra a melhor defesa do campeonato. Melhor para quem sabe bem segurar o ímpeto adversário. O Sampaio começou o jogo em ritmo aceletado, pegando quase todos os rebotes e logo abrindo 7 a 0. Sempre acionando Ariadna, o Vera Cruz finalmente entrou na partida e chegou a virar (11 a 9), mas com baixo aproveitamento nos arremessos, viu as visitantes retomarem a vantagem ao fim do primeiro quarto (15 a 13). O segundo período continuou brigado, com as defesas se sobressaindo. Prova disso é que, por mais de três minutos, ninguém conseguiu somar pontos. A cesta de Jeanne acabou com esse jejum e deu folêgo às donos da casa. Com mais dois de Karla e um bola de três da Ariadna, as campineiras voltaram à frente (24 a 23), mas depois de um pedido de tempo, a norte-americana Briahanna Jackson, com nove pontos no quarto, chamou a responsabilidade e com um chute de três deixou o Sampaio em vantagem no intervalo (30 a 26). O Vera Cruz voltou para o segundo tempo desatento e cometendo muitos erros, principalmente em passes de Meli Gretter. Antônio Carlos Vendramini parou o jogo cedo, mas as coisas não funcionavam e as visitantes, com muita intensidade, conseguiram abrir a maior diferença da partida (39 a 30). Ariadna e depois Jeanne encurtaram a distância, mas o time não aproveitou o bom momento e o Sampaio foi para o último quarto ainda à frente (41 a 37). Dona de uma atuação tímida até então, Meli Gretter acordou no início do último período e com cinco pontos seguidos colocou o Vera Cruz na frente. Com o ginásio inflamado, a expectativa era de que a equipe pudesse deslanchar, mas o Sampaio não sentiu a pressão. As equipes foram se alternando na frente do marcador e o jogo ficando cada vez mais emocionante. Meli Gretter converteu mais dois e deixou as campineiras com três pontos de vantagem (55 a 54). As visitantes, no entanto, responderam rápido. Com uma infiltração de Joice e dois lances livres convertidos por Tati, as maranhenses viraram para 56 a 55. O relógio apontava 26 segundos para o final da partida. O Vera Cruz tinha a última posse de bola, mas não aproveitou. Foram quatro tentativas no garrafão e a bola não caiu. No final, muita reclamação contra a arbitragem, principalmente de Antônio Carlos Vendramini, por conta de decisões tomadas nos instantes decisivos. Vendramini reclama muito da arbitragem Assim que a partida terminou com o placar favorável ao Sampaio Basquete, o sentimento do banco do Vera Cruz foi de revolta contra a arbitragem. Bastante exaltado, o técnico Antônio Carlos Vendramini se dirigiu à mesa para reclamar de marcações que julgou equivocadas no final da partida e, repetidas vezes, falou: ‘Vergonha, vergonha’. Depois, em entrevista coletiva, manifestou todo seu descontentamento. “O jogo foi mostrado por dois canais de televisão, é só olhar e ver a reclamação que fiz, se tenho razão ou não. Perder ou ganhar faz parte, mas dessa forma realmente é difícil de engolir”, disse. Ao ser questionado sobre a perda da invencibilidade de 20 partidas. — o time ainda não havia sido derrotado na Liga — o técnico minimizou o retrospecto e voltou a detonar a arbitragem. “Sinceramente, nem lembrei da invencibilidade, nada disso. É um jogo a mais. Minha revolta não é por perder a invencibilidade, mas porque perdemos um jogo que poderia ter sido decidido de outra forma. Sei ganhar e sei perder, mas que o jogo seja decidido pelas equipes”. A ala Karla também ficou na bronca com os juízes, mas também lembrou que o time deixou de apresentar o basquete que o credenciou a alcançar a decisão. “Temos oito meninas que nunca tinham jogado uma final e isso pesa um pouco. Mas a gente tira esse peso para terça entrar com outra atitude. Começamos a série em desvantagem, mas sabemos do nosso potencial e com certeza vamos reverter”.