BASQUETE

Uma estrela inspirada por outras

Medalhista olímpica, Janeth passou a se interessar pelo basquete depois de ver Paula e Hortência

Alison Ramalho Negrinho
23/05/2018 às 07:42.
Atualizado em 28/04/2022 às 09:33
Janeth entrou para o Hall da Fama do basquete feminino em 2015 e foi a terceira jogadora brasileira a conseguir o feito: "Foi algo maravilhoso" (Cedoc/RAC)

Janeth entrou para o Hall da Fama do basquete feminino em 2015 e foi a terceira jogadora brasileira a conseguir o feito: "Foi algo maravilhoso" (Cedoc/RAC)

Ao olhar para o passado, as lembranças seguem vivas em sua memória. Recordações desde os tempos de infância, em que andava 14km por dia apenas para treinar, até os momentos mais gloriosos, como as medalhas nos Jogos Olímpicos e Pan-Americanos. Esta é a história da ex-jogadora Janeth Arcain, idolatrada como uma das maiores atletas do basquete brasileiro, mas que precisou ralar para se consagrar. Sua trajetória foi daquelas meteóricas. Aos 13 anos, a garota desistiu de praticar vôlei e foi para o basquete. Já com 16, recebeu a primeira convocação para a Seleção Brasileira. "Me encantei pela modalidade depois de assistir ao Campeonato Mundial de 1983, com uma equipe que tinha Hortência, Paula e Vânia, e então procurei o Corinthians para jogar basquete lá, mas só havia vôlei. Disputei um campeonato e assim que terminou, falei que não era o que eu queria", contou Janeth, que então foi levada por sua professora de educação física para Catanduva, onde começou a fazer o que realmente gostava. Assim como o sucesso, as dificuldades na vida da atleta também apareceram rapidamente. Segundo ela, uma das maiores era praticar um esporte em que todos achavam que era apenas para homens. Além disso, a distância do alojamento no clube em que morava até o ginásio onde treinava também se mostrava desgastante. "Dava 3,5 km de distância para ir e mais o mesmo para voltar. Eu ia de manhã, voltava para casa para almoçar, de tarde ia de novo pro treino, e de noite ainda tinha a escola, que pelo menos era mais pertinho. Então por não ter condições financeiras tinha que fazer do modo que dava". Em pouco tempo, as atletas que até outrora eram espelhos se tornaram companheiras de Seleção. Juntas, Janeth, Hortência e Paula fizeram história ao conquistarem a medalha de prata nas Olimpíadas de Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996. Na ocasião, o Brasil chegou à decisão contra as donas da casa, mas acabou derrotado por 111 a 87. "A gente estava muito bem, foram Jogos Olímpicos em que eu tive boa participação e fiquei tão emocionada na hora, que não sabia se meu choro era de alegria ou de tristeza. Tristeza por ter perdido a medalha de ouro e alegria por subir num pódio olímpico, ficou muito confuso para mim essa sensação". No ciclo olímpico seguinte, em Sydney (Austrália), já sem referências como Hortência e Paula, a Seleção conseguiu o bronze. “A responsabilidade em cima de mim era maior, eu consegui unir toda a equipe, dividir esse peso e ficamos com o terceiro lugar. Percebia que cada vez mais eu estava me engrandecendo e me tornando ídolo para a nova geração". Estados Unidos Depois de se destacar em equipes brasileiras, Janeth foi contratada para defender o Houston Comets, na WNBA - versão feminina da principal liga norte-americana de basquete. Pelo time, conseguiu quatro títulos nacionais em oito anos. “Foi o complemento do quanto eu cresci como pessoa e atleta. Não sabia falar o inglês e tive que aprender, joguei um basquete na altura do nível americano, atuei em várias posições”. Já em 2015, Janeth entrou para o Hall da Fama do basquete feminino, sendo a terceira brasileira a conseguir o feito. “Nada melhor para engrandecer do que estar junto das melhores da história. Foi algo maravilhoso e que me recordo com muito carinho".

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