SAUDADE

Um time na cabeça de Sérgio Guedes

Há dez anos, técnico conduziu a Ponte Preta à final do Paulista e resgatou o orgulho do torcedor

Alison Negrinho
24/07/2018 às 10:44.
Atualizado em 22/04/2022 às 01:56
Sérgio Guedes tem história no Moisés Lucarelli, onde se destacou como goleiro e treinador: "A Ponte foi a razão de eu me tornar profissional" (Cedoc/RAC)

Sérgio Guedes tem história no Moisés Lucarelli, onde se destacou como goleiro e treinador: "A Ponte foi a razão de eu me tornar profissional" (Cedoc/RAC)

O ano de 2008 está marcado na memória do torcedor pontepretano. Com uma grande trajetória, a equipe se sagrou vice-campeã paulista, ao ser derrotada na final pelo Palmeiras. O segundo lugar, entretanto, é visto com orgulho por quem escreveu a história na época. Para o então técnico Sérgio Guedes, fazer uma campanha como aquela serviu como forma de resgatar o carinho dos alvinegros. "A Ponte é um time de comoção. Naquela campanha, fomos intensos e verdadeiros. Os torcedores que não iam ao estádio voltaram, foi uma coisa muito forte. Só tenho boas lembranças, conseguimos resgatar o que o clube tinha de melhor", disse o comandante, que atualmente dirige a Portuguesa Santista. Depois de encerrar a primeira fase do Paulistão em quarto lugar, com 35 pontos, a Macaca se classificou para enfrentar o Guaratinguetá, que, por sua vez, terminara na liderança, com cinco pontos a mais. Por ter avançado na pior colocação entre os classificados, os campineiros eram considerados azarões no embate, mas o que se viu em campo foram partidas históricas. O primeiro confronto foi realizado no Majestoso, com a presença de 11.739 pagantes. Aos seis minutos, uma pane apagou parte da luz do estádio e o jogo ficou interrompido por 17 minutos. Na volta, os donos da casa se mostraram bastante elétricos em busca do resultado positivo. A recompensa de todo o esforço veio na etapa final, quando o lateral-direito Eduardo Arroz pegou rebote de canhota e acertou o canto para abrir o placar. Com a vantagem de poder até mesmo empatar para chegar à final, a Ponte foi ao estádio Dario Rodrigues Leite e venceu o jogo da volta por 2 a 1, com gols Luís Ricardo e Wanderley. O destaque maior, porém, foi o goleiro Aranha, que operou diversos milagres, incluindo uma defesa de pênalti. No primeiro jogo da final, quase 20 mil torcedores foram até o Moisés Lucarelli na expectativa de uma vitória contra o Palmeiras, o que não aconteceu. Nervosa em campo, a Macaca foi derrotada por 1 a 0 — gol de Kléber. "A história poderia ser diferente se jogássemos como nas semifinais. No jogo de ida não pudemos contar com os dois meias (Renato Cajá e Elias) e isso pesou", relembra Guedes. A partida da volta acabou em uma goleada de 5 a 0 para o Alviverde, só que nem mesmo o placar adverso foi capaz de atrapalhar o sentimento de satisfação do treinador. "Muito orgulho, porque teve ajuda da diretoria, não teve ingerência, ninguém tentou atrapalhar. A gente conseguiu formar um time dentro daquilo que historicamente a Ponte oferecia. Me foi pedido para resgatar a história do clube e fizemos exatamente isso." O técnico colocou aquela equipe alvinegra como uma das melhores de sua história. "Foi um dos últimos grandes times da Ponte que vi jogar. Melhor equipe após 1977 jogando como mandante porque se impunha em casa. Era diferente, no olhar. Ali voltou a suas origens", disse Guedes, que não acredita que o histórico sem títulos tenha pesado naquela ocasião. "Entendo que a Ponte sempre se incomodou com isso. Eu falava para os atletas que se eles achassem que iriam perder, era melhor parar por ali. Não creio que atrapalhou essa questão."

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