Este é Hugo Hoyama, que com seus saques cheios de efeito, além dos potentes cortes, conseguiu mudar o patamar do tênis de mesa no Brasil
Um torcedor fanático do Palmeiras, mas que não optou por tentar carreira no esporte mais popular do Brasil. Ao invés da chuteira no pé, decidiu pela raquete na mão. A bola também diminuiu de tamanho e fez com que o sucesso se tornasse imenso, maior até do que sonhara enquanto criança. Este é Hugo Hoyama, que com seus saques cheios de efeito, além dos potentes cortes, conseguiu mudar o patamar do tênis de mesa no Brasil. Assim como muitos dos que se profissionalizam, ele se interessou pela modalidade no colégio. Na época com 7 anos, estudava em uma escola japonesa no período da manhã e por lá, a atividade era muito popular. "Quis aprender melhor as técnicas. Eu era um dos mais novos, o saco de pancadas", conta. Só que o menino que tanto perdia para os mais velhos levava jeito para a coisa. Seu desejo de melhorar o levou até o Palestra de São Bernardo, através de um amigo. Foi no tradicional clube onde evoluiu a ponto de se tornar uma das apostas brasileiras para o futuro. Com o sonho de chegar na Seleção, partiu para o outro lado do mundo visando se aprimorar. "Chorei muito quando fui para o Japão com 15 anos. Fiquei lá 10 meses treinando, mas aprendi muito, tanto no esporte quanto na vivência, de ter que acordar sozinho, fazer comida, lavar roupa... Eu vejo que se não fosse essa batalha talvez eu não tivesse conquistado tudo o que consegui." As lágrimas de tristeza pela solidão se transformaram em lágrimas de felicidade. São cerca de 600 medalhas e mais de 200 troféus conquistados em uma carreira solidificada. É claro que algumas das lembranças são mais especiais que as outras. "Ganhar o ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro foi maravilhoso, teve um sabor diferente. Meu pai ali torcendo, quando acabou o jogo fui dar um abraço nele... A torcida em geral me ajudou muito, principalmente nos momentos difíceis, porque quando está ganhando, tudo parece mil maravilhas, só que quando está perdendo, com dificuldades, e você ouve a torcida gritando seu nome, é surreal." Assim como o título no Rio, Hugo Hoyama ainda tem vivo na memória o primeiro lugar do Pan de Havana em 1991. Tentando se tornar o número um do Brasil na modalidade, ele encarou o lendário Cláudio Kano e conseguiu uma vitória épica. "Foi a minha primeira grande conquista. Eu sabia que ele era o grande nome do esporte, aprendi muito com ele, só que eu tinha o objetivo de ser o melhor do País", disse. O atleta também participou de seis edições dos Jogos Olímpicos (Barcelona-1992, Atlanta-1996, Sidney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012), mas não conseguiu subir ao pódio. O fato não o incomoda. “Não sinto que ficou faltando, porque eu sabia da dificuldade que era. Tive uma grande chance em 1996, onde eliminei favoritos e cheguei nas oitavas de final. Ali eu estava vencendo por 2 a 0 e sofri a virada", explicou Hugo, que não se considera o maior nome da história do tênis de mesa brasileiro. "Ajudei muito com minhas vitórias, só que tivemos outros grandes jogadores. Fico feliz de no meu tempo ter sido um atleta exemplar.” Campeão comanda a seleção brasileira feminina Assim que encerrou sua participação nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, Hugo Hoyama recebeu um convite para se tornar treinador da Seleção Brasileira Feminina de tênis de mesa. Até aquele momento, não passava em sua cabeça tal possibilidade. Ele, entretanto, sabia que seria muito complicado aguentar mais um ciclo olímpico atuando em alto rendimento. Foi quando resolveu aceitar. "Eu já estava com 43 anos, sabia que podia lutar, mas era um outro caminho para continuar ajudando o esporte brasileiro, principalmente na modalidade que sempre me identifiquei. Vi uma oportunidade de ajudar as meninas a alcançarem o sucesso", destacou. O início da nova carreira não foi fácil. Em muitos momentos, como logo no primeiro torneio, a vontade de pegar a raquete era imensa. Aos poucos, porém, Hugo entendeu que seria capaz de contribuir bastante com sua experiência como jogador. “Dou um suporte importante na questão de motivação e confiança, para que elas possam lutar e atingir os objetivos traçados", disse. Entre os feitos já obtidos estão títulos na América Latina, o Campeonato Mundial de Equipes da 2ª divisão, realizado no Japão em 2014, e a ida até a decisão do Pan de Toronto (Canadá) em 2015, nas categorias por equipes e individual. "Tivemos grandes resultados, muitos inéditos, e eu fico bastante feliz de ter ajudado nisso. Quero batalhar para que possamos chegar nas Olimpíadas de Tóquio em 2020 com grandes resultados, lá é minha segunda casa.” Antes da competição no Japão, todavia, ele espera sair vencedor dos Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru), no ano que vem. “Em Toronto conseguimos duas pratas inéditas. Em Lima vamos brigar pelo ouro”, planeja o comandante da seleção. DICAS A pedido do Correio, Hugo Hoyama deu dicas para os jovens que têm o sonho de jogar tênis de mesa profissionalmente. É importante o jovem traçar objetivos em sua cabeça. Você precisa gostar de treinar e se dedicar muito. É preciso respeitar seu técnico. Ele te ajudará a alcançar suas metas. Os pais são fundamentais. Eles devem apoiar e torcer. Também é necessário que os pais respeitem as decisões dos técnicos e não interfiram.