na água

Thiago, o senhor Pan-Americano

'Vai, Thiago'. A frase acompanhou o ex-nadador Thiago Pereira durante toda a sua carreira. Desde o início, quando dava suas primeiras braçadas na natação

Alison Negrinho
17/07/2018 às 09:52.
Atualizado em 28/04/2022 às 09:17
Thiago Pereira exibe algumas das medalhas que já conquistou na carreira: relação com a água começou com apenas 2 anos de idade (Satiro Sodré/Divulgação)

Thiago Pereira exibe algumas das medalhas que já conquistou na carreira: relação com a água começou com apenas 2 anos de idade (Satiro Sodré/Divulgação)

"Vai, Thiago". A frase acompanhou o ex-nadador Thiago Pereira durante toda a sua carreira. Desde o início, quando dava suas primeiras braçadas na natação, até as lendárias conquistas nos Jogos Pan-Americanos e nas Olimpíadas, ele sempre contou com o apoio incondicional de sua mãe, Rose Vilela, para ir o mais longe possível. E como foi. O menino de Volta Redonda-RJ viajou o mundo, estabeleceu recordes e cravou seu nome na história da modalidade. A relação de Thiago com a natação começou cedo, aos 2 anos, quando aprendeu a nadar apenas por diversão. A mãe, grande incentivadora, até colocou o garoto em outras modalidades, como futsal e basquete. Mas ainda durante a adolescência, a natação despontou como sua predileta. "Consegui resultados em competições pequenas e isso me motivou a chegar até aqui. É uma modalidade que sempre fará parte da minha vida, como profissão ou lazer." Conforme os resultados apareciam, conseguir conciliar a vida de um jovem "normal" com a de um atleta se tornava cada vez mais complicado. Aos 15 anos, saiu de casa para morar sozinho. Pouco mais tarde, aos 17, partiu para os Estados Unidos. Todo o sacrifício realizado, entretanto, foi recompensado. Thiago hoje é capaz de olhar para o passado e vibrar com seus feitos. "Me sinto realizado. Às vezes, com 15 ou 16 anos, a gente não sabe onde vai chegar. Mas olho para trás e bate aquela sensação de que realmente valeu a pena", contou. E não é para menos todo o orgulho sentido. Thiago é o maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos. Foram 23 vezes em que subiu ao pódio, sendo 15 ouros, quatro pratas e outros quatro bronzes. Os feitos fizeram com que superasse Gustavo Borges, um de seus espelhos, e que tem 19 conquistas. Por mais que tenha se acostumado a frequentar o pódio, ele garante: cada medalha é única. "Conquistar medalhas não é fácil. Foi uma coisa que levou anos, não veio de uma hora para outra. Fico muito feliz por ter superado o Gustavo, um ídolo para mim, nadei com ele no meu primeiro Pan, em 2003. Acho que essa marca não é importante só para mim, busquei tudo isso pelo Brasil, acho importante esses resultados para a seleção como um todo", destacou o ex-nadador, que acredita que seus triunfos deixaram um importante legado para os mais jovens. "Espero ter motivado essa nova geração, que futuramente estará no meu lugar, se Deus quiser quebrando ainda mais recordes. Acredito que todas as 23 medalhas tiveram importância. As primeiras em Santo Domingo, ainda adolescente, as do Rio de Janeiro, incluindo a do revezamento 4x200, Guadalajara e Toronto...Todas estão guardadas na memória." Depois de nadar dos 11 aos 31 anos, Thiago considerou que era hora de encerrar sua carreira, ainda que acreditasse que poderia chegar até 2020 em alto nível. Ele então passou a praticar triathlon, por se tratar de um novo desafio. Hoje, aos 32 anos, o atleta também toca outros projetos, como o Troféu Thiago Pereira, que já tem sete edições, e o Thiago Pereira Swim Camp, que é um lugar em que os atletas podem ir para performance. “Fazemos filmagem sub-aquática, eu mostro um pouco da minha carreira, faço palestras, mostro minhas medalhas. É uma interação bem bacana”, explicou. A prata na Olimpíada de Londres foi um momento inesquecível Depois de tanto brilhar nos Jogos Pan-Americanos, Thiago Pereira sofria com uma pressão interna e também da população brasileira para conseguir repetir o bom desempenho nos Jogos Olímpicos. Em 2004, já consagrado, participou da prova dos 200 metros medley e terminou em 5º lugar nas Olimpíadas realizadas em Atenas, na Grécia. Quatro anos mais tarde, em Pequim, na China, novamente na mesma categoria, ficou em 4º. Vieram então os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, quando escreveu um dos capítulos mais bonitos de sua história. Nadando nos 400 metros medley e competindo com astros do esporte, o brasileiro terminou no segundo lugar e pôde, enfim, vibrar com a medalha olímpica. “Consegui realizar meu sonho e consegui a prata tendo no páreo meus principais adversários, como Ryan Lochte e Michael Phelps. Fiquei umas duas toneladas mais leve. Mais leve dentro de mim, sem ter mais aquela cobrança para conquistar aquele sonho de criança. Lembro até hoje da hora em que bati naquela borda, não olhei o tempo, fui direto na parte do lado, onde mostra a colocação. Foi um momento único, que ficará para sempre. Entrei naquele pódio olhando para todos os detalhes, tentando absorver ao máximo aquele momento. Porque aquela premiação tem a sensação de ser curta demais. Depois a volta olímpica pela piscina, eu ia olhando em volta, tentando gravar ao máximo aqueles cenas. É uma coisa que ninguém tira de você.” Superar Phelps, que acabou em 4º, foi um momento incrível para Thiago. “Tenho a honra de ter competido com o norte-americano durante esses anos. Claro que ter conquistado uma medalha vencendo o maior nadador olímpico numa prova é inesquecível, me sinto honrado”, completou. DICAS A pedido do Correio, Thiago Pereira deu dicas para as crianças que desejam levar o esporte mais a sério. Para chegar ao alto nível, o apoio familiar é importantíssimo. Quando somos novos não temos autonomia para decidir o que podemos ou não fazer, então muitas vezes as escolhas são guiadas pelos pais. Ter o pai na arquibancada torcendo (e gritando) por nós faz toda a diferença.

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