SAÚDE

Secretário deixa Dérbi sem torcida

Apesar da liberação da FPF, Carmino de Souza diz que decisão é necessária para mitigar a epidemia

Carlos Rodrigues
14/03/2020 às 12:04.
Atualizado em 29/03/2022 às 17:51

O Dérbi 196, marcado para segunda-feira, às 20h, no Brinco de Ouro, será com portões fechados. A determinação partiu da Secretaria de Saúde de Campinas ontem após uma reunião com os presidentes de Guarani e Ponte Preta. A preocupação com a pandemia do novo coronavírus — ontem foi registrado o primeiro caso na cidade — e a esperada aglomeração de pessoas no estádio — mais de 10 mil pessoas já compraram ingressos — fizeram com que as autoridades municipais decidissem proibir a presença dos torcedores bugrinos na partida. A diretoria do Bugre não aprovou a medida e quer reverter a decisão. O caso foi repleto de reviravoltas ontem. Pela manhã, havia a especulação de uma determinação por portões fechados em todos os jogos da rodada do Campeonato Paulista. Durante a tarde, porém, a Federação Paulista emitiu um comunicado, baseado numa recomendação da CBF, de que apenas as partidas na Capital seriam sem a presença do público. No entanto, o Ministério Público recomendou o fechamento dos portões em Campinas e a secretaria confirmou isso em reunião. "Não queria que essa decisão ficasse marcada como ligada ao Dérbi. Quero deixar claro que a situação da epidemia se agravou. O município tem um caso confirmado e 130 pessoas estão em recolhimento domiciliar compulsório. Estamos muito atentos em tomar todas as decisões que sejam necessárias e a única ação que o Poder Público pode fazer neste momento para mitigar a evolução da epidemia é não deixar ou diminuir as aglomerações humanas", afirmou o secretário de saúde, Carmino de Souza. "É uma determinação, não uma recomendação porque ultrapassamos o limite de recomendar. Estou publicando uma portaria da secretaria e ela vai balizar as outras questões a qualquer desdobramento de caráter administrativo ou jurídico". Em entrevista após a reunião, o presidente do Guarani, Ricardo Moisés, manifestou descontentamento e disse que o clube buscará meios jurídicos para garantir a presença de seu torcedor. "O Guarani foi convocado para essa reunião, tentou argumentar, mas a decisão da Prefeitura já estava pronta. O Guarani entende que a decisão é precipitada e que poderia se aguardar até segunda-feira para saber se haverá evolução do coronavírus ou não. A gente se preocupa porque houve essa determinação, mas rodoviária, aeroporto e shoppings continuam em pleno funcionamento. Então fica em dúvida com relação a essa determinação", opinou. "Estamos embasados numa recomendação da Federação Paulista de que os jogos no Interior poderiam ocorrer com torcida. E uma decisão do Ministério da Saúde de que só em São Paulo e no Rio de Janeiro os jogos devem ser sem torcida. Se vier uma determinação judicial, o Guarani vai cumprir, senão vamos buscar que o jogo seja com portões abertos. Vamos consultar o corpo jurídico e tomar essa decisão", completou o mandatário bugrino. Por outro lado, o presidente da Ponte Preta, Sebastião Arcanjo, se mostrou favorável à posição do Poder Público. "A Ponte está preparada para jogar em qualquer circunstância, seja portão aberto ou portão fechado, mas as informações que nos foram passadas durante a reunião é de um estado de extrema gravidade. A vida das pessoas está em jogo e precisamos ter responsabilidade nessa questão", disse.

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