POLÊMICA

Relatório põe finanças do Guarani sob suspeita

Após criticar administração do Bugre, vereador revela que documento de 400 páginas será apresentado

Silvio Begatti
30/05/2025 às 10:57.
Atualizado em 30/05/2025 às 11:18
O vereador Marcelo Silva (PP): “apresentaremos fatos e documentos. Cabe ao MP decidir se instaura ou não um inquérito” (Câmara dos Vereadores)

O vereador Marcelo Silva (PP): “apresentaremos fatos e documentos. Cabe ao MP decidir se instaura ou não um inquérito” (Câmara dos Vereadores)

Um relatório que aponta uma série de eventuais irregularidades nas finanças do Guarani nos últimos cinco anos está em processo de finalização. O documento, produzido por um grupo de torcedores, teve um breve resumo exposto durante sessão da Câmara Municipal de quarta-feira pelo vereador Marcelo Silva (PP), que integra o coletivo. Em pronunciamento na tribuna, ele citou “sinais que apontam para uma administração criminosa”. Segundo o parlamentar, o relatório, de 400 páginas, será apresentado ao Ministério Público (MP) em um prazo de aproximadamente duas semanas.

“Apresentaremos fatos e documentos. Cabe ao MP decidir se instaura ou não um inquérito”, disse Silva em entrevista ao Correio. Na Câmara, o vereador declarou esperar que uma profunda e séria investigação aconteça dentro do Brinco de Ouro para a preservação do patrimônio do clube. “O Guarani não pode ser fonte de lucro pessoal de ninguém”, afirmou. A polêmica vem à tona no momento em que, dentro de campo, o time luta para sair da zona de rebaixamento da Série C. No ano passado, o Guarani foi rebaixado como lanterna da segunda divisão nacional.

O relatório é fruto da indignação de um grupo de torcedores preocupados com os destinos do clube, segundo Silva. “São pessoas sérias que começaram a se encontrar esporadicamente para discutir o futuro do Guarani”, explicou. As reuniões, segundo o parlamentar, tiveram início em 2024. Na época, foi aprovado o maior orçamento da história bugrina – R$ 50.040.000,00 – e, mesmo assim, o time foi rebaixado para a Série C.

Curiosamente, todas as informações inseridas no relatório foram obtidas no portal de transparência do próprio clube. O documento destaca o balanço financeiro de 2024, aprovado com ressalvas pelo Conselho Fiscal em abril de 2025. “Há 11 apontamentos de eventuais irregularidades nessas contas”, revelou Silva. CNPJs de credores expostos no portal foram posteriormente removidos, segundo ele.

“Esse documento é fruto de um trabalho de meses e envolveu a participação de torcedores especialistas no assunto”, afirmou. O envio do material ao MP ainda depende de ajustes. “Tudo está sendo feito com cautela e responsabilidade. O relatório vai passar por uma perícia técnica contábil antes de ser protocolado. No momento oportuno, também será apresentado de forma pública.” 

NA CÂMARA

Durante seu pronunciamento na Câmara, Silva afirmou que a situação do Guarani é “escandalosa”. “Os prejuízos entre 2020 e 2024 superam o rombo de R$ 50 milhões. E esses números ainda podem estar maquiados, pois há valores repassados e omissos escondidos da torcida e dos conselheiros.” Um dos repasses questionados pelo parlamentar se refere ao envio de R$ 1 milhão a uma empresa mexicana. “Segundo a Receita Federal, trata-se de uma empresa sem autorização para operar no Brasil.

Ele também acusou os órgãos fiscalizadores do clube de omissão. “O Conselho Fiscal, que deveria ser o guardião da lisura, parece mais um escudo da administração”, frisou.

RESPOSTA

Em nota, o Guarani rebateu as declarações do parlamentar, classificando-as como “de cunho político, infundadas, caluniosas, irresponsáveis e desprovidas de conhecimento”. Em nome dos Conselhos de Administração, Fiscal e Deliberativo, o clube informou que “tomará todas as medidas legais cabíveis”. A nota ainda reconhece que o momento é desafiador no cenário esportivo. “Reconhecemos erros, os quais estão sendo objeto de reavaliação e ajustes com total empenho e responsabilidade. Entretanto, é preciso deixar claro: a má fase esportiva não pode, jamais, servir de justificativa para discursos oportunistas e falaciosos. O compromisso da atual gestão é com a transparência, a correção de rumos e a reconstrução da confiança da comunidade bugrina.”

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