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Popó carrega o boxe no sangue

Entre os maiores nomes da história do boxe, Popó é motivo de inspiração para muitos jovens. Seu temido poder de nocaute era capaz de deixar em alerta qualquer oponente

Alison Negrinho
alison.negrinho@rac.com.br
16/10/2018 às 09:34.
Atualizado em 06/04/2022 às 08:32

Um talento notório, indiscutível e capaz de levar uma criança da periferia baiana ao topo do mundo. Em um casebre de 6,75m², com panos como divisórias, o pequeno Acelino recebe de sua mãe, Zuleica Freitas, um apelido que acabaria conhecido em todos os cantos do planeta: Popó. Quatro letras e duas sílabas representando inicialmente o barulho que ele fazia ao mamar, mas que se tornaram sinônimo de campeão. Entre os maiores nomes da história do boxe, Popó é motivo de inspiração para muitos jovens. Seu temido poder de nocaute era capaz de deixar em alerta qualquer oponente, em suas quase três décadas de carreira. Uma habilidade incontestável e que ele sempre teve certeza que lhe renderia muitos frutos. "Quando eu tinha 13 anos escrevi no meu caderno que seria campeão do mundo. Já treinava a assinatura do autógrafo para que, quando acontecesse, eu soubesse o que fazer", revelou. Toda a confiança é explicada: Acelino Freitas tem sangue de pugilista. Ele é filho de Nijalma Freitas, que também era boxeador. Além disso, três dos seus irmãos seguiram o mesmo caminho. Por conta de toda a influência familiar, Popó, que foi alfabetizado por uma vizinha de bairro, nunca pensou em seguir outro caminho. "Jamais passou pela minha cabeça fazer uma coisa diferente. Porque ser lutador de boxe sempre foi meu sonho e até por isso eu não encontrei dificuldades para realizar. É claro que tem a questão do gene que ajudou, mas eu queria muito, então nada era difícil. Quando você realmente quer alguma coisa, não há o que possa atrapalhar", disse. E se aos 13 anos o garoto treinava autógrafos, no ano seguinte fez sua primeira luta, ainda no boxe amador. Logo o talento rendeu os títulos de campeão baiano, campeão Norte-Nordeste e campeão Brasileiro. As conquistas chamaram a atenção da vizinhança que se perguntava: "quem é esse menino bom de porrada?". Em 1995, foi convocado para a Seleção Brasileira que disputaria os Jogos Pan-Americanos em Mar Del Plata, na Argentina. Lá, apesar das condições precárias (teve que dormir debaixo da arquibancada), o brasileiro fez bonito e ficou com a medalha de prata, ao perder a final para o cubano Julio Gonzales, em decisão contestada pelo público, que inclusive atirou bolas de papel e latas de alumínio no ringue. "Para falar a verdade, quando ganhei a prata, minha vida não mudou muito, porque o boxe nunca teve tradição no nosso País. A única coisa que mudou é que eu ganhei 100 dólares de prêmio e comprei um videocassete, que era meu sonho." Profissionalmente, a grande mudança na vida de Popó aconteceu ao vencer quatro vezes o Mundial. Em 1999, nocauteou o russo Anatoli Alexandrov com 95 segundos de luta e ficou com o cinturão dos superpenas. Três anos mais tarde, bateu o cubano Joel Casamayor na mesma categoria. Já em 2004, levou a melhor sobre o armênio Artur Grigorian no peso leve, assim como em 2006, quando venceu o norte-americano Zahir Raheem, por decisão dividida. "Esses títulos sim mudaram minha vida. O primeiro deles mudou não só a minha, como de todos na minha família, porque eu tive condições de oferecer algo melhor para eles e isso não tem preço. É difícil falar o que passou na cabeça, uma mistura de sentimentos”, afirmou. Embate com o cubano Joel Casamayor ficou marcado Com 41 vitórias em 43 lutas, sendo 34 nocautes, Popó enfrentou os mais temidos adversários ao longo de sua consagrada trajetória. Entretanto, o campeão não tem dúvidas de que o combate mais complicado aconteceu em 2002, quando teve pela frente o cubano Joel Casamayor. Na ocasião, o pugilista brasileiro estava invicto com 30 triunfos, enquanto seu oponente chegou para o duelo também sem saber o que era perder nos 26 embates que realizara até ali. “Foi uma luta bastante traumatizante e dramática para mim”, explicou Popó. Após conquistar o cinturão da WBO e defendê-lo em seis oportunidades, o boxeador baiano aceitou a luta pela unificação contra o cubano, que ostentava o cinturão da WBA e também era campeão olímpico. Os adversários se enfrentaram no dia 12 de janeiro daquele ano e protagonizaram um confronto de encher os olhos dos que estavam presentes. Popó e Casamayor alternaram no domínio do combate, sendo que o brasileiro conseguiu um knockdown e o cubano acabou penalizado por um golpe ilegal quando o juiz os separava. Os dois pontos foram essenciais para determinar a vitória unânime brasileira, por 114 a 112. “Foi uma verdadeira batalha. Bastante cansativo, porque lutamos por 12 rounds e no fim eu levei 45 pontos no rosto”, contou. Já sobre a luta que ficou faltando em sua carreira, o pugilista revela que gostaria de ter enfrentado o norte-americano Floyd Mayweather Jr. “Não é por ele ser milionário, isso para mim não faz diferença nenhuma. Mas sim pelo fanfarrão que é. Eu tentei, fiz o desafio e ele também me desafiou, só que depois sempre correu, tremeu para mim”, concluiu. DICAS A pedido do Correio, Popó deu algumas dicas para os jovens que têm o sonho de seguir carreira no boxe. É preciso acreditar na sua força de vontade. Você é quem mais deve crer. Ter paciência é muito importante porque as coisas não vão acontecer do dia pra noite. Por fim, o que posso falar para os jovens é que corram atrás de seus sonhos.

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