Hoje adversários, Eberlin e Hélio dos Anjos conquistaram a Série A2 de 2023 (Marcos Ribolli)
Fonte constante de inspiração para filmes, séries e peças teatrais, o futebol pode render mais um enredo repleto de tensão, rivalidade e bastidores no duelo desta sextafeira (24), às 17h, entre Náutico e Ponte Preta, no estádio dos Aflitos, em Recife (PE), pela sétima rodada da Série C do Campeonato Brasileiro. Longe de uma narrativa de heróis e vilões, o confronto reabre um capítulo nada pacífico da história entre dois protagonistas: o técnico do Timbu, Hélio dos Anjos, e o presidente pontepretano, Marco Antonio Eberlin.
Tudo começou em clima de conto de fadas quando Hélio assumiu a Ponte na reta final da Série A1 do Paulistão de 2022, com a missão de evitar o rebaixamento — o que acabou não acontecendo. Mesmo assim, Eberlin contrariou o script comum do futebol brasileiro e manteve o treinador, além de atender pedidos de reforços, como o do meia Elvis, ex-Goiás, fundamental na boa campanha no segundo turno da Série B. A Macaca encerrou a competição com 49 pontos, longe do risco de queda.
Mas a grande missão de Hélio ainda estava por vir: o acesso na Série A2 do Campeonato Paulista. Ele comprou o projeto e levou a Ponte ao título sobre o Novorizontino, vencendo nos pênaltis por 3 a 2. No entanto, a relação entre treinador e presidente já apresentava rachaduras. Após a conquista, Hélio foi direto ao dizer que a convivência não era das melhores. “Tem muita coisa que não gosto nele, como deve ter que ele não gosta em mim”, disparou. Mesmo assim, é até hoje reverenciado pela torcida pontepretana.
A ruptura definitiva veio logo na estreia da Série B de 2023, com derrota por 3 a 0 para o Vitória, no Barradão. Hélio pediu demissão, e dias depois, Eberlin expôs publicamente os motivos: visões opostas sobre o elenco. “Hélio queria um time mais competitivo, mas preciso ser responsável com o torcedor e o Conselho Deliberativo. Não posso contratar atletas com salário de Série A se não posso pagar”, declarou o dirigente à Rádio Bandeirantes de Campinas.
Meses depois, em junho de 2023, Hélio moveu uma ação na Justiça alegando que não recebeu a rescisão integral, no valor de R$ 830 mil — que acabou sendo quitada posteriormente. O reencontro entre ambos ganhou novo capítulo em 20 de julho, quando o Paysandu, então comandado por Hélio, venceu a Ponte por 1 a 0 na Curuzu, em Belém (PA). O treinador foi demitido do Papão em setembro e, duas semanas depois, assumiu o CRB, onde cumpriu a missão de livrar o time do rebaixamento.
Ironia do destino: o sucesso de Hélio acabou selando a queda da Ponte. Em 17 de novembro de 2024, a Macaca ainda sonhava em evitar o rebaixamento à Série C. Para isso, dependia de uma improvável combinação de resultados — incluindo a vitória do CRB sobre o Santos, na Vila Belmiro. A zebra aconteceu: 2 a 0 para os alagoanos e o descenso pontepretano confirmado.
Agora, o cenário é outro. A Ponte Preta aposta no trabalho de Alberto Valentim, fez bom Paulistão e lidera a Série C. Hélio dos Anjos, por sua vez, tenta recolocar o Náutico entre os oito primeiros. O Timbu abre a rodada em décimo, com um ponto a menos que o Tombense, oitavo colocado.
Para o duelo, Valentim não poderá contar com o volante Dudu, suspenso. Rodrigo Souza e Léo Oliveira disputam a vaga. No lado do Náutico, a dúvida é o lateral Arnaldo, que deixou o campo no intervalo do confronto contra o São Paulo.
FICHA TÉCNICA
PONTE PRETA X NÁUTICO
Náutico: Muriel; Arnaldo, Carlinhos, Rayan e Igor Fernandes; Auremir, Marco Antônio e Patrick Allan; Marquinhos, Bruno Mezenga e Kelvin. Técnico: Hélio dos Anjos
Ponte Preta: Diogo Silva; Wanderson, Emerson Santos e Danilo Barcelos; Maguinho, Lucas Cândido, Léo Oliveira, Elvis e Artur (Sérgio Raphael); Jean Dias e Jeh. Técnico: Alberto Valentim
Juiz: Arthur Gomes Rabelo
Horário: 17 Horas
Local: Estádio dos Aflitos, em Recife (PE)
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