Conselho Deliberativo da Macaca inicia o debate para transformar o atual modelo de gestão
A Ponte Preta deu o pontapé inicial para se transformar em clube-empresa e deixar para trás o modelo atual de associação sem fins lucrativos. A primeira discussão oficial sobre o assunto aconteceu em reunião do Conselho Deliberativo realizada no dia 25 de janeiro, quando a maioria dos conselheiros do clube viu com bons olhos a possibilidade de transição. O debate acontece em paralelo com a tramitação no Congresso Nacional do Projeto de Lei 5.082/2016 — redigido pelo deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) e apoiado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia —, que visa amparar instituições esportivas altamente endividadas. Se for aprovada pelo Senado, a nova legislação vai gerar incentivos aos clubes que optarem por aderir à mudança, como novo refinanciamento de dívidas com o governo, facilitação de recuperação judicial e criação de um regime tributário (Simples-FUT) com imposto simplificado. Em entrevista exclusiva ao Correio Popular, o presidente do Conselho Deliberativo da Ponte Preta, Tagino Alves dos Santos, acredita que a migração para clube-empresa apresentaria vantagens financeiras importantes. "A transição vai gerar benefícios fiscais e gerar abertura para investidores", afirma. Correio: Como transmitir para o lado apaixonado da torcida da Ponte Preta que a mudança para clube-empresa será algo vantajoso para o clube? Tagino: O primeiro ponto é transmitir a segurança de que o time vai continuar na cidade e, diferentemente do que aconteceu com o Red Bull Bragantino, a identidade será mantida. As cores, o uniforme e o escudo não vão mudar, seja qual for o modelo de empresa que for escolhido. A partir da garantia do endereço e da marca, a transição vai trazer benefícios fiscais e gerar abertura para investidores. Como associação esportiva, o investidor vem de forma tímida, com investimento limitado. Já a partir da transformação, passa a haver segurança jurídica, já que as pessoas que vão fazer a gestão serão profissionais do ramo, remunerados e com responsabilidade, inclusive pelo próprio patrimônio. E qual seria o modelo ideal dentro desta transição? Eu tenho mais simpatia pela modalidade de sociedade anônima porque, ao contrário do modelo de sociedade limitada que times como Oeste e Ferroviária adotaram, você consegue abrir através de ações a possibilidade dos próprios torcedores passarem de associados a sócios, ou seja, terem uma fatia do capital. O modelo S/A me parece ser aquele que mais se adequa às questões emocionais da Ponte Preta, baseado em mais controle. Como ficaria a situação do estádio Moisés Lucarelli e das dívidas do clube diante da transformação? Com a mudança para sociedade anônima, todas as sedes do clube viriam junto, desde o estádio até a Unidade Jardim das Paineiras, imóvel que vale uma fortuna. A Ponte Preta não tem uma dívida tributária grande, a dívida do clube é com o Sérgio Carnielli e hoje já se estuda um modelo de quitação. Uma das alternativas para ajudar a zerar este passivo é a construção da nova arena, que já tem um projeto pronto, está próxima de ser pautada no Conselho Deliberativo e inclusive se beneficiaria da mudança para clube-empresa. Qual seria o papel do presidente de honra Sérgio Carnielli neste novo modelo? Seria interessante que ele viesse como credor com uma quantidade considerável de ações ou cotas. É claro que haverá pessoas que vão discordar, mas aí se trata de interesses políticos. Esta questão já foi abordada com ele? Sim, já conversei com o Carnielli, que se mostrou adepto ao prosseguimento das discussões. Tenho um respeito muito grande pelo Carnielli porque quando a Ponte Preta precisou de alguém para salvá-la, ele se prontificou a ajudar, então é uma pessoa que merece respeito, esclarecimentos e consultas. O Carnielli inclusive esteve na reunião do último dia 25, mas não pediu a palavra em nenhum momento. Quais são os próximos passos do Conselho Deliberativo na busca por levar adiante este assunto? O nosso desejo é que, assim que seja aprovada a lei, tenhamos este assunto bastante amadurecido. Acredito que até o meio do ano essa questão já esteja resolvida no Congresso. A próxima Reunião Ordinária do Conselho será em abril, mas antes disso já consigo realizar um debate maior e mais formal sobre o assunto. Depois, com base no estatuto do clube, será necessário aprovar uma proposta no Conselho Deliberativo e realizar uma Assembleia Geral, que terá perto de mil votos para aprovar ou não a mudança. Eu só voto em caso de empate.