GOLEADA, RECORDE E DESPEDIDA

Pelé, personagem do futebol campineiro

O Rei do Futebol fez parte da história de Guarani e Ponte Preta

Do Correio Popular
31/12/2022 às 08:15.
Atualizado em 31/12/2022 às 08:16
Com 1.281 gols, Pelé é o maior artilheiro da história do futebol (Cedoc/RAC)

Com 1.281 gols, Pelé é o maior artilheiro da história do futebol (Cedoc/RAC)

Por onde passou, Pelé deixou marcas. E no futebol campineiro não foi diferente. A relação do Rei com Guarani e Ponte Preta tem, pelo menos, quatro momentos marcantes.

O primeiro deles entrou para a história do Bugre, que em 1964 goleou o poderoso Santos por 5 a 1 no Brinco de Ouro com um time de garotos. Dez anos depois, contra o mesmo Guarani, Pelé fez seus últimos gols com a camisa do Peixe. Já os outros dois momentos estão ligados à Macaca: em 1970, no jogo marcado pela multidão que tomou conta do Moisés Lucarelli, e em 1974, na partida de despedida de Pelé do futebol brasileiro. 

NELSINHO, JOÃOZINHO, BABÁ E CARLINHOS

Era noite de 18 de novembro de 1964 quando Guarani e Santos entraram em campo no Brinco de Ouro. O Peixe havia desembarcado em Viracopos após uma excursão pelo Exterior. A solicitação dos visitantes para o adiamento do jogo foi negada pela Federação Paulista de Futebol e o cansado time comandado por Pelé não resistiu à jovem equipe adversária.

O Guarani tinha uma linha de ataque formada por Nelsinho, Joãozinho, Babá e Carlinhos, um quarteto proveniente da base. O lateral-esquerdo Diogo também era um dos destaques na equipe, que ainda contava com o veterano Américo Murolo no meio de campo.

Aconteceu de tudo na partida. Coutinho acabou expulso, Sidney defendeu um pênalti cobrado por Pelé e o bicampeão do mundo Gilmar dos Santos Neves também defendeu uma cobrança, mas foi vazado no rebote aproveitado por Américo Murolo. Cada um dos integrantes do jovem ataque bugrino balançou as redes e Ditinho (contra) marcou o gol santista, após desviar chute de Mengálvio. O jogo fez parte do processo de reação do Guarani, que passou boa parte daquele Campeonato Paulista ameaçado de rebaixamento. No final, terminou a competição em sexto lugar.

TUMULTO NO MAJESTOSO

No dia 16 de agosto de 1970, o Moisés Lucarelli ficou pequeno para tanta gente. Historiadores relatam que haviam torcedores nas coberturas do estádio e até no gramado para assistir ao duelo entre Ponte Preta e Santos, com a presença do Rei Pelé em campo.

O público não chegou a ser registrado, pois as catracas foram quebradas no tumulto durante a entrada dos torcedores e muita gente ficou para fora. A informação que ficou na história é de que aproximadamente 40 mil pessoas estiveram no estádio, superando o registro oficial de recorde de público do Majestoso (34.958 pagantes no duelo Ponte Preta 1 x 3 São Paulo de 1 de fevereiro de 1978).

A partida tinha vários ingredientes para chamar a atenção do público: a Ponte disputava a liderança do Campeonato Paulista, o clube havia completado 70 anos de fundação há cinco dias e o principal atrativo era a presença daquele que dois meses antes havia se sagrado tricampeão mundial no México com a Seleção Brasileira. O duelo histórico terminou 1 a 0 para o Santos. Após jogada individual de Pelé, Douglas marcou o gol.

Moisés Lucarelli ficou pequeno para tanta gente (Cedoc/ RAC)

Moisés Lucarelli ficou pequeno para tanta gente (Cedoc/ RAC)

APLAUSOS PARA O REI

A partida válida pela 12ª rodada do Campeonato Paulista era para ser apenas mais uma entre Santos e Ponte Preta, naquele 2 de outubro de 1974, na Vila Belmiro. No entanto, Pelé tratou de tornar o jogo histórico. Aos 21 minutos, ele pegou a bola no meio de campo e se ajoelhou com os braços abertos, antes de dar uma volta olímpica.

O Rei já havia aceitado uma proposta do Cosmos em um projeto para popularizar o futebol nos Estados Unidos e aquele duelo na Vila ficou marcado como sua despedida do futebol brasileiro. O jogo foi reiniciado sem o Rei em campo e terminou com o placar de 2 a 0 para o Peixe, gols de Cláudio Adão e Geraldo (contra).

OS GOLS DERRADEIROS

Se foi contra a Ponte Preta que Pelé se despediu do Santos, foi diante do Guarani que ele marcou seus últimos gols com a camisa do Peixe. No dia 22 de setembro de 1974, dez dias antes do duelo com a Macaca, ele entrou em campo no Brinco de Ouro e abriu o placar aos 10', em jogo válido pelo Campeonato Paulista. Aos 30 da etapa final, ele fez, de pênalti, o seu último gol com a camisa do Santos. O Guarani ainda marcaria com Flamarion e Amílton Rocha e o jogo terminou empatado por 2 a 2. 

FICHAS TÉCNICAS

GUARANI 5 X 1 SANTOS

GUARANI: Sidnei; Oswaldo Cunha, Ditinho e Diogo; Ilton e Eraldo; Joaozinho, Nelsinho,
Baba, Americo Murolo e Carlinhos.
Técnico: Armando Renganeschi.

SANTOS: Gilmar; Ismael, Modesto e
Geraldino; Zito e Lima; Peixinho, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
Técnico: Lula.

Gols: 1º tempo: Carlinhos aos 5 min,
Ditinho (contra) aos 6 min, Joaozinho aos 7 min e Baba aos 44 min. 2º tempo: Americo Murolo (rebote de penalti) aos 11 min e Nelsinho aos 40min.

Local: Brinco de Ouro.
Data: 18/11/1964 (quarta-feira)
Árbitro: Armando Nunes Castanheira da
Rosa Marques (SP)
Público: 25.258 pagantes

PONTE PRETA 0 x 1 SANTOS

PONTE PRETA: Wilson, Nelson, Samuel,
Araujo e Santos; Teodoro e Roberto Pinto; Alan (Nelson Oliveira), Dica, Manfrini e Adilson (Ezio).
Técnico: Cilinho.

SANTOS: Joel; Carlos Alberto, Ramos
Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo e Lima;
Manuel Maria, Douglas, Pelé e Edu (Abel).
Técnico: Antoninho.

Gol: Douglas 18' do 2<SC210,186> tempo.
Local: Estádio Moisés Lucarelli. Campinas.
Juiz: Jose Favilli Neto.
Data: 16/8/1970.

SANTOS 2 x 0 PONTE PRETA

SANTOS: Cejas; Wilson, Vicente, Bianchi e Ze Carlos; Léo e Brecha; Cláudio Adão, Da Silva, Pelé (Gilson) e Edu.
Técnico: Tim.

PONTE PRETA: Carlos; Geraldo, Oscar, Zé
Luiz e Walter; Serelepe e Serginho; Adilson, Waldomiro, Waltinho (Brasilia) e Tuta.
Técnico: Lilo.

Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Data: 2 de outubro de 1974
Árbitro: Emidio Marquez Mesquita
Público e renda: 20.258 pagantes/Cr$ 219.371
Gols: Claudio Adao (30/1ºT) e Geraldo
(11/2ºT)

GUARANI 2 x 2 SANTOS

GUARANI: Sérgio Gomes, Odair, Estevam, Amaral e Cláudio; Flamarion e Alexandre; Amílton Rocha, Afrânio, Jarbas (Washington) e Darcy (Gilberto). Técnico: José Duarte.

SANTOS: Cejas, Wilson Campos, Marinho, Oberdan e Zé Carlos; Léo e Brecha (Vicente); Cláudio Adão, Adílson, Pelé e Edu (Mazinho). 
Técnico: Elba de Pádua Lima (Tim).

Local: Brinco de Ouro 
Data: 22/9/1974 (Domingo)
Horário: 16h
Árbitro: Edson Walter Pantozzi (SP)
Gols: Pelé aos 10 do 1º tempo. Pelé (pênalti) aos 30, Flamarion (falta) aos 35 e Amílton Rocha aos 40 do 2º tempo

Presidente vai pedir para que a camisa 10 seja aposentada no Santos 

Um dos desejos da família de Pelé está mais perto de ser atendido. Momentos após o falecimento, na quinta-feira, os familiares pediram pela imortalização da camisa 10 do Santos, reconhecida mundialmente como o número do Rei do Futebol, para que nenhum jogador a use novamente.

Após tomar conhecimento deste pedido da família, Andrés Rueda, atual presidente do Santos, veio a público informar que o uso do número 10 na temporada 2023 está suspenso até que o conselho deliberativo do clube tome uma decisão sobre o processo para a imortalização da camisa.

"Particularmente, sempre fui favorável, acho uma excelente homenagem. Agora, com esse entendimento da família, vamos propor a aposentadoria ao Conselho. Isso tem trâmite burocrático", afirmou em entrevista à Rádio Bandnews FM.
Apesar da vontade do dirigente, o processo para imortalizar a camisa 10 do Santos pode levar algum tempo. Segundo o presidente, parte dos conselheiros entende que uma forma de homenagear o Rei seria seguir usando a numeração de maneira oficial nas partidas. No Brasil, Pelé só atuou pelo Santos, entre 1956 e 1974. Fora do país, ele jogou pelo Cosmos, dos Estados Unidos. (EC)

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