Durante barbárie, imagens mostram Gideão protegendo o menino Ryan sob ameaças de um policial
Pai chora no ombro do filho (Leandro Ferreira)
Por conta da pouca inteligência de um jogador, da imbecilidade de parte da torcida e da truculência de alguns policiais, o jogo que rebaixou a Ponte Preta para a Série B do Brasileiro se transformou em um espetáculo deprimente para quem gosta de futebol. Mas, para uma criança inocente, que foi ao Moisés Lucarelli com o único objetivo de se divertir, nada vai mudar. O pequeno Ryan Lucas, de apenas nove anos, é o garoto que aparece nas imagens da TV sendo protegido pelo pai sob empurrões e ameaças de um policial militar. O tema, que ganhou repercussão nacional, se transformou em um dos assuntos mais comentados nas redes sociais desde a tarde de domingo. Terça-feira, um pouco mais calmo, o pai do garoto, Gideão Messias da Silva, que é operador de logística e está desempregado, falou pela primeira vez sobre o assunto. "Até hoje estou assustado com tudo o que aconteceu. Meu filho entrou em estado de choque quando a confusão começou. Mesmo ficando abaixado, parado e abraçado com ele recebi agressões verbais, ameaças e empurrões", conta. Apesar de traumatizado, Gil, como é chamado pelos amigos, garante que não quer dar andamento ao assunto. "Graças a Deus, parece que meu filho não percebeu a gravidade de tudo o que aconteceu. Ele ainda não consegue entender os riscos que a gente correu", relata. O torcedor conta que a decisão de ficar no estádio foi para proteger o filho, a irmã e a sobrinha. "Só estava querendo proteger minha família, já que do lado de fora estava uma verdadeira guerra. Tinha medo de sair e acontecer algo pior", conta. Desde o fato, Gil conta que tem conversado bastante com Ryan, que é apaixonado pela Ponte e não pensa em deixar de ir ao Majestoso. "Perguntei se ele ainda quer ir ao estádio e ele me respondeu na hora que sim. Seu sonho é conversar com o Aranha e com o Lucca. Sempre fala que ama a Ponte e não vai abandonar nunca. Diz que a Ponte é a 'vida' dele" , completa. Versão da PM Em nota, o comando da Polícia Militar informou que o 1º BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) agiu rapidamente contendo baderneiros que tentaram agredir os jogadores da Ponte Preta e iniciaram arremessos de objetos contra os policiais. A respeito das imagens, informou que houve a necessidade de evacuação do estádio e que o portão lateral estava preparado para a saída de torcedores, pois o problema estava concentrado no portão de entrada. A nota é finalizada assim: "Todas as medidas visaram garantir a segurança dos torcedores, jogadores, profissionais de imprensa e demais profissionais que trabalharam no local".