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Olimpíada é adiada por um ano

O governo japonês e o Comitê Olímpico Internacional (COI) acertaram ontem que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio-2020 serão adiados em um ano

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
25/03/2020 às 12:15.
Atualizado em 29/03/2022 às 19:56

O governo japonês e o Comitê Olímpico Internacional (COI) acertaram ontem que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio-2020 serão adiados em um ano diante da pandemia do novo coronavírus. O primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, entrou em contato por telefone com o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, e fez o pedido para que a competição aconteça um ano após a data original, que era 24 de julho. No entanto, essa nova data ainda não está confirmada. Em entrevista aos jornalistas logo após o contato telefônico com Thomas Bach, Shinzo Abe disse que o COI não impôs restrições e aceitou o pedido. Nas redes sociais do primeiro-ministro, também há a confirmação de que os Jogos serão adiados para o verão de 2021. "O Japão, como país anfitrião, diante das circunstâncias atuais, propôs que estude se pode adiar por um ano para que os atletas possam ter as melhores condições. Bach me respondeu que está de acordo em 100%", afirmou Shinzo Abe. "Assim chegamos ao acordo de realizar os Jogos Olímpicos em Tóquio até o verão de 2021." Pouco depois, o COI publicou uma nota em seu site oficial explicando a tomada de decisão em conjunto com o primeiro-ministro do Japão. Segundo o texto, a decisão foi tomada após a pandemia pelo novo coronavírus ter acelerado em boa parte do mundo nos últimos dias. Com isso, a saúde dos atletas e de todos os envolvidos na Olimpíada poderia estar em risco com a realização dos Jogos ainda em 2020. Já Seiko Hashimoto, ministra japonesa para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, revelou que Shinzo Abe e Thomas Bach discutiram vários temas, entre eles que o nome do evento continuará sendo Tóquio-2020. "Queremos assegurar que os Jogos serão uma vitória contra o coronavírus", disse. Esta é a primeira vez na era moderna dos Jogos Olímpicos que uma edição será adiada. Durante a Primeira (entre 1914 e 1918) e a Segunda (entre 1939 e 1945) Guerras Mundiais, cinco edições não aconteceram, entre os Jogos de Verão e os de Inverno. A primeira vez aconteceu em 1916. A competição de verão seria disputada em Berlim, na Alemanha, mas foi adiada em razão da Primeira Guerra Mundial. Em 1940 também não houve Olimpíada. Coincidentemente, a edição seria realizada inicialmente no Japão, mas o país asiático estava em guerra com a China. O evento foi transferido para Helsinque, na Finlândia, e pouco tempo depois foi adiado em razão da II Guerra Mundial, que também fez com que a edição de 1944 não fosse disputada. Iria ocorrer em Londres, mas acabou acontecendo na capital inglesa somente quatro anos depois. COI apoia medida: ‘Diante de um desafio sem precedentes’ O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, defendeu a decisão da entidade de adiar para o meio do ano que vem os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, no Japão. Em teleconferência com jornalistas, o dirigente alemão afirmou que a saúde pública mundial se torna prioridade na luta contra o avanço da pandemia do novo coronavírus e que a doença se apresenta como um dos maiores desafios para o esporte olímpico. "Nunca vimos um vírus que se espalha tão rápido pelo mundo", disse Bach. A decisão foi anunciada ontem, apenas dois dias depois de o próprio COI ter pedido um prazo de um mês para avaliar se manteria ou não a realização da Olimpíada no Japão com início para 24 de julho. "Estamos diante de um desafio sem precedentes", completou o dirigente. Esta é a primeira vez em mais de 100 anos de Olimpíada que uma edição dos Jogos é adiada. Anteriormente, o evento havia sido cancelado em 1916, 1940 e 1944 em razão da Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Porém, Bach disse ser perigoso fazer comparações entre a ocasião atual e os problemas do passado e reiterou a necessidade de o mundo procurar ter tranquilidade neste momento. O dirigente alemão e o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe conversaram por telefone antes de tomar a decisão final. Os dois manifestaram a esperança de que a Olimpíada em 2021 tenha um motivo extra de comemoração. "Que os Jogos sirvam para comemorar que a humanidade tenha superado esta crise jamais vista na história", comentou Bach. Apesar da disputa estar prevista para 2021, o nome oficial vai permanecer: Tóquio-2020. O presidente do COI afirma que a entidade ainda vai pensar em novas datas para realizar o evento. Por enquanto, a única certeza é que será no verão de 2021. "Os Jogos Olímpicos são um dos eventos mais complicados para organizar neste planeta. Para deixar tudo pronto, não basta só uma chamada telefônica", comentou. Bach disse que o Comitê Organizador terá como uma das prioridades justamente definir quando será o início da competição. Revezamento da tocha iria começar amanhã no Japão A decisão tomada ontem pelo COI e pelo governo japonês provocou a imediata suspensão do revezamento da tocha olímpica, que tinha o início previsto para amanhã, de acordo com os organizadores do evento. Depois da chegada da chama olímpica ao Japão na última sexta-feira, vinda da Grécia, o revezamento começaria pela região da cidade de Fukushima, ao norte do país, que foi devastada em 2011 por um terremoto e um posterior tsunami que provocou um acidente nuclear. De acordo com a organização, a chama olímpica permanecerá a princípio na cidade de Fukushima, mas não se soube precisar por quanto tempo. Mas está definido que ela ficará no Japão, em um pacto feito pelo COI e o governo japonês, até a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em 2021. Prejuízo O adiamento trará um grande prejuízo ao Comitê Olímpico Internacional, como admitiu o presidente da entidade, Thomas Bach. Mas o dirigente alemão garantiu que prefere não fazer estimativas. "O importante é salvar vidas, portanto as considerações financeiras não são prioritárias", disse. Na conferência, o dirigente enviou mensagens de apoio aos atletas de países mais afetados pela pandemia e afirmou que torce pela recuperação da saúde mundial. Comitê Olímpico Brasileiro fica aliviado com mudança O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley, afirmou ter ficado "aliviado" com o adiamento de um ano dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio-2020 por causa da pandemia do novo coronavírus. "Tenho certeza de que este também é o sentimento de nossos atletas, com quem tínhamos a maior preocupação e cuidado", disse o dirigente ontem. "Desta forma, teremos a oportunidade de oferecer uma melhor preparação para os Jogos. A comunidade do Brasil está bastante satisfeita", disse. "Sempre tivemos confiança de que o presidente Thomas Bach seria capaz de liderar com serenidade e segurança o Movimento Olímpico nesse momento histórico", afirmou o dirigente, que já havia se manifestado favorável a uma mudança de data dos Jogos Olímpicos. De acordo com Paulo Wanderley, a concentração de todos os esforços deve estar no combate à pandemia do novo coronavírus. "Estaremos todos juntos contra este adversário perigoso. Usando da resiliência, coragem e trabalho em equipe, tantos valores que o esporte nos ensina seremos capazes de vencer juntos o coronavírus", finalizou. Desde o início da pandemia, o COB tem priorizado a saúde e o bem-estar dos atletas brasileiros e colaboradores. Há duas semanas, a entidade cancelou eventos públicos e preparatórios para os Jogos, colocou funcionários em sistema de home office e determinou o fechamento total do CT Time Brasil. "Vamos continuar o trabalho de preparação da delegação com base no que já havíamos feito para julho deste ano. Mas, é claro, trata-se de uma situação nova em que temos diversas questões que precisamos buscar respostas. Teremos que replanejar, fazer novos estudos, falar com nossos patrocinadores e fornecedores, conversar com as nossas bases no Japão, entre outros. Seguiremos trabalhando para oferecer uma estrutura de excelência ao Time Brasil", disse o diretor-geral do COB, o ex-judoca campeão olímpico Rogério Sampaio. Agora a nova incógnita no mundo esportivo é a data da Olimpíada. "Ainda precisamos aguardar a definição da nova data, pois o prazo até o verão de 2021 no hemisfério norte não significa necessariamente que será no mesmo período que seria em 2020, pode ser até antes. Com essa informação teremos mais segurança para readequar o planejamento e definir novos prazos de modo a garantir que nossos atletas tenham as melhores condições de preparação, qualificação e performance nos Jogos", afirmou o vice-presidente do COB e Chefe de Missão nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Marco Antônio La Porta.

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