Uma das peças-cheve do título, jogador do Vôlei Brasil Kirin revela que por pouco não foi cortado da Seleção Brasileira na véspera dos Jogos devido a uma contusão
Maurício Souza disse que a partida contra a França foi especial durante a caminhada até a medalha de ouro (Edu Fortes/AAN)
Do medo do corte à glória olímpica. A história da conquista da medalha de ouro de Maurício Souza com a seleção masculina de vôlei do Brasil nos Jogos do Rio de Janeiro é sinônimo de volta por cima. Após sofrer uma lesão na antevéspera do início do torneio, o central tinha certeza que seria cortado. Mas reagiu. Mantido no grupo, conseguiu uma recuperação impressionante e se transformou em peça-chave do time que conquistou o título no último domingo (21), com vitória sobre a Itália por 3 sets a 0. O jogador do Brasil Kirin, que, nesta terça-feira (23), esteve em Campinas para receber uma homenagem da Prefeitura, relatou o drama vivido. Bem no dia em que a seleção havia chegado ao Rio de Janeiro, uma lesão no músculo posterior da coxa esquerda quase interrompeu o sonho. “Foi um período difícil. Quando me lesionei, liguei para minha esposa com a certeza de que seria cortado. Precisava ficar uma semana parado sem tocar na bola, não dava para continuar”, relembra. A contusão atrapalhava, mas o destino deu uma forcinha para Maurício poder continuar. “A Confederação fez uma reunião, falou com outros atletas (Sidão e Isac), mas eles não estavam aptos a ir. Assim, decidiram ficar comigo. Fiquei uma semana em recuperação e, no jogo contra a Itália, na primeira fase, consegui estrear”, conta. Recuperado, ele não saiu mais do time. Titular do técnico Bernardinho, Maurício entrou num momento complicado da equipe, que corria risco de ser eliminada precocemente. Mas tal qual seu central, a seleção mostrou força para sair da dificuldade e alcançar o topo. Nesse caminho, um jogo foi especial. “A vitória sobre a França (no último jogo da primeira fase, que evitou a eliminação) deu muita confiança. Eu mesmo falava que se a gente ganhasse, ninguém mais nos seguraria. Foi o que aconteceu. Ali o time ganhou consistência, ficou cascudo e blindado contra qualquer adversidade”, destaca o jogador. Garantido na história do esporte olímpico brasileiro, Maurício reconheceu que a ficha ainda não caiu, mas ele já consegue dimensionar um pouco do feito que ele e seus companheiros alcançaram. “Essa medalha carrega um peso muito grande, por todo o envolvimento dos brasileiros. É algo muito bom, muito gratificante”. A partir de agora, o campeão quer descanso. Após o título, ganhou mais alguns dias de folga e deve se apresentar ao Brasil Kirin apenas no início de setembro. Neste período, estará em Iturama (MG), sua cidade natal. “Vou para a fazenda e quero ficar quietinho, relaxando e não quero saber de nada, nem de vôlei”, brinca o central, que, na volta, se junta ao elenco campineiro para a disputa do Campeonato Paulista. “Vamos para outra empreitada. Será uma temporada muito importante para o Brasil Kirin, mas com certeza estaremos preparados”, completa. CENTRO BOLDRINI Além da homenagem na Prefeitura de Campinas, Maurício também esteve nesta terça no Centro Infantil Boldrini. Lá, tirou fotos, interagiu e mostrou a medalha de ouro às crianças que lutam contra o câncer. “É uma alegria ver o sorriso no rosto deles ao pegarem a medalha. Eles também são campeões.” Foto: Edu Fortes/AAN Maurício Souza visitou o Centro Infantil Boldrini