CUIDADOS

Macaca prepara garotos para as armadilhas

Ato racista sofrido por Luighi reforça necessidade de buscar instrumentos para encarar este e outros desafios

Elias Aredes
09/03/2025 às 08:34.
Atualizado em 09/03/2025 às 10:00

Equipe Sub-20 teve acompanhamento psicológico na temporada passada (Pontepress)

As ofensas racistas sofridas pelo atacante Luighi em um jogo da Copa Libertadores Sub-20, em Assunção, contra o Cerro Porteno, acendeu o sinal de alerta sobre o trabalho que deve ser feito nas categorias de base para que os garotos estejam preparados para situações extremas. Os responsáveis pela base da Ponte Preta adotam medidas para que todos estejam preparados para tais eventos. De acordo com os responsáveis, os frutos já foram colhidos desde o ano passado.

O primeiro passo é acompanhar a vida escolar de cada jogador. Caso algum comportamento fora do padrão seja detectado, a assistente social é comunicada e o psicólogo designado pela Macaca, Fernando Toledo, passa a fazer um acompanhamento e auxilia na busca da solução.

Toledo explica que, no ano passado, 15 jogadores foram atendidos por essa metodologia e 14 tiveram êxito na construção de novos caminhos para encarar os desafios inerentes ao futebol, inclusive de insultos oriundos das arquibancadas durante os jogos. “Eles vem aqui e conversamos. Temos duas, três, quatro sessões ou aquilo que for necessário”, disse Toledo.

Os diagnósticos tratados vão desde problemas de relacionamentos até questões de autoestima e sequelas geradas pelo racismo, quando estes episódios aparecem. “O nosso índice de concretização foi de 99%. Eu utilizo todas as técnicas ou para tirar o garoto do buraco ou para evitar que ele caia nisso. E ele precisa entender que arquibancada é a vida (real)”, disse Toledo. “Infelizmente (insultos racistas contra jogador) sempre vai existir e eles precisam estar preparados”, completou.

O psicólogo pontepretano admite, no entanto, que a conjuntura atual, em que adolescentes negros são vitimas de racismo em pleno exercício da profissão, é algo cruel e precisa ser combatido de maneira veemente. “É neste cenário que entra a formação do clube, o trabalho da assistente social, da pedagoga e do Departamento de Terapia”, explicou Fernando Toledo, satisfeito pelo resultado de outras atividades feitas no ano passado, como palestras e conversas em grupos e que ajudaram na formação individual dos garotos.

O ocorrido com o jogador palmeirense, segundo Toledo, enfatiza a necessidade das categorias de base contarem com um acompanhamento sistemático do desenvolvimento emocional dos garotos que estão sob a guarda da instituição. “Muitas vezes, os empresários não deixam com que um profissional chegue até ao jogador. Muitas vezes, em vez de ajudar, o empresário atrapalha”, lamentou.

Para a nova temporada das categorias de base, que engloba as equipes do Sub15, Sub17 e Sub20, que totalizam 100 jogadores, a Macaca realizará uma série de palestras que vão envolver temas como racismo, depressão, sexualidade, comportamento, entre outros enfoques. 

“A própria Federação Paulista pede para que façamos essas programações”, disse Toledo, que deverá ganhar em breve a companhia de um psiquiatra para auxiliar no processo de amadurecimento dos jogadores da Ponte Preta. “Ele será especializado na área esportiva para melhorar a condição do atleta que estiver inserido do Sub-20 para baixo”, celebrou Toledo.

Profissional

Em relação a equipe profissional, a reapresentação será amanhã, no Centro de Treinamento do Jardim Eulina. Será dado início a intertemporada antes da largada na Série C, contra o Figueirense, entre os dias 12 e 14 de abril. Por enquanto, a única contratação confirmada antes da abertura da nova janela, amanhã, é do armador Diego Tavares, que estava no Paraná Clube. O atacante Gustavo Vintecindo, que atuou pelo Goiânia no campeonato regional deverá ser confirmado nos próximos dias.

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