SUPERAÇÃO

Jackson Follmann esbanja otimismo

Ex-goleiro da Chapecoense, que sobreviveu à tragédia aérea de novembro de 2016, reajustou prótese

Henrique Hein/AAN
08/03/2018 às 08:19.
Atualizado em 22/04/2022 às 16:45
Técnico do Instituto de Prótese e Órtese, de Campinas, examina o componente e a avaliação é das mais positivas; agora, haverá o acabamento estético (Leandro Ferreira)

Técnico do Instituto de Prótese e Órtese, de Campinas, examina o componente e a avaliação é das mais positivas; agora, haverá o acabamento estético (Leandro Ferreira)

O ex-goleiro da Chapecoense, Jackson Follmann, de 25 anos, esteve quarta-feira no Instituto de Prótese e Órtese (IPO), em Campinas, para verificar o alinhamento e o ajuste dinâmico da prótese implantada na sua perna direta. Em fase final de reabilitação, ele também aproveitou a visita para fazer o acabamento estético da cobertura do equipamento, que vai ficar por cima da joelheira. Em novembro de 2016, o ex-arqueiro ficou conhecido mundialmente por ser um dos poucos sobreviventes de uma das maiores tragédias futebolísticas da história, que matou 71 pessoas, após queda de avião, durante a viagem do time catarinense com destino a Medellín, na Colômbia. De acordo com o diretor e doutor do IPO, José André Carvalho, o acompanhamento do ex-jogador tem sido realizado desde o ano passado no município. A evolução do quadro tem superado as expectativas. “A reabilitação do Follmann tem sido fantástica e rápida. Como todo usuário de prótese, o coto vai sofrendo modificações e isso exige uma série de ajustes durante esse período. Eu sempre digo que a protetização e a reabilitação têm começo, meio e fim”, comentou. Segundo o especialista, todo paciente que perde um membro do corpo depende fundamentalmente de quatro etapas de reabilitação. “A primeira é criar o coto para o recebimento da prótese; a segunda é fazer a prova para um cartucho provisório (montagem e alinhamento). A terceira é a reabilitação do paciente e ajustes nesse encaixe provisório. Por fim, mas não menos importante, vem a confecção do cartucho definitivo com o coto já estabilizado. Esse processo todo depende muito de cada pessoa, mas geralmente leva em torno de 6 a 12 meses”, informou. Follmann admitiu que teve dúvidas com relação ao seu futuro quando recebeu a notícia de que teria que amputar a perna direita, mas que com o tempo aprendeu a conviver com a situação. “Eu me sinto muito bem. Tudo que eu fazia antes, estou fazendo hoje. A gente sabe que esse processo de reabilitação é lento, mas graças a Deus eu consegui me reabilitar e me adaptar bem com a minha prótese”, comentou. Questionado sobre o que mudou em sua vida após a perda de um membro do corpo, o ex-goleiro disse que não possui restrições. Segundo ele, usar prótese não é motivo de vergonha, como muitas pessoas imaginam. “As pessoas olham e falam que eu sou um coitado, porque perdi a perna, só que elas não sabem o que é ser um amputado. Nesse mundo dos deficientes físicos, você pode sim fazer inúmeras coisas. Tanto, que com a prótese eu dirijo, jogo meu futebol, corro, faço atividades físicas e vivo a minha vida feliz, com muito orgulho de ser um deficiente físico”, afirmou Follmann. Sem poder atuar profissionalmente dentro dos gramados, o ex-goleiro explicou que atualmente trabalha como embaixador da Associação Chapecoense de Futebol. “Hoje eu sou embaixador do clube e trabalho como relações públicas. Participo de vários eventos, viajo muito, represento o clube em todos os lugares. Eu vou começar um curso de gestão em março, pra poder me aprofundar e ter mais conhecimento pra colocar tudo que eu aprender em prática”, finalizou.

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