As conquistas de Maurício são diversas e colocaram o ex-jogador no mais alto patamar do esporte
As conquistas de Maurício são diversas e colocaram o ex-jogador no mais alto patamar do esporte (Reprodução)
Bicampeão olímpico, três vezes eleito o melhor levantador do mundo e atleta que em mais oportunidades vestiu a camisa da Seleção Brasileira de vôlei na história. As conquistas de Maurício são diversas e colocaram o ex-jogador no mais alto patamar do esporte. Passados 12 anos de sua aposentadoria, o campineiro faz um balanço da carreira, relembra as medalhas de ouro e revela sentir saudades da adrenalina que a quadra o proporcionava. A caminhada começou em 1982, com 14 anos. Na época, ele viu a seleção ser vice-campeã mundial, ao acabar derrotada pela União Soviética por 3 a 0. Apesar do revés, o jovem se encantou com a modalidade. “Pensei comigo ‘vou tentar esse esporte’”. Naquele tempo, o único local em que se praticava vôlei masculino em Campinas era no Clube Fonte São Paulo. Rapidamente se destacou e aos 17 anos estava de mudança para a capital. “Joguei na extinta Telesp e depois fui para o Banespa, onde ganhei meus primeiros títulos. É o clube que sou mais identificado. Sinto saudade apenas das grandes decisões, mas não da rotina de atleta”, contou Maurício, que pela equipe foi tetracampeão brasileiro, tetracampeão sulamericano e duas vezes vice-campeão mundial. Jogos Olímpicos A ascensão do jogador foi tão rápida que em 1988, seis anos após começar sua carreira, foi convocado para defender a seleção nos Jogos de Seul, que rendeu um quarto lugar. No ciclo olímpico seguinte, porém, veio a grande surpresa. Protagonista de uma equipe desacreditada, o levantador guiou os companheiros ao ouro em Barcelona. “Era um time jovem e a expectativa era de pegar experiência para trazer medalha em 1996, mas não foi o que aconteceu. Em 1992 surpreendemos o mundo e principalmente nós mesmos”. Na Espanha, o Brasil avançou em primeiro do Grupo B, e foi neste momento que os atletas perceberam que poderiam sonhar com algo a mais. Depois de passar pelo Japão nas quartas, a seleção enfrentou os Estados Unidos e venceu por 3 a 1. A semifinal foi definida pelo ex-levantador como o jogo mais difícil. “Eles eram bicampeões. Foi complicado”. Passada a pedreira, era hora de decidir o título contra a Holanda. Vitória por 3 a 0 para os brasileiros, que se sagraram campeões. “Antes de começar eu estava bem tranquilo, parecia que ia para uma final de Jogos Abertos, porque ali eu já tinha uma medalha no peito”. O ouro foi um marco para o vôlei do País e apesar de hoje a seleção ser tricampeã olímpica, para Maurício, nenhuma conquista terá o mesmo sabor daquela. “Nós trouxemos alegria para o povo. Quando voltamos para o Brasil nós éramos os Beatles, não dava para sair na rua”, disse. Depois de não subir ao pódio nos Jogos de Atlanta (1996) e Sidney (2000), o levantador conseguiu seu segundo ouro nos Jogos de Athenas, em 2004. Com 36 anos, ele já não era titular, e ao lado de Giovane, era o atleta mais experiente do grupo. Ao longo da trajetória, a seleção eliminou potências como Polônia nas quartas de final (3 a 0) e Estados Unidos na semifinal (3 a 0), antes de bater a Itália na final por 3 sets a 1. “Participei de todos os jogos, tive minha importância, mas eu era coadjuvante. Em Athenas o time estava redondo, tanto o titular quanto o reserva, ser bicampeão olímpico é incrível”. Vôlei Renata Quando se aposentou, Maurício colocou em sua mente que não iria se afastar do esporte. Depois de praticar vôlei desde os 14 anos, o ex-levantador precisava encontrar uma atividade que o mantivesse em contato com as quadras. É justamente o que ele faz no Vôlei Renata, em Campinas. Maurício é embaixador do clube de sua cidade natal e desempenha uma função mais administrativa, mas que é de fundamental importância para o bom resultado dentro das quadras. “Minha relação é com patrocinadores, comissão técnica e também jogadores. Faço o que precisa ser feito para deixar os meninos concentrados apenas em jogar vôlei”, explicou. Com muita experiência, o embaixador contou que tem um certo receio de aconselhar atletas, para não correr o risco de ultrapassar os limites e exercer algo que cabe ao treinador. “Tenho um pouco de dificuldade para dar dicas. Não aconteceu de jogadores me pedirem, mas tenho medo de interferir de alguma forma. Preciso saber administrar melhor isso, porque acredito que posso ajudar mais neste sentido”. Se por um lado o campineiro demonstrou ter saudades das quadras, por outro agora ele tem mais tempo para ficar próximo de quem ama. “Fiquei muito tempo ausente de casa e agora consigo ficar mais com minha família, está bem bacana”, afirmou o ex-jogador, que destacou não se arrepender das escolhas feitas. “Eu abri mão de muita coisa, mas sou diferente dos vários atletas que reclamam. Eu fazia isso tranquilo, porque estava feliz, fazendo o que eu queria. Eu adoro carnaval e sempre voltava para treinar. Eu estava no lugar em que gostaria de estar, nunca foi sofrido”, disse. DICAS - O jovem deve fazer o que ama, desta maneira o esporte será prazeroso. - É preciso se dedicar bastante, porque assim, o sucesso virá de alguma forma. - A criança precisa estar aberta a receber as instruções do treinador para melhorar. - Os pais não podem pressionar os filhos de maneira alguma, é necessário estar com eles sempre e apoiar.