CONSCIENTIZAÇÃO

Guarani e Ponte Preta se unem no combate à violência contra a mulher

Termo foi apoiado por órgãos como o Tribunal Regional do Trabalho, Ministério Público e Ministério Público do Trabalho

Elias Aredes
04/04/2024 às 09:13.
Atualizado em 04/04/2024 às 09:29
A advogada da Macaca reforçou a luta do clube contra a violência de gênero (Beatriz Gatto/ Imprensa TRT-15)

A advogada da Macaca reforçou a luta do clube contra a violência de gênero (Beatriz Gatto/ Imprensa TRT-15)

A comoção gerada pelas condenações de Robinho e Daniel Alves por crimes de estrupro geraram entre os clubes campineiros um movimento para conscientizar profissionais e torcedores sobre a violência contra a mulher. Para comprovar o comprometimento de Guarani e Ponte Preta no processo, as agremiações participaram na quarta-feira (3) pela manhã de uma cerimônia no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região para a assinatura de um termo de cooperação técnica com o Ministério Público do Estado de São Paulo e o Ministério Público do Trabalho para que os clubes se comprometam em relação ao enfrentamento à violência de gênero.

O termo, denominado “Pacto Ninguém Se Cala”, é abrangente e visa a elaboração de medidas que protejam a mulher de assédio nos estádios de futebol e que gerem conscientização entre os profissionais dos clubes, incluindo os jogadores em processo de formação na base. Guarani e Ponte firmaram o compromisso de colocar cartazes, painéis digitais e outras formas de comunicação, além de promover diálogos sobre o tema.

O documento foi assinado pelo presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, Samuel Hugo Lima; pela procuradora chefe do Ministério Público do Trabalho da 2ª Região, Vera Lúcia Carlos; pela promotora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo, Fabíola Sucasas Negrão Covas, além do reitor da Unicamp, Antônio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé. A Ponte Preta foi representada na assinatura pela advogada Talita Garcez, enquanto que pelo Guarani assinou o vice-presidente do Conselho Deliberativo, André Torquato.

A procuradora do Ministério Público do Trabalho, Danielle Olivares Corrêa, esclarece que a inserção de Ponte Preta e Guarani no programa é mais uma etapa de um projeto que tem a intenção de gerar repercussão em alcance nacional. “É um projeto de cunho promocional do Ministério Público, mas que não só visa uma atuação repressiva, mas também tem uma atuação de articulação social”, disse a promotora.

Vice-presidente do Conselho Deliberativo do Guarani, André Torquato, representou o Bugre (Beatriz Gatto/ Imprensa TRT-15)

Vice-presidente do Conselho Deliberativo do Guarani, André Torquato, representou o Bugre (Beatriz Gatto/ Imprensa TRT-15)

Para ela, é preciso ter um entendimento mais amplo do quanto as mulheres são vitimas de violência sexual, moral ou psicológica. “O assédio sexual não é apenas a conjunção carnal. Importunação sexual é qualquer forma de atitude em relação a mulher sexualizada que objetifica aquela mulher”, alertou.

Para o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, Samuel Hugo Lima, a iniciativa é importante porque os clubes se colocaram a disposição para atuar contra atos de violência direcionados a mulher, inclusive com a utilização de palavras e frases a serem colocadas nos placares eletrônicos dos estádios Brinco de Ouro e Moisés Lucarelli. Outra medida é realizar um trabalho de formação com os atletas. .”Eles (os clubes) vão ter uma uma importância muito grande, pois vão participar de uma parte muito importante que são as categorias de base. Desde a base, os jogadores vão começar a entender que não é possível aceitar que um homem agrida uma mulher”, disse o juiz e presidente do TRT-15.

O presidente do TRT considera que outra luta é transformar o ambiente de um estádio de futebol em um local acolhedor para a mulher. “Às vezes você quer levar a esposa ou a filha para o jogo de futebol e fica constrangido. Ali tem que ser um ambiente acolhedor”, completou.

Advogada e representante da Ponte Preta na assinatura do pacto, Talita Garcez enfatizou a alegria do clube em fazer parte do processo proposto pelo projeto e já revelou planos para que tudo não fique apenas na teoria e que a Ponte Preta seja um exemplo na luta pelos direitos da mulher. “A ideia é que o clube monte um comitê onde vai trazer os atletas para essa conscientização. Muitas vezes o assédio acontece e aquele que o pratica ou a própria vítima não tem noção de que aquilo se trata de um ato de assédio”, afirmou.

Para ela, a luta deve envolver toda a sociedade, especialmente por causa das estatísticas colhidas no dia a dia e que se mostram preocupantes. “Nós falamos violência de gênero aqui no Brasil e devemos pensar que 86% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio seja moral ou sexual”, disse Garcez.

O vice-presidente comercial do Guarani, Rômulo Amaro, também presente ao evento, comemora a iniciativa do pacto, mas faz questão de reforçar o fato de que o clube já faz a sua parte. Ele esclarece que a entrada de público das mulheres no Brinco de Ouro e a venda de ingressos já é acompanhada por câmeras, o que proporciona maior segurança aos torcedores no local. Mas ele reconhece a necessidade de aprofundar o foco de prevenção nas categorias de base, até pelo fato de que a imagem do clube está envolvida no processo.

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