André Marconatto assume em definitivo o Conselho de Administração a partir deste domingo (Reprodução)
Dia de comemoração e de reflexão. Toda celebração de aniversário resgata esses dois compromissos. E no caso do Guarani, que hoje completa 112 anos de história, não há momento mais propício do que o atual para festejar e também ponderar. A busca pelo “voltar a ser o que era” passa pela juventude, ambição e ideais de novos líderes que assumem o clube às vésperas de mais um Campeonato Brasileiro. Propostas inovadoras e inspirações no passado apontam para um futuro de esperança.
Recém-eleito presidente, André Marconatto, de 49 anos, lembra que a paixão pelo clube vem da família. Um quadro com o time de 1978 que ele ganhou da mãe está entre suas memórias. Em 1979, ele conta que assistiu a uma partida no Brinco de Ouro ao lado de um jogador que estava no pôster. Era Careca, que havia operado o joelho e não podia entrar em campo. Entrou, no entanto, na vida do jovem torcedor naquele momento. “Eu perguntei qual era o nome daquele moço que estava no meu quadro e meu pai me contou toda história”, lembra o presidente.
Também vem do time de 1978 uma das inspirações do recém-contratado técnico Bruno Pivetti, de 39 anos. Declaradamente bugrino, ele lembra do treinador campeão brasileiro como referência para sua trajetória no Guarani. “Carrego uma experiência, apesar da pouca idade, e tenho como grande inspiração o nosso mestre Carlos Alberto Silva, que chegou ao Guarani em 1978 com a idade que tenho agora”, destacou Pivetti em entrevista coletiva.
O peso do passado traz grandes responsabilidades. E o novo presidente sabe disso. “Cuido de um clube pelo qual sou apaixonado e que não é de minha propriedade, é do torcedor”, pondera. “Há questões emocionais envolvidas e tenho que saber engrandecer a história construindo um vitorioso presente.”
O futuro aponta para desafios. “O objetivo é trazer o Guarani de volta à Séria A e readquirir aquele amor próprio que perdemos no decorrer dos anos. Voltar a ser um clube revelador e grande negociador de talentos também faz parte dos planos”, afirma Marconatto.
Revelado no Guarani, o ex-meia Renato é coordenador da base há oito anos e reforça a importância de valorizar a formação de jogadores, uma tradição no Brinco de Ouro. “Os melhores momentos da história do Guarani aconteceram quando as equipes profissionais tinham como base atletas da casa”, lembra. “Não podemos perder isso.”
À frente hoje das categorias sub-10 a sub-14, Renato conta que um dos desafios é concorrer com os grandes clubes. “Quando o menino começa a se destacar, já quer sair. Precisamos encontrar mecanismos para motivar os garotos e seus familiares a valorizarem o clube que está investindo neles.” O ex-meia, no entanto, garante que o Guarani evoluiu no trato com os jogadores da base. “Antes, um menino se destacava, saía e o clube não tinha uma compensação. Agora, há garantias de retorno.”
Também formado no Brinco, Amoroso é daqueles que fazem questão de reafirmar sua gratidão e amor pelo Guarani, apesar de ter passado com destaque por São Paulo, Flamengo, Seleção Brasileira e futebol italiano. Nesses 112 anos do Bugre, o ex-meia-atacante relembra sua história. “Com 15 anos, saí de Brasília e cheguei ao Guarani. No Brinco, morei embaixo da arquibancada. Mas valeu a pena. Esse clube, que abriu todas as portas para mim, está no meu coração.”
Zenon, campeão brasileiro de 1978, é outro que celebra, ressaltando a importância do Guarani no cenário brasileiro e internacional. “Tenho aqui revistas da França e da Inglaterra que destacam aquela conquista, um marco no futebol e também na minha carreira. Sou eternamente grato a esse clube.”
Em comemoração ao aniversário de 112 anos, o Guarani promove, neste domingo (2), um evento aberto para a torcida nas quadras cobertas do Brinco de Ouro da Princesa (Cedoc)
EVENTO DO BRINCO DE OURO
Em comemoração ao aniversário de 112 anos, o Guarani promove, neste domingo (2), um evento aberto para a torcida nas quadras cobertas do Brinco de Ouro da Princesa. A atração terá música ao vivo, carrinhos de food truck e chopp de graça para os bugrinos.
O clube também irá expor a taça do título Brasileiro de 1978, conquista mais importante da história do time campineiro. Naquele ano, o bugre venceu o Palmeiras na decisão e se sagrou campeão nacional, se tornando a primeira e única equipe do interior, até hoje, a conseguir tal façanha.
Neste ano, inclusive, o título completa 45 anos no dia 13 de agosto. Para o torcedor que quiser tirar uma foto com a taça, vale lembrar que a entrada é gratuita e o evento acontece das 10h às 16h.
