Sem se isentar de responsabilidades, o técnico Mozart quer uma grande mobilização em busca de vitórias. (Kamá Ribeiro)
A esperança do Guarani de repetir no dérbi 204 o que fez em 2003 (vencer a Ponte Preta no Moisés Lucarelli e iniciar uma recuperação na tabela de classificação) foi por água abaixo. A equipe alviverde estacionou nos 23 pontos e ocupa a vice-lanterna da Série B, com 83% de chances de queda para a terceira divisão do futebol nacional.
De acordo com o matemático Marcelo Arruda, responsável pelo site Chance de Gol, o Bugre só não tem mais chances de queda do que o Náutico, lanterna com 21 pontos e com 95% de probabilidade de queda.
Desde que o formato atual da Série B foi implementado em 2006, apenas dois times que ocupavam a 19ª colocação após 25 rodadas não foram rebaixados: Portuguesa (2006) e Brasiliense (2008). 14 dos 16 times que estiveram na situação do Guarani nesta altura da competição não conseguiram reverter o quadro nas rodadas finais.
Mas a boa notícia para os torcedores bugrinos é que a Série B em 2022 reserva uma particularidade: o nivelamento das equipes alterou a média de pontos. Com base nas edições anteriores, o nível de corte para escapar foi de aproximadamente 44 pontos. Na campanha desta temporada, o primeiro time fora do Z-4 tem 34% de aproveitamento, o que pode significar uma linha de corte para fugir da queda de 39 pontos.
A Série B ainda reserva mais 13 rodadas, ou seja, 39 pontos em disputa entre os times. O Guarani tem 23 pontos e precisaria de 16 (cinco vitórias e um empate) para alcançar o nível de corte com base no aproveitamento atual. Mas, se quiser uma matemática mais conservadora, a equipe precisaria de sete vitórias em 13 jogos (53% de aproveitamento) para chegar nos 44 pontos.
Juntando os cacos
O Guarani passou 20 de 25 rodadas entre os quatro últimos colocados da competição, mas a palavra de ordem do técnico Mozart Santos é de juntar os cacos e aguentar as críticas externas.
“Precisamos assimilar as porradas que virão de todos os lados. As cobranças da torcida. É óbvio que perder um clássico é péssimo, mas temos que trabalhar. Temos que juntar os cacos, por assim dizer. Sem apontar o dedo. O treinador assume a responsabilidade. Internamente vamos corrigir, nos preparar e mobilizar para vencer no sábado”, explicou o treinador.
A primeira missão em prol da reabilitação será diante do Tombense, às 11h de sábado, no Brinco de Ouro. A tabela ainda reserva confrontos contra Vasco da Gama (fora de casa), Sampaio Corrêa (em casa), Vila Nova (fora de casa) e Operário (em casa). Em resumo: dos próximos cinco jogos, dois são adversários diretos contra o Z-4.
“É um momento de treinar muito, corrigir os nossos erros e implementar novas ideias. Não está faltando disposição na nossa equipe. Estamos correndo, competindo e fomos derrotados no clássico por um detalhe. Mas agora precisamos transformar esses detalhes em situações favoráveis. Não há mais margem para o erro. É o momento de mobilizar internamente e precisamos do torcedor do nosso lado”, completa Mozart.
Avaliações
A comissão técnica ainda não sabe se vai contar com dois jogadores para o jogo de sábado. O lateral Diogo Mateus foi diagnosticado com lesão no posterior da coxa esquerda. Ele está em tratamento e foi substituído por Lucas Ramon. A tendência é que ele fique à disposição apenas na próxima semana.
Já a situação de Jenison é menos grave. O atleta foi vetado no clássico para não agravar um desconforto na coxa direita, mas voltará aos treinamentos nesta semana. Por outro lado, o volante Richard Ríos é desfalque garantido porque foi expulso no segundo tempo contra a Ponte Preta.
"O Richard (Ríos) é jovem e vai aprender com essa situação. Eu também fui jogador e aprendi com esses erros. Todos nós queremos mudar essa situação e os ânimos mudam mesmo, ainda mais se tratando de um clássico”, encerrou Mozart.