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Gol mudou a vida de Wendell Lira em 2015

Wendell Lira tabela com Da Matta, recebe linda assistência por cobertura e já passando da bola, acerta uma meia-bicicleta que mudaria sua vida

Alison Negrinho
alison.negrinho@rac.com.br
09/10/2018 às 08:38.
Atualizado em 06/04/2022 às 16:51

Estádio Serra Dourada, 11 de março de 2015, nona rodada do Campeonato Goiano. Wendell Lira tabela com Da Matta, recebe linda assistência por cobertura e já passando da bola, acerta uma meia-bicicleta que mudaria sua vida. O então atacante do modesto Goianésia ainda não sabia, mas sua pintura diante do Atlético-GO receberia o prêmio de gol mais bonito do mundo naquela temporada, desbancando ninguém menos que o argentino Lionel Messi. Depois de balançar as redes, o atleta não se deu conta da beleza do feito. Apenas pensou em comemorar com os companheiros de time. Já em casa, começou a receber diversas mensagens. “Gente de todo lugar do mundo falando que foi um golaço, que assistiram na Europa, nos Emirados Árabes... Nunca passou pela minha cabeça que pudesse ser indicado ao Prêmio Puskás, até porque eu nem sabia o que era isso”, contou. O tento de Wendell Lira rodou o planeta e rapidamente se iniciaram várias campanhas na internet para que ele participasse da premiação. Quando a indicação de fato aconteceu, a ficha demorou para cair. “Eu só pensava em aproveitar ao máximo a oportunidade para vencer na vida, porque tudo é muito difícil. Depois do gol, fiquei seis meses desempregado, inclusive quando fui indicado, eu não tinha trabalho.” A votação que elegeu o gol mais bonito do mundo recebeu 1,6 milhão de votos, sendo que o goiano ficou com 46,7%, seguido de Messi (33,3%) e Alessandro Florenzi (7,1%). Lira definiu a cerimônia, realizada em Zurique (Suíça), como um verdadeiro conto de fadas. “Cada segundo, cada almoço e jantar que tive, as horas dentro do avião, meu primeiro contato com as pessoas... Tudo foi muito perfeito, parecia um sonho, porque fui muito bem tratado, pude chegar lá e me ver com o Messi. Uma coisa é estar com ele na festa, outra coisa é concorrer, e uma outra é ganhar. Nem se eu fosse o cara mais otimista do mundo eu poderia te falar que esperava por isso”, disse. Até por não acreditar que venceria o argentino naquele dia, o brasileiro foi pego de surpresa quando viu o resultado. “Eu não pensava em nada, só conseguia chorar, porque a emoção foi muito forte apesar de na hora ter subido no palco e discursado. Não lembro muito bem, eu estava nervoso, num clima de euforia, emoção... Não sei como consegui falar, não tinha ensaiado nada”, revela Wendell, que acabou acertando com o Vila Nova, mas optou por encerrar a carreira pelas dores no joelho. Dificuldade no início De origem humilde, o atacante sempre sonhou em ser jogador de futebol. Na escola, falava para os colegas que um dia se tornaria atleta profissional. E esse dia chegou. “Eu vim de uma família muito pobre. Até os 19 anos, eu dormia com meu irmão numa cama de solteiro, cada um virado para um lado. Na nossa alimentação, o lanche era uma bolacha e dividia em três, porque era o que dava pra cada um. Tive uma parte da adolescência muito difícil por causa da condição da minha família, mas também me serviu de base para dar valor nas coisas, crescer como pessoa e batalhar atrás dos meus sonhos”, destacou, antes de completar. “Quando comecei a jogar, minha mãe passou a me acompanhar e rapidamente pude me tornar profissional.” Atacante abandona os gramados e vira youtuber e gamer Passada a cerimônia do Prêmio Puskás, Wendell recebeu convites de equipes da Europa e também dos Emirados Árabes. Ele acabou acertando com o Vila Nova, porque tinha o sonho de defender a equipe, mas a passagem não durou muito tempo. Por conta de fortes dores no joelho, o atacante resolveu colocar um ponto final em sua trajetória nos gramados, para dar início em uma nova carreira: a de youtuber e gamer. Na nova função, tem seu próprio canal, que é considerado um verdadeiro fenômeno, e também disputa torneios de Fifa. “Eu sofri para cair a ficha de que era youtuber. Dar entrevista é muito fácil, o difícil é conduzir uma entrevista, fazer as perguntas corretas. Esse sucesso que estou fazendo não me surpreendeu tanto, porque acredito que o adolescente gosta de atenção, de ouvir quem tem o mesmo linguajar e eu me enquadro nisso”, disse. O craque contou que atualmente tem uma situação financeira melhor do que quando estava nos gramados. “Como jogador de Terceira Divisão a gente ganha dois ou três mil reais, isso quatro meses no ano, imagina pra um pai de família? Fica seis meses desempregado... Como youtuber eu tenho eventos praticamente todo mês, comerciais, palestras, a gente acaba trabalhando muito mais e consequentemente ganhando muito mais.” Já em sua empreitada como gamer, conseguiu resultados expressivos. “Eu gosto muito de jogar. Sou bem competitivo e fico feliz porque já consegui classificar para regionais, para o Mundial de Barcelona, fiquei em 13° lugar do mundo e fui o melhor brasileiro desse torneio. A cada dia, cada mês, cada campeonato, tento me provar mais”, concluiu. DICAS A pedido do Correio, Wendell Lira deu dicas para os jovens que querem seguir a carreira de gamer. Os pais precisam abrir a cabeça, porque é uma profissão e tem condições de oferecer uma remuneração. Incentivar os filhos é o mais importante de tudo. Que as crianças possam fazer da melhor maneira possível, com muita dedicação. É preciso amor e se entregar de corpo e alma para colher os frutos.

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