Futebol amador, a cara e o jeito de Campinas

Metrópole moderna, criativa e cheia de vitalidade, Campinas tem 1.138.309 habitantes que possuem uma paixão em comum: o futebol. Ponte Preta e Guarani nutrem uma rivalidade centenária, mas em cada esquina ou praça da cidade existem pessoas dispostas a montar times para a cada domingo entrar em campo de alguma praça esportiva. A meta? Conquistar uma taça que produzirá a melhoria da autoestima dos moradores de bairros ou distritos envolvidos.

É um poderoso elixir de cidadania e integração, cultivado com esmero pela Secretaria Municipal de Esportes, responsável pela organização do Campeonato Municipal desde 2008. De lá para cá, técnicos da Administração Municipal assistiram in loco o crescimento da modalidade, a melhoria das condições de trabalho das equipes e a solidariedade proporcionada pelo evento, cuja as séries prata e bronze encontram-se em andamento. A série Ouro tem início previsto para o dia 17 de setembro.

Hoje, Campinas tem um calendário intenso no futebol amador da Cidade, mas os passos iniciais da participação do poder público foram tortuosos e com imprevistos. O secretário Municipal de Esportes, Fernando Vanin, relata que, na época da organização da primeira edição da competição, foi difícil conhecer os meandros das rivalidades e particularidades das equipes. “Não sabiamos da rivalidade que existia. Aprendemos depois com o tempo e com a chegada do Ribeiro (José Ribeiro do Prado Neto, diretor responsável pelo Futebol Amador), que conhecia o cenário. A partir daí tudo ficou melhor”, afirmou Vanin.

O secretário recorda que outras providências foram adotadas na busca da excelência no futebol amador. Na sua visão, o “pulo do gato” ocorreu em 2016, quando a subsecção da OAB em Campinas passou a cuidar dos julgamentos disciplinares. “Isso deu serenidade. A OAB é uma entidade superior e tem conhecimento para fazer isso”, afirmou o secretário.

Outro foco de atuação é o estado de preservação das praças esportivas. De acordo com Vanin, até 2008, existia uma política de ampliação e inauguração de novos espaços. Segundo ele, a filosofia foi alterada. “Cada um tem sua concepção, mas eu prefiro focar nos espaços que existem do que ampliar a quantidade e depois perder a mão”, disse o secretário, que complementou. “Não adianta pensar no projeto arquitetônico de uma nova praça sem pensar no seu custeio. Na minha visão, isso também é um pouco de planejamento ruim”, afirmou. Atualmente, Campinas conta com 30 praças esportivas, o que engloba os quatro ginásios sob sua responsabilidade e o Centro Esportivo de Alto Rendimento, localizado às margens da Rodovia Anhanguera. Para a Prefeitura, o espaço conta como praça esportiva, mas é um local direcionado ao alto rendimento.

Segundo ele, todos os trunfos são utilizados para financiar as melhorias nas praças esportivas, como a utilização de leis de incentivos, emendas parlamentares e as emendas impositivas oriundas da Câmara dos Vereadores.

Vanin tem planos de buscar a viabilização de um campeonato feminino para a cidade. Segundo ele, essa será sua prioridade no próximo período, antes da comemoração dos 250 anos do município. “Já falamos com algumas equipes. Apesar de que temos uma problemática, pois você cria as atletas e depois não tem para onde ir. Mas vamos organizar (o campeonato)”, prometeu o secretário.

Seja no futebol masculino ou feminino, a intenção do poder público é fazer com que os times integrados ao futebol amador exerçam o papel de ajudar na construção e na afirmação do futebol como fator de identidade da cidade. “O futebol já é uma congregação. Geralmente o futebol amador é bairro contra bairro e isso produz sinergia”, completou o secretário.

PREFEITURA PLANEJA APRIMORAR PROJETOS PÚBLICOS

O futebol amador e suas competições não se constituem nas únicas preocupações das autoridades públicas. Viabilizar uma estrutura que forneça uma série de modalidades para crianças e adolescentes também é uma preocupação. A secretaria de Esportes e Lazer, por sua vez, espera colher frutos que alterem o cenário para melhor em médio e longo prazo.

Uma das prioridades é a instalação de piscinas aquecidas nos locais que estão sob sua responsabilidade. Atualmente, as piscinas públicas ficam fechadas no inverno. De acordo com o secretário Fernando Vanin, o cenário precisa ser alterado para atender quem deseja aprimorar suas marcas nas modalidades de alto rendimento. “Para treinamento de natação você não pode parar por quatro ou cinco meses”, disse o secretário.

A mudança de rotina de crianças e adolescentes também é outro ponto que provoca planejamento. Com a ampliação das escolas de tempo integral, crianças e adolescentes reduziram a sua frequência nas praças esportivas e automaticamente diminuíram o tempo de prática esportiva. “Até por causa da legislação, as crianças estão um tempo maior na escola. Vamos anunciar brevemente um projeto para realizarmos dentro das escolas. Se elas não podem ir às praças, nós iremos até elas”, afirmou o secretário.

LIGA CAMPINEIRA BUSCA AMPLIAR PROTAGONISMO NO FUTEBOL AMADOR

No exercício da presidência da Liga Campineira de Futebol desde o dia 17 de maio deste ano, Jerônimo Tognolo, o Nenê, já começa a implantar um plano que busca colocar a entidade no patamar que já foi um orgulho para a cidade de Campinas. Um presente para o município será dado no próximo final de semana, com o início da temporada das categorias de base e a decisão do Sub-20 entre Parque Brasília e Pinheiros do DIC II. O confronto será às 09h30 deste domingo no estádio Moisés Lucarelli. Posteriormente, no dia 13 de agosto, começa a Copa Cidade de Campinas, competição que vai englobar as equipes que participaram das Séries Prata e Bronze do Campeonato Municipal.

Para isso, uma série de acordos estão sendo realizados com a Prefeitura Municipal de Campinas. Segundo o presidente da Liga, tudo anda de modo correto. “O poder público precisa apoiar a Liga Oficial em Campinas. A intenção é voltar com aquilo que era na época do Marco Chedid (atual presidente de honra da entidade). Os campos são 95% da Prefeitura e estão sob sua custódia e precisamos de autorização para utilizá-los. Mas até agora eles estão nos atendendo maravilhosamente”, completou Nenê Tognolo.

Outro presente que começa a ser viabilizado é a reforma da Sede da Liga Campineira de Futebol, localizada próxima ao Hospital Mário Gatti. Segundo Tognolo, todo o telhado será trocado, uma nova pintura será feita e existirá um aprimoramento das instalações do Tribunal de Justiça Desportiva da Liga Campineira de Futebol. “Tenho certeza que ficará um espaço lindo”, arrematou o presidente da Liga Campineira.