DEIXOU SAUDADE

Craque Neto tem duas paixões

O Guarani, onde começou, ele encara como uma mãe; e o Corinthians é a eterna esposa

Alison Ramalho Negrinho
alison.negrinho@rac.com.br
24/04/2018 às 07:38.
Atualizado em 28/04/2022 às 06:35

Neto aponta para o quadro inspirado no gol de bicicleta que ele marcou pelo Guarani na final do Campeonato Paulista de 1988 contra o Corinthians (Reprodução)

Brilhante como jogador, Neto deixou saudades na maioria dos clubes em que atuou. Dois em especial estão guardados no seu coração: Guarani e Corinthians. Neles, o ex-meia se consagrou com cobranças de falta antológicas e gols memoráveis, a ponto de se tornar ídolo de ambas torcidas. Pelo Timão, empilhou taças. Já no Bugre, ficou no quase. Curiosamente, antes de defender os times em que mais se destacou, o atleta passou justamente por seus grandes rivais. Natural de Santo Antônio de Posse, chegou ainda garoto para defender a Ponte Preta. Sem condição de manter o jovem, a Macaca viu o talento ir para o Bugre. "A Ponte não tinha como me alojar, eu era um menino de 11 ou 12 anos, e meu pai também não tinha condições de me levar todos os dias da nossa cidade para Campinas. Aí apareceu o Guarani e me deu abrigo. Fiquei morando no Brinco uns cinco anos", relembra. A mudança aconteceu de maneira natural e em pouco tempo parecia que ele havia nascido para jogar no alviverde. Talentoso, fez a estreia no profissional aos 17 anos e rapidamente viu seu nome ser especulado em outras equipes. Entre 1986 e 1987 passou por Bangu e São Paulo, antes de voltar ao Guarani, e escrever um dos capítulos mais marcantes de sua carreira, em 1988, quando foi vice-campeão paulista. "Ser ídolo lá é uma baita glória que guardo. É o meu berço no futebol." E foi no primeiro jogo da final do Estadual daquele ano que o então meia-esquerda marcou aquele que considerada um dos gol mais bonitos de sua vida. Na ocasião, Neto acertou bonita bicicleta da entrada da área e abriu o placar aos 45 do primeiro tempo contra o Corinthians, diante de um Morumbi lotado. O duelo terminou empatado em 1 a 1 e, na volta, o clube da capital venceu por 1 a 0. Apesar do tento, as lembranças daquela decisão não são as melhores. "A decepção foi grande. Até hoje sonho com isso. Para mim, o Carbone (treinador) me tirar na prorrogação foi um erro terrível. Tenho convicção de que faria o gol do título." Do Guarani foi para o Palmeiras. Lá, se viu envolvido em uma troca que o levou ao Timão e mandou o atacante Ribamar ao Verdão. Segundo o ex-jogador, ele não consegue imaginar que rumo sua carreira teria tomado se a negociação não acontecesse. "O Corinthians era meu time de infância. Parece que algo estava escrito, mas se não fosse pelo Leão (técnico do Palmeiras na época), eu viraria ídolo, porque estava vivendo uma grande fase no futebol." Se não marcou época no Palestra, a história no Parque São Jorge foi diferente. Foram várias taças, e entre elas, a do Brasileirão de 1990, a mais especial de todas. "Era algo que o clube nunca tinha conquistado. Fui um desbravador nesse sentido para falar a verdade. A sensação que tenho com o carinho da torcida é a mesma em relação ao Guarani. Existe um amor de mãe pelo Bugrão e um amor de esposa pelo Timão. Amor intenso e verdadeiro." Comentarista esportivo Após pendurar as chuteiras, Neto se tornou comentarista esportivo. Sempre muito sincero, notabilizou-se por um estilo único. E mesmo que esteja em contato diário com futebol, ele afirma que não dá para matar a saudade do campo. "São sensações diferentes, mas hoje sou mais famoso e ganho mais dinheiro que quando jogava, por incrível que pareça", concluiu.

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