OLIMPÍADAS

COB tem o desafio de fazer um bom papel em Tóquio

O adiamento obrigou o Comitê Olímpico do Brasil (COB) a repensar as suas estratégias e planejamento para a competição

Estadão Conteúdo
23/07/2020 às 13:46.
Atualizado em 28/03/2022 às 20:48
  (Reprodução)

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Falta um ano para os Jogos de Tóquio-2020, que será em 23 de julho de 2021. A Olimpíada, que inicialmente teria nesta sexta-feira, data da sua cerimônia de abertura, foi adiada para 2021 por causa da pandemia do novo coronavírus. E isso obrigou o Comitê Olímpico do Brasil (COB) a repensar as suas estratégias e planejamento para a competição.Um grupo já está em Portugal, onde a situação da doença está mais controlada. Segundo Jorge Bichara, diretor de esportes das entidade, o objetivo é fazer um bom papel no Japão. "Temos de pensar o tempo inteiro que sim, que vai ter Olimpíada. A condição mais segura é com surgimento da vacina. Acredito que a definição deva vir até março ou abril do ano que vem. De qualquer forma, nossa preparação é 100% focada em que o evento vai ocorrer", avisou. Confira a entrevista ao Estadão.A Olimpíada começaria nesta sexta-feira. Como foi a logística para mudar tudo após o adiamento?Refizemos contratos com as cidades, que envolvem contrapartidas sociais, fizemos contato com a companhia aérea, pois já tínhamos pago uma parte das passagens, refizemos contratos de alimentação e de transporte interno. Fornecedores que já estavam enviando contêineres para Tóquio, como da China, com uniformes, seguraram o material. Não precisamos pagar nada esse ano, só uma parcela do contrato de alimentação por causa de produtos que já haviam sido comprados.Como o COB superou o período mais crítico da quarentena?Estávamos organizados para um evento que ocorre a cada quatro anos e isso muda a perspectiva de trabalho, dos prazos, das metas. Atinge confederação, atletas, clubes. Então fizemos cortes nos orçamentos para poder garantir que não houvesse demissões nos nossos filiados. E garantimos que seriam repassados os R$ 120 milhões para as confederações.É possível ter uma ideia de quanto foi perdido em recursos das loterias?A queda superou 40% logo nos primeiros meses da pandemia. Foram três meses difíceis de arrecadação. Mas fomos buscar recursos de nossas reservas, de contingência, e utilizaremos se for necessário. Também abrimos uma linha de investimento de R$ 10 milhões para projetos novos de desenvolvimento. E depois ainda veio a proposta de repasse de R$ 200 mil para trabalhar o efeito da pandemia nas confederações.E como foi para os atletas?No aspecto esportivo começamos a monitorar os principais atletas que nós temos, para ver a condição física inicialmente. Teve gente que conseguiu manter um mínimo de atividade. Então percebemos que o processo de abertura e fechamento do isolamento social seria constante em países de grande extensão, como o Brasil. Surgiu então a ideia de buscar países onde a pandemia estivesse mais controlada e buscar protocolos para fazer isso.A solução encontrada de levar os atletas para Portugal veio em boa hora?Sim. Portugal só tem uma fronteira, com a Espanha, possui uma estrutura esportiva de média para boa, clima bom, e essas coisas facilitam nesse processo de retomada. O momento que eles estão agora, de flexibilização progressiva, ainda é mais rigoroso ao nosso maior momento de controle.Quais modalidades mais sofreram com a pandemia?As modalidades de esporte coletivo, de combate e de esportes que tenham a necessidade muito grande de requisito técnico de equipamentos foram as que mais sofreram impacto. Como exemplo o vôlei, basquete, futebol, handebol, modalidades de combate porque o atleta precisa se medir com outro, a ginástica e os saltos ornamentais, que sofreram muito porque a inatividade aumenta o risco de lesão.Como o Brasil está na preparação em relação aos outros países?Não só tempo de efeito da pandemia faz diferença, mas a estrutura dos países também e de como eles estimulam a prática esportiva. Países onde o efeito da pandemia está intenso e a estrutura esportiva não é tão grande vão sofrer um pouco mais. Como o Brasil. Já os Estados Unidos, com estrutura esportiva robusta, criam condição de treinamento isolando grupos. Países menores onde tem controle melhor da pandemia já conseguiram retomar, como muitos países europeus.E como estão os atletas de modalidades que tinham condições de pódio?Isaquias e Erlon, da canoagem velocidade, conseguiram cumprir o ritmo normal de preparação. A Ana Marcela Cunha, da maratona aquática, conseguiu se manter em uma boa condição. Já a ginástica perdeu muito e isso preocupa, assim como o vôlei, pois são atletas que estão acostumados a uma intensidade de treinamento. Já o surfe e vela conseguem buscar espaço onde o controle da pandemia está melhor e ter uma preparação.É possível definir metas para os Jogos de Tóquio?Nós buscamos uma boa preparação e fomos monitorando ano a ano o potencial de resultados. Não tenho um número, mas entendia que pelos resultados chegaríamos nos Jogos em boas condições de participação. Agora é impossível ter um número e vamos trabalhar para ter um cenário para janeiro e fevereiro.

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