(AFP)
Com a confirmação de que o Paulistão vai recomeçar no dia 22, os clubes de Campinas e seus concorrentes terão de se preparar para enfrentar uma situação inusitada. Nunca atletas ficaram tanto tempo sem treinar, o que já vai provocar um desconforto na retomada das competições. Outro agravante é o curtíssimo tempo de preparação. Os atletas já participam de atividades presenciais, mas estão trabalhando apenas a parte física. Os treinos como bola sequer começaram e no dia 22 já teremos a 11ª rodada do Pauistão. Treinadores, preparadores físicos, fisiologistas e atletas terão preocupações extras, em um cenário inédito em suas carreiras. É bem verdade que o estadual servirá também como uma importante preparação para a maratona de jogos da Série B, mas antes do início da luta pelo acesso à elite do futebol brasileiro tanto Guarani como Ponte Preta terão desafios importantes pela frente. Independentemente do que for definido na reunião de hoje na Federação Paulista (entre as decisões mais importantes está a questão do rebaixamento), já se sabe que a Macaca será mais exigida nas duas primeiras partidas do que o Bugre.Mesmo que o regulamento seja alterado e nenhum time tenha que se preocupar com a queda para a Série A2, a Ponte terá que impor um ritmo forte nas partidas contra Novorizontino e com o que sobrou do Mirassol, que teve seu elenco desmontado, com quase meio time se transferindo para a própria Ponte. Embora tenha a pior campanha entre os 16 participantes, a equipe de João Brigatti está a apenas três pontos do Oeste, segundo colocado do Grupo A. Assim, sabe que chegará à rodada final com chances de se classificar para o mata-mata caso vença o invicto Novorizontino. Se o rebaixamento for mantido, a importância da partida será ainda maior e a Ponte terá que, apesar das circunstâncias, se doar ao máximo já na primeira atuação pós-paralisação. O caso do Guarani é diferente. Voltará a campo contra um Botafogo que estará desesperado (se tiver rebaixamento) ou aliviado e desinteressado (caso o regulamento seja alterado hoje). Como é um time que estava mal e sofreu muitas baixas, as chances de o Guarani pontuar são de razoáveis para boas. E talvez isso nem seja necessário, já que a vaga nas quartas de final poderá ser assegurada com uma rodada de antecedência se Corinthians e Ferroviária não vencerem seus compromissos contra Palmeiras e Ituano. Ao contrário da Ponte, portanto, o Guarani será mais exigido contra o São Paulo, se necessário, ou apenas na sua terceira partida, já nas quartas de final, contra o Red Bull. Os cenários no campeonato são diferentes, mas as dificuldades técnicas e físicas serão enormes para todos os participantes. Quem for capaz de se adaptar melhor a essa situação incomum poderá ter um desempenho surpreendente na reta final do atípico Paulistão 2020. Carlo Carcani é coordenador de esportes do Grupo RAC E-mail: carlo@rac.com.br