(AFP)
A campanha do Guarani no primeiro turno da Série B de 2019 foi um desastre. O time jogava mal, não dava o menor sinal de reação e era visto tanto por torcedores como pela imprensa como um condenado ao rebaixamento. O mercado tinha a mesma visão. Apesar de estar disposto a pagar um bom salário para a divisão, o clube não encontrava técnicos dispostos a encarar a missão quase impossível de salvar o lanterna. A largada do Guarani no ano passado foi ruim (uma vitória, dois empates e duas derrotas), mas por incrível que pareça é superior à de 2020. E quem está à frente do time é justamente Thiago Carpini, o treinador que, com um ótimo trabalho, cumpriu a missão impossível de 2019. Começou como interino e enquanto outros técnicos negavam convites para trabalhar no Brinco de Ouro, ele aproveitou para mostrar serviço. A equipe evoluiu muito e escapou de uma queda que seria desastrosa do ponto de vista esportivo e também financeiro. Efetivado e de contrato novo, Carpini iniciou um belo trabalho no Paulistão, no qual o Guarani era o patinho feio do "grupo da morte". Na última partida antes da paralisação do futebol, venceu o Dérbi e deixou o Bugre com um pé nas quartas de final. O encanto acabou ali. O retorno foi um desastre, com a improvável eliminação na primeira fase do estadual e a largada com quatro derrotas em cinco rodadas da Série B. Como a diretoria do Guarani deve reagir a esse cenário é uma pergunta muito difícil de ser respondida. Após a derrota para a Chapecoense, o presidente do Guarani, Ricardo Moises, disse ao repórter Carlos Rodrigues que confia demais na comissão técnica e que Carpini segue no comando. A análise do dirigente é correta sob muitos aspectos. Basta olhar o retrospecto dos antecessores e o futebol que o time praticava para perceber que o risco de uma mudança para pior é enorme. Elano, um nome muito comentado nas redes sociais, perdeu os dois jogos em que enfrentou Carpini. Faria sentido mudar, conhecendo o potencial do atual treinador? Fica claro que não. O que complica demais a situação é que talvez o problema não esteja no campo e sim no vestiário. Rumores de desentendimentos de Carpini com atletas surgem com frequência e ganham força. O sono do time no segundo tempo contra o Paraná e as circunstâncias da derrota para a Chape chamam a atenção e dão força aos comentários dos bastidores. É compreensível e correto que a diretoria confie na comissão técnica. Mas não verificar o quanto antes se o elenco também confia pode ser um erro fatal. Carlo Carcani é coordenador de esportes do Grupo RAC E-mail: [email protected]