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Carlo Carcani: A MP do futebol

Carlo Carcani/AAN
correiopontocom@rac.com.br
22/06/2020 às 11:30.
Atualizado em 28/03/2022 às 22:37

(AFP)

Já vi muitas análises sobre a Medida Provisória 984/2020, assinada por Jair Bolsonaro. A decisão dá ao clube mandante o direito de negociar sozinho os direitos de transmissão de suas partidas. Há um consenso de que a MP será extremamente benéfica para os grandes clubes - tanto é que o Flamengo trabalhou nos bastidores para que o presidente da República tomasse essa decisão. Em relação aos demais, as opiniões divergem. Alguns acreditam que clubes como os de Campinas poderão negociar melhor seus contratos de TV. Outros acham que o sistema atual, de negociação coletiva, é mais vantajoso. Não vou fazer nenhuma análise sobre a previsão em si por dois motivos. O primeiro é que contratos em vigência seguem válidos e alguns vão até 2024. O outro é que é muito cedo para saber se a mudança realmente será validada ou se será anulada pelo Congresso. A briga política entre clubes e emissoras deve ser intensa e longa. Mas posso concluir agora que, independentemente da legislação, o que determina o sucesso de um clube é a competência de seus dirigentes. É indiscutível que a Lei Pelé afetou de forma avassaladora uma fonte vital de recursos dos clubes médios e pequenos, que era a venda de atletas. Ainda assim, alguns times ainda conseguem fazer negócios muito bons com grandes clubes europeus. Outros não conseguem nem vender no mercado interno. O cenário ficou mais difícil, mas é preciso destacar que as cotas de TV e os contratos de patrocínio cresceram. Ainda assim, Guarani e Ponte nunca se endividaram tanto como nessa época de ‘profissionalização’ do futebol. O Guarani fez parte do Clube dos 13 e durante alguns anos teve um interessante reforço de caixa. A Ponte Preta teve um presidente capaz de "assinar o cheque" em situações de emergência. Pois foi justamente no período em que teve o reforço do Clube dos 13 que o Guarani perdeu totalmente o controle sobre suas finanças, a ponto de acumular dívidas que, mais tarde, o levaram a perder seu patrimônio. Da mesma forma, a Ponte não aproveitou a chance de ter um dirigente que lhe proporcionava segurança financeira. O correto seria administrar o clube com suas próprias receitas, tendo a tranquilidade de saber que, se necessário, alguém poderia "assinar o cheque" para cobrir uma ou outra despesa. Na prática, o que seria uma dádiva se transformou em problema. Hoje o clube deve R$ 108 milhões para Sérgio Carnielli. Mudanças na legislação podem facilitar ou dificultar a gestão de um clube. Mas não será a lei, seja qual for, que determinará o sucesso ou o fracasso. O que vale é a capacidade de gerenciar os recursos disponíveis da melhor forma possível.   Carlo Carcani é coordenador de esportes do Grupo RAC E-mail: carlo@rac.com.br

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