Uma grande velocidade aliada a um poder de finalização impressionante, capaz de superar as mais bem montadas defesas
Uma grande velocidade aliada a um poder de finalização impressionante, capaz de superar as mais bem montadas defesas. Natural de Araraquara, o jovem Antônio de Oliveira Filho fez história em Campinas para depois ser conhecido no mundo inteiro. Não por seu nome, mas sim por um apelido. Enquanto criança, de tanto cantar músicas do palhaço Carequinha, se tornou Careca para os brasileiros. Já na Itália, "Carecone" era aquele capaz de aterrorizar os adversários ao lado de Maradona no Napoli. Filho de Oliveira, que atuou pela Ponte Preta, o ex-atleta seguiu o caminho oposto e se destacou no maior rival, o Guarani. Por lá, a ascensão foi rápida. Seu talento não deixava dúvidas de que em pouco tempo seria um jogador de ponta. Nas peladas pela vizinhança, ou nos duelos das categorias de base, Careca era quem mais brilhava. "Comecei muito cedo, com 6 anos jogava na rua, e dentro de casa eu tinha o exemplo, porque meu pai foi jogador. Então eu já tinha um caminho um pouco aberto para isso. Cheguei no Guarani com 15 anos para um teste, só que fui ficando. Consegui ser aprovado e depois de um ano e pouco na base fui para o profissional. Com 17 anos me consagrei campeão brasileiro, foi tudo muito rápido. Eu tinha no sangue a vontade de ser jogador", contou Careca, que marcou 38 gols em 63 jogos pelo Alviverde. Pelo profissional bugrino, ele jogou entre 1978 — ano da lendária conquista — e 1982. As lembranças daquele título brasileiro ainda estão frescas em sua memória. “Era uma equipe muito moderna, que fazia marcação no campo todo, cada um sabia sua função e executava durante toda a partida.” Apesar de ficar marcado pela taça, os tempos de juvenil também foram especiais. “A gente tinha o alojamento debaixo das arquibancadas do Brinco de Ouro. Era uma televisão pequena para 50 garotos, mas isso era o que a gente queria, essa amizade. As recordações da convivência no dia a dia são maravilhosas", relembra. O destaque em Campinas levou Careca até o São Paulo, onde ele continuou evoluindo. Em 1986, liderou o Tricolor na conquista do Brasileirão, inclusive marcando nas finais contra o próprio Guarani. Parceria com Maradona A ida para o Napoli (Itália) aconteceu somente em 1987, depois da grande Copa do Mundo realizada no ano anterior, quando foi vice-artilheiro. Na Europa, jogou com Maradona, formando uma épica dupla até 1993. “Meu objetivo era atuar ao lado do Maradona no Napoli, era um sonho meu. Consegui realizar isso e ainda ser campeão com ele. É uma alegria enorme, um cara que eu tinha como uma referência muito grande como melhor do mundo. Conheci ele em 1986 na Copa do Mundo, nas premiações eu fui o vice-artilheiro e ele foi a sensação do torneio”, disse, destacando ainda as taças da Copa da Uefa, Campeonato Italiano e Supercopa pelo clube italiano. O entrosamento entre o brasileiro e o argentino era tão grande, que Careca colocou Maradona como seu melhor companheiro de ataque na história. “Ele era gênio. No Brasil tive vários bons, como Müller, Zenon e Zico, mas mundialmente acredito que ele foi o maior”, completou. Craque foi vice-artilheiro da Copa de 1986, no México Depois de ser cortado da Copa do Mundo de 1982 quatro dias antes da estreia, por conta de uma lesão, Careca se preparou para ter uma nova oportunidade na edição seguinte do Mundial, disputada no México. Vivendo grande fase no São Paulo, ele foi um dos convocados pelo técnico Telê Santana e comandou o ataque do Brasil na ocasião. Ao todo, marcou cinco gols, um a menos que o artilheiro inglês Gary Lineker. O feito lhe rendeu a chuteira de prata após o encerramento do torneio e foi comemorado pelo ex-jogador. “Fui homenageado, é claro que conseguir isso é espetacular. Ganhar um prêmio é sempre muito importante, se trata de um reconhecimento pelo qual sou muito grato”, afirmou Careca, que balançou as redes contra Argélia e Irlanda do Norte (2) na primeira fase, Polônia nas oitavas de final e França nas quartas. Foi justamente diante dos franceses que a Seleção Brasileira se despediu da competição. O ídolo bugrino abriu o placar aos 17 minutos, mas Michel Platini deixou tudo igual e levou a decisão para as penalidades. Aí, os europeus levaram a melhor. Ainda que tenha sido premiado, ele revelou que ficou uma frustração por não ter conseguido vencer uma Copa do Mundo. “Esse sentimento existe porque talvez eu pudesse ter fechado com chave de ouro minha participação em Copas. Enfim, não consegui. Me doei sempre, busquei esse objetivo, tanto em 1982 que me machuquei, quanto em 1986 e 1990. Sem dúvidas eu trocaria a chuteira de prata por um título.” Na edição em questão, a Argentina terminou como grande campeã, ao vencer a Alemanha. Na Copa do Mundo de 1990, por sua vez, o Brasil foi eliminado nas oitavas de final, e o centroavante se despediu com dois gols feitos. DICAS A pedido do Correio, Careca deu algumas dicas para quem deseja seguir carreira como jogador de futebol. As crianças que tiverem o interesse precisam ficar à vontade para jogar. Com 5 anos já podem ir até uma escolinha para treinar fundamentos, mas sem pressão. Os pais devem apoiar sempre, 24h por dia.