MUNDIAL

Carateca cega precisa de ajuda para fazer história

Débora faz vaquinha online em busca da medalha de ouro

Alison Ramalho Negrinho
29/10/2018 às 17:03.
Atualizado em 05/04/2022 às 23:09

A leveza nos movimentos e a capacidade de acertar golpes com extrema precisão podem até enganar quem está desatento, mas Débora Knihs não é uma carateca qualquer. A atleta é cega desde criança, só que isso nunca a impediu de batalhar pelos sonhos. Guerreira, derrotou cada dificuldade e adversário em seu caminho, até se tornar referência na modalidade. Agora, ela tenta superar a falta de verba para participar do Campeonato Mundial de Para-Caratê, ainda neste ano, visando fazer história. A competição acontece entre 6 e 11 de novembro, em Madrid, na Espanha. Já a ida para a Europa será no dia 4, e a volta, dia 12. Apesar do grande talento, a brasileira não conta com patrocínios para as despesas. O jeito encontrado foi criar uma vaquinha online, na tentativa de arrecadar R$ 15 mil, que serão gastos com alimentação, hospedagem, deslocamentos e passagens aéreas, tanto para ela, quanto para seu treinador, o professor Valmir Zuza. Quem quiser colaborar pode doar qualquer valor pelo link www.vakinha.com.br/vaquinha/debora-knihs-para-karate-mundial-espanha/. Os treinos tiveram início há três anos e a ascensão meteórica surpreendeu. Em pouco tempo, já são 20 medalhas, sendo 18 de ouro, uma de prata e outra de bronze. Entre as principais conquistas estão o tricampeonato brasileiro, o bicampeonato paulista e o terceiro lugar no Mundial de 2016, disputado na Áustria. Desta vez, a carateca espera ficar no lugar mais alto do pódio. "Nosso objetivo é terminar em primeiro, estamos treinando para isso. Quando terminou aquele Mundial, nós já começamos a pensar em 2018. Todo mundo vai querendo ganhar e ainda sendo a pioneira no Brasil, trazer uma medalha de ouro para o País seria muito bom. Serviria de incentivo pros outros atletas", disse. Quando foi incentivada a fazer uma aula experimental da modalidade, Débora chegou a ter dúvidas, por pensar que se tratava de um esporte violento. A impressão foi apagada rapidamente. "Percebi que não era assim. Me interessei pela parte de defesa pessoal, que hoje em dia está complicado para todos, e também por sempre estar fazendo algo novo." Ela também viu sua rotina mudar para melhor. "O caratê melhorou minha qualidade de vida, a saúde... Não fico em casa pensando na vida, com pena porque não enxergo". O empenho de Débora foi elogiado por Zuza. "É extremamente focada. Como sempre treinou forte, o resultado é muito bom. Na hora de fazer os movimentos ela se acalma, fica concentrada", disse.

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