Personagens

Cafu, um campeão da persistência

Cafu nunca desistiu do futebol, mesmo depois de ter sido dispensado nove vezes no início da carreira

Alison Negrinho
cidades@rac.com.br
08/05/2018 às 17:02.
Atualizado em 28/04/2022 às 08:04

Evento recebeu o pentacampeão mundial Cafu, que contou suas histórias de superação (Sindi Clube)

Grande sonho da maioria dos jovens, se tornar jogador de futebol não é tarefa das mais fáceis no Brasil. Agora imagine para uma criança ter que ouvir que não é bom o suficiente e ser recusado em uma peneira? Essa é a história de Cafu, bicampeão do mundo pela Seleção Brasileira, e que não recebeu uma resposta negativa, mas sim nove. Ainda assim, o ex-lateral-direito encontrou forças para seguir em frente e escrever uma das trajetórias mais lindas do esporte. Cria do Jardim Irene, bairro periférico de São Paulo, Marcos Evangelista de Morais, o Cafu, tinha em sua mente o mesmo desejo dos outros garotos de sua idade: ser um atleta de sucesso. A caminhada, entretanto, foi cercada de obstáculos. Antes de defender a camisa de grandes clubes como São Paulo, Palmeiras, Roma-ITA e Milan-ITA, ele precisou persistir, se dedicar, e mais do que nunca, acreditar que seria possível chegar onde tanto queria. O craque esteve presente em Campinas no fim do último mês, para encerrar o 'Encontro de Soluções', realizado pelo Sindi Clube, no Congresso Brasileiro de Clubes. Na ocasião, ele relembrou os momentos marcantes de sua carreira. "Eu fui dispensado por nove vezes, em clubes diferentes: São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Atlético-MG, Foz do Iguaçu, Portuguesa...Mas nem por isso eu deixei de lutar. Se eu tivesse desistido no meu primeiro 'não', eu não estaria aqui falando que venci. Só que eu venci porque queria vencer, e superei todas as barreiras que colocaram na minha frente", disse. Seleção Brasileira O ex-lateral é quem por mais vezes vestiu a amarelinha em competições profissionais. Foram 149 jogos, com 91 vitórias, 38 empates e 20 derrotas. No meio destes confrontos estão aqueles memoráveis, como as finais das Copas do Mundo de 1994 contra a Itália, de 1998 diante da França e a de 2002 com a Alemanha. Na primeira, então na reserva de Jorginho, viu o titular se machucar justamente na decisão e atuou em boa parte da vitória brasileira por 3 a 2 nos pênaltis. Já na segunda, sofreu um duro baque ao perder por 3 a 0 para a França. Ainda assim, o revés não foi tão dolorido quanto as negativas em testes. "Os 'nãos' foram muito mais difíceis do que perder a Copa. Até porque em 94 eu já tive a oportunidade de ser campeão. Em 98 fomos vice, mas você tomar nove 'nãos', com 15 anos de idade e depois correr atrás de um 'sim', não é fácil. Tem que ter muita superação e força de vontade". Já em 2002, se sagrou campeão após a vitória por 2 a 0 contra a Alemanha. "Se vocês prestarem atenção, quando terminou o jogo, em que eu estava levantando a taça, se olharem para baixo, estava todo mundo se abraçando. Eles não estão nem olhando pra cima. Isso é grupo, foi desta maneira que o Brasil foi campeão. Todo mundo estava em um único pensamento". Cafu contou que a Seleção de 2002 foi uma das melhores em que já trabalhou por conta da entrega do elenco. "Enquanto capitão, a coisa que eu mais falava pros meninos era pra ser comprometido. A divisão de responsabilidade dentro de campo transformava a Seleção em vencedora. Ser capitão com aquele monte de fera era muito simples, precisava só dar responsabilidade para eles, mostrar que naquele momento estavam representando mais de 220 milhões de brasileiros". FUNDAÇÃO CAFU Conforme sua carreira se aproximava do fim, o renomado jogador resolveu criar a Fundação Cafu. O sonho se tornou realidade em 2004, no Jardim Irene. Feita com o objetivo de dar oportunidades para que as crianças da região pudessem se desenvolver, combatendo à desigualdade social. "São 950 crianças, de 3 a 17 anos, 99% inclusão social e 1% área esportiva. Minha intenção não é formar jogador de futebol, é formar cidadão. Porque jogador de futebol nem todo mundo lá vai ser, mas cidadão todo mundo tem o direito de ser", afirmou o ex-atleta durante o Congresso Brasileiro de Clubes. A ideia de montar a fundação surgiu pelo fato de ter perdido muitos amigos no Jardim Irene, seja para o crime, ou até mesmo mortos. "Não é uma escolinha para ganhar dinheiro. É uma fundação para que as crianças tenham mais esperança. Eu queria que naquele momento, os jovens no Jardim Irene se sentissem importantes. Que eles tivessem um espaço que pudessem expressar a inteligência deles. Muita gente fala que na favela só existe bandido e isso é a maior mentira do mundo. O que tem na favela é falta de oportunidade para as crianças" . De origem humilde, Cafu cresceu na periferia do Jardim Irene, onde se destacava nos campos de várzea. Do local ele guarda boas recordações. "O Jardim Irene me deu tudo que tenho. Sabedoria, humildade e inteligência. Nas periferias, na favela, temos duas opções: o caminho do bem e o caminho do mal. O caminho do mal, você abriu a porta da sua casa ele está te esperando. O caminho do bem a gente tem de batalhar para chegar nele", disse. Na Fundação Cafu, os jovens têm reforço escolar, computação, inglês, dança, entre outras coisas. DICAS - O jovem deve ser comprometido com aquilo que quer seguir. - É preciso sempre acreditar nos seus sonhos e ir atrás para realizá-los.

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