Jamerson Bahia supera dramas pessoais e vive melhor momento da carreira (Thomaz Marostegan/Guarani FC)
Jamerson Bahia não demorou para dar sua primeira assistência com a camisa do Guarani. Logo no seu terceiro jogo na equipe, diante do Sport, em Recife, encontrou Nicolas Careca na área e mostrou que sua principal característica poderia ser explorada por Mozart Santos: o cruzamento.
Em 17 jogos realizados com a camisa do Bugre, o camisa 83 proporcionou 27 chances perigosas no sistema ofensivo. Destas oportunidades protagonizadas no lado esquerdo do ataque foram sete assistências convertidas em gol. Cinco das assistências foram para os jogadores de referência, mas o lateral também utilizou do poder da jogada aérea de atletas de defesa.
As sete assistências são distribuídas entre os atacantes Nicolas Careca (contra o Sport), Jenison (Náutico) e Yuri (Tombense, Sampaio Corrêa e CSA), além do zagueiro João Victor (Londrina) e o volante Richard Ríos (CRB). Na última partida, diante do Cruzeiro, Jamerson estava suspenso e não entrou em campo no Mineirão. A tendência é que o atleta retorne na próxima rodada, diante do Bahia, na sua terra natal.
Com a permanência do Guarani garantida na Série B, Jamerson pode focar na disputa individual com Nenê ao posto de garçom - o jogador com maior número de assistências na competição. O camisa 10 do Vasco soma a mesma quantidade de passes para gol em relação ao ala bugrino: sete. A diferença está no número de jogos: Nenê participou de 30 partidas contra 17 de Jamerson. E, por isso, a média do lateral é bem superior.
O atacante Pimentinha, do Sampaio Corrêa, e o lateral Nicolas, do Grêmio, também estão na disputa. Cada um tem seis assistências. Já no Guarani, Jamerson lidera a lista que ainda tem Giovanni Augusto (4 assistências), Diogo Mateus (2 assistências) e Yuri Tanque (2 assistências).
TrajetóriaA trajetória de Jamerson no futebol não foi simples. Criado em uma área periférica de Salvador, na capital da Bahia, o lateral precisou ser perseverante para alcançar seu principal sonho de infância: ser jogador de futebol. A persistência, carregada no nome que significa uma das variantes de Jacó, foi fundamental para superar os dramas no início da carreira.
Na casa de Jamerson moravam a mãe, Luciana, o irmão mais novo Leonardo, a avó, dona Conceição, além do tio Lionel. Aos 15 anos, o lateral recebeu o convite para passar por um período de testes no Avaí, mas precisou mudar a rota após perder a mãe, que lutava contra uma trombose.
Sem desistir, Jamerson persistiu e encontrou outro teste em Brasília. Mas a carreira no futebol não caminhava e a solução era conciliar trabalhando em outros lugares como lava-jato e mercados. Mas em 2017, após receber um convite do Marília, Jamerson recebeu uma oportunidade de ouro: disputar a Copa São Paulo. Mas nem tudo saiu como planejado. Logo na partida contra o Mogi Mirim, o lateral foi expulso por fazer gestos obscenos a um adversário e precisou conquistar a confiança do treinador.
No ano seguinte, Jameson recebeu um convite para atuar em Portugal e aceitou o desafio de jogar por equipes como Portimonense, União Almeirim e Sertanense, até retornar ao futebol brasileiro neste ano para defender o Azuriz, equipe do Paraná. Mais maduro e preparado, Jamerson se destacou pelo Azulão e chamou atenção do Bugre.
Peça-chave
Hoje, aos 24 anos, Jamerson vive o melhor momento da carreira. Se transformou em jogador de confiança de Mozart Santos e uma das peças mais importantes na recuperação do Guarani na Série B.
Pelo futebol apresentado – principalmente por conta das assistências -, Jamerson virou prioridade do Guarani. A opção foi por investir aproximadamente R$ 500 mil para comprar 50% dos direitos econômicos e assinar um contrato ainda mais longo com o atleta.
