O interino Ben-Hur entrega o cargo para Marcelo Chamusca após comandar o Bugre em três ocasiões com empates (Thomaz Marostegan/Guarani FC)
O Guarani recorreu à uma solução caseira para o clássico contra a Ponte Preta. A demissão de Daniel Paulista, às vésperas do dérbi do último domingo, gerou uma oportunidade para Ben-Hur Moreira se apresentar ao torcedor bugrino.
O gaúcho de 44 anos, nascido em Bagé, a 375 km de distância da capital Porto Alegre, marcou seu nome atuando como zagueiro em outro Guarani: o do Rio Grande do Sul. Mas agora em Campinas, ainda em condição temporária, tenta conquistar a confiança da diretoria.
"Eu não sei o dia de amanhã, mas estou sempre me preparando e disposto para fazer o meu trabalho. Não sei se vai vir outro treinador, mas se essa for a escolha da diretoria estarei aqui para ajudar e auxiliar. Eu sou funcionário do clube, ainda não sou treinador e quero colaborar. Sou apenas um auxiliar procurando fazer o meu melhor", explicou Moreira após o empate sem gols contra a Ponte Preta.
“A sensação que eu tenho é que eu fiz o papel de um auxiliar da casa. Lógico que não sou eu que vou dizer se vou ficar ou não, o presidente tem o direito de decidir. Eu sou funcionário do clube, meu dever é vir aqui e fazer a minha parte”, completa.
Histórico
O discurso cauteloso e humilde lembra outros dois ex-auxiliares que se transformaram em efetivados. Em dezembro de 2017, ainda na gestão de Palmeron Mendes Filho, o Guarani apostou na contratação de Fernando Diniz para brigar pelo acesso na Série A2 do Campeonato Paulista.
Após tentativas frustradas de voltar à elite do estadual, Diniz desembarcou no Brinco com a missão de trazer um futebol vistoso e eficiente, mas ficou apenas uma semana no clube e avisou os dirigentes sobre proposta irrecusável do Athletico Paranaense.
Liderado por Fumagalli, o elenco do Guarani convocou uma reunião com o departamento de futebol e sugeriu que o então auxiliar Umberto Louzer recebesse uma chance para treinar o time principal.
O pedido foi aceito por Palmeron e dentro de campo os resultados apareceram. Umberto Louzer foi o comandante não apenas do acesso, mas também do título da Série A2 daquele ano.
Já Thiago Carpini foi escolhido pelo atual presidente bugrino em agosto de 2019. Após a saída de Roberto Fonseca, o Bugre passava por um momento de reformulação e brigava contra a zona de rebaixamento. A ideia dos dirigentes era buscar um treinador experiente, mas nenhuma negociação avançou.
Desta forma, Carpini foi mantido e conseguiu os resultados. Respaldado por Ricardo Moisés, o ex-zagueiro permaneceu no comando e consolidou seu trabalho com a classificação às quartas de final do Campeonato Paulista de 2020.
Cautela
O desempenho do Guarani no dérbi 203 foi debatido pelo Conselho de Administração. A estratégia adotada por Ben-Hur Moreira foi mexer o menos possível na estrutura tática da equipe pelo pouco tempo de trabalho. Foram pelo menos quatro grandes chances durante a partida, mas o ataque não aproveitou.
O departamento de futebol trabalha com paciência na busca por um novo comandante. O jovem Matheus Costa, de 35 anos, ex-Operário e Paraná, recebeu contato dos dirigentes na última semana. O perfil estudioso, característico da nova geração, agrada ao clube.
Foi assim nas escolhas de Ricardo Catalá, Felipe Conceição, Allan Aal e Daniel Paulista. Os experientes Jorginho Campos e Enderson Moreira foram consultados, mas ainda se apresentaram resistentes ao mercado da Série B nessa temporada. Elano e Vinicius Bergantin também integram a lista da diretoria.
Mas enquanto isso, iniciando os trabalhos para a partida contra o Tombense, Moreira segue no comando da equipe.
