Luiz Flávio de Oliveira, árbitro do quadro da Fifa, comanda o clássico (César Grecco/Palmeiras)
Neste dia especial, em que é destinado às mães, uma vitória, seja do Guarani, que joga em casa, ou da Ponte Preta, vai alegrar boa parte da cidade e, mais do que isso, fazer com que o Bugre abra mais uma distância ou até mesmo a Nega Veia diminuir e deixar, além de tudo, esse retrospecto ainda mais equilibrado. E mais: a Macaca pode chegar ao G4.
A partida é uma das mais aguardadas pelos torcedores de Guarani e Ponte Preta não só pela rivalidade, mas como uma forma de festa, zoação, tristeza e alegria. Enfim, os sentimentos ficam aflorados neste dia.
Bugre e Macaca já realizaram dérbis memoráveis com times que eram verdadeiras seleções, período em que Campinas ficou cochecida como a capital do futebol.
Árbitro
Um dos principais personagens do dérbi é uma figura pouco badalada entre os torcedores. Sempre que sobe para o aquecimento no gramado, o árbitro da partida é recepcionado com vaias e pressão. A frieza e experiência precisam correr nas veias para driblar o clima de hostilidade.
Diante disso, a CBF optou por Luiz Flávio de Oliveira, árbitro do quadro da Fifa, para comandar a partida. Ele será auxiliado por por Neuza Ines Back e Daniel Paulo Ziolli. No VAR estará Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral.
Oliveira se transformou em um dos principais árbitros do Brasil e vai debutar em uma partida envolvendo Guarani e Ponte Preta, a partir das 16h, no Brinco de Ouro.
Em família
A escolha pela profissão foi inspirada dentro da família de Luiz Flávio. O irmão mais velho, Paulo César de Oliveira, iniciou na arbitragem em 1997 e ficou até 2014, apitando grandes jogos nacionais e internacionais.
PC de Oliveira ficou marcado na história do clássico campineiro em 2001. O profissional, hoje comentarista de arbitragem, era conhecido como um árbitro disciplinador. E este foi um dos motivos que colocaram o profissional como o juiz que mais comandou o dérbi campineiro neste século. Entre os anos de 2001 e 2008, ele apitou seis clássicos.
“Me sinto honrado com essa marca. Vários fatores influenciam na escala de arbitragem de um clássico. A experiência, a credibilidade, o status como árbitro FIFA e o histórico sem grandes erros em jogos de ambas as equipes”, explica PC.
Mas tem um dérbi marcante envolvendo a família Oliveira. Em agosto de 1999, em duelo da primeira fase do Campeonato Brasileiro, PC foi o escolhido para apitar um clássico no Moisés Lucarelli. A partida sem gols, entretanto, teve um episódio que entrou para a história: terminou com 103 faltas. Mais de uma falta por minuto.
“Os jogadores não colaboram, mas eu apitei mal, ‘picotei’ o jogo e perdi o controle. Mas até das experiências ruins a gente tira algum aprendizado. Eu não sou muito bom em estatística, mas acho que nunca mais ultrapassei a metade dessa terrível marca (de 100 faltas em um jogo), graças a Deus", relembrou o ex-árbitro.
Paulo César evita falar sobre conselhos ao irmão, mas a experiência em clássicos faz com que o ex-árbitro dê os caminhos para uma boa arbitragem no dérbi, principalmente pelo histórico de tensão nos jogos entre os times.
“Eu diria para o árbitro estudar as características das equipes, se preparar fisicamente e mentalmente para suportar a pressão e focar nas “grandes decisões” como disputas nas áreas, lances ajustados da Regra 11, impedimento, faltas que impedem situações claras de gol e controle disciplinar”, completa.
Criado na região, o ex-árbitro Luiz Flávio Guerra explica que a atmosfera criada na cidade é levada em consideração, mas que o trabalho mental do árbitro é importante para administrar a partida de forma serena.
“É diferente apitar um dérbi de qualquer outro jogo. A cidade respira essa responsabilidade e o jogo é sempre muito disputado. É preciso concentração e rigor para manter o controle da partida”, explicou Guerra.