Promessa que durou cinco dias na Ponte carrega a marca da indisciplina desde o início, no Fluminense
Robert chegou ao Moisés Lucarelli na semana passada e abandonou o clube: sua mãe teria considerado o salário de R$ 10 mil muito baixo (Estadão Conteúdo/AAN)
Aos 18 anos, o meia Robert tinha salário de R$ 80 mil e a multa rescisória para deixar o Fluminense estava fixada em R$ 190 milhões. Na época, o jovem nascido no bairro Tribobó, periferia de São Gonçalo, já circulava pelas ruas e avenidas do Rio de Janeiro a bordo de um carro de luxo, modelo Camaro, avaliado em mais de R$ 250 mil, e participava de grandes eventos com craques do seu clube de formação. De personalidade forte, já se expressava como um veterano durante as entrevistas. Certa vez, lhe perguntaram se queria ser igual a Neymar. De bate-pronto, respondeu: “Não vou ser igual. Vou ser melhor”. No início de 2016, Robert já seguia para a Europa a fim de passar por um período de avaliação no Barcelona. Mas, por conta do atraso na liberação de seus documentos, acabou indo para o time B do Barça e disputou apenas uma partida. Não vingou. De volta ao Brasil, a promessa começou a decair. Ficou encostado no Fluminense até ser emprestado ao Paysandu para disputar a Série B do ano passado. Mais uma vez, não deu certo. Logo teve o contrato rescindido após ser flagrado supostamente embriagado em uma festa na capital paraense. “Circularam imagens na internet que irritaram bastante a diretoria do Papão”, recorda o repórter Felipe Silva, da Rádio Metropolitana FM, de Belém. Devolvido, Robert ficou mais um tempo parado nas Laranjeiras. No início deste ano, foi emprestado ao Boavista para a disputa do Carioca. Fez seis jogos, não marcou gol e ainda teve lesão no tornozelo. Mesmo assim, recebeu convite para jogar a Série D. “Tínhamos total interesse e fizemos o convite”, declarou, em abril, João Paulo Magalhães, gestor do clube de Saqurema, que obteve um não como resposta. Semana passada, surgiu a oportunidade de um contrato com a Ponte Preta. O jogador chegou na terça, começou a treinar no mesmo dia e deveria ter assinado contrato de três meses na última segunda-feira. Mas, no domingo, ligou para o Majestoso e pediu para o funcionário da segurança abrir o vestiário porque “precisava pegar algumas coisas pessoais”. Fez a limpeza no seu armário e não apareceu mais. Como já tinha rejeição de boa parte do pessoal do departamento de futebol profissional — a contratação teria sido imposta pelo presidente de honra Sergio Carnielli —, o combinado foi desfeito imediatamente e sem sofrimento para o clube. Ontem, em entrevista ao portal G1 do Rio de Janeiro, a mãe do jogador, Silvana Gonçalves, que também é sua procuradora, falou que Robert tinha sido despejado do hotel em que estava, fato que a Macaca nega veementemente já que havia uma autorizado para renovação da permanência até que fosse encontrado um apartamento para o atleta. Há quem diga que, na verdade, Silvana teria se arrependido do acordo por considerar o salário muito baixo (em torno de R$ 10 mil). Há quem desconfie que Robert usou a “Ponte como ponte” para voltar à mídia e, de repente, conseguir espaço em algum time de fora do Brasil. O certo é que sua passagem não deixará saudades.