Diferente da maioria das atletas que disputam a competição, Melisa Gretter não tem estatura elevada, mas é com o seu 1,60m de altura que ela encanta os torcedores e irrita as adversárias com cestas fantásticas, dribles desconcertantes e assistências magistrais
A armadora Meli, como é chamada pelas colegas, conta com o carinho dos torcedores campineiros: "Me sinto adaptada, as pessoas me reconhecem na rua, estou desfrutando" (Leandro Ferreira)
Grande sensação da Liga de Basquete Feminino (LBF), o Vera Cruz tem nas mãos de uma argentina boa parte de suas apostas para se sagrar campeão nesta temporada. Diferente da maioria das atletas que disputam a competição, Melisa Gretter não tem estatura elevada, mas é com o seu 1,60m de altura que ela encanta os torcedores e irrita as adversárias com cestas fantásticas, dribles desconcertantes e assistências magistrais. Meli, como é carinhosamente conhecida, joga como armadora e possui números expressivos pelo time de Campinas. Até o momento, são 145 pontos (terceira melhor pontuadora do elenco) e 79 assistências (primeira colocada no quesito) que ajudaram o clube a garantir a primeira colocação na fase inicial, com 100% de aproveitamento. Nos playoffs que estão por vir, ela espera que o grande desempenho continue. Independente de manter a invencibilidade, a meta é conquistar o título. "Acima de tudo, eu quero ser campeã. Agora vem a reta final em que os outros times querem nos vencer, só que temos que estar fortes e concentradas", disse a argentina, natural da cidade de Rafaela, antes de minimizar sua altura. "Há muitas atletas altas, mas se você olhar nas outras equipes, também vai ver jogadoras baixas. O mais importante é o coração, a garra e a atitude que você coloca em quadra." Apesar de admitir que não esperava chegar em um ponto avançado do campeonato com um aproveitamento tão bom, a armadora destacou que algumas atletas do time já se conheciam e isso facilitou na questão do entrosamento. "Nunca passa pela cabeça ficar muito tempo invicto, ainda mais conseguindo jogar bem, igual estamos jogando. Ajudou o fato de ter várias meninas que atuaram juntas no Corinthians Americana e já conheciam a filosofia do Vendramini (treinador). O mais importante é que formamos um grupo de trabalho muito bom, com dedicação e paixão." Saudades de casa A atleta do Vera Cruz começou a carreira no Ben Hur, em sua cidade natal. Não demorou muito, veio o destaque e, com ele, as oportunidades para ir ao exterior, já que na Argentina o basquete feminino não tem a mesma valorização do masculino, sendo preciso estudar e trabalhar, para somente depois treinar, de acordo com Meli. Praticar a modalidade, aliás, era por paixão, porque não se mostrava vantajoso financeiramente. O bom basquete apresentado levou a jogadora para a seleção e também para a Espanha, onde jogou no Stadium Casablanca Mann Filter, em uma experiência definida por ela como "muito linda". Até que em 2015, depois de uma competição com a Argentina, veio a oferta para defender o Corinthians Americana. "Eu tinha medos, principalmente pelo idioma e rivalidade entre os países, mas foi muito bom ter vindo, sou muito feliz", contou. Na equipe de Campinas, ainda mais motivos para comemorar: "Me sinto adaptada, as pessoas me reconhecem na rua, estou desfrutando." Por outro lado, Meli revelou sentir falta dos parentes. "A alimentação não muda muito, sigo a dieta, mas trouxe o mate (bebida) da Argentina, tomo sempre depois de treinar. Sinto bastante saudades da família e amigos também. Quando fico sozinha em casa estranho um pouco, só que quase sempre estou treinando."