Espetáculo musical de sucesso 'made in Brazil'

O Brasil é o terceiro maior produtor de musicais do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e Inglaterra. Um feito e tanto, claro. Mas, o País ainda precisa de uma identidade própria. O motivo é simples: a maioria das produções é adaptação de peças estrangeiras. “Um musical da Broadway” é o slogan recorrente. Conteúdo próprio é algo raro. O País não tem capacidade para criar? Tem e muita. Tanto que o musical de maior sucesso — não financeiramente, por causa do tamanho do teatro, mas de crítica e fama — no ano passado é nacional. Depois de uma ótima temporada no Rio, em 2011, 'Tim Maia - Vale Tudo, o Musical' estourou em São Paulo, graças, principalmente, ao talento e semelhança de Tiago Abravanel com Tim Maia (1942-1998). Os ingressos se esgotavam assim que entravam à venda. Todos queriam relembrar, ao vivo, a brilhante trajetória de um dos maiores artistas do Brasil e, como resultado, conseguir um assento era quase uma missão impossível. Com a saída de Tiago do elenco para participar da novela 'Salve Jorge' (Globo), houve uma grande insegurança em relação ao futuro do musical. Tanto que Danilo de Moura, seu substituto, lembra que chegou a ouvir “putz, perdi cem conto!” quando as cortinas se abriam e não era o “verdadeiro” Tim no palco. E isso ainda na época em que ambos se revezavam no papel. “Eu sempre me diverti muito fazendo o Tim Maia. Para mim, ver esse espetáculo é tão divertido, tão rico, que não importa quem esteja no palco. Nada derruba meu estado de espírito para viver esse astro. Se me preocupasse com isso, não poderia viver esse personagem, que é o folgadão da vez, o dono da situação”, diz Moura. A comparação com Abravanel, porém, ficou no passado, e Danilo não só provou seu talento, como agora é a estrela do musical, que faz temporada de quatro apresentações no Theatro Municipal entre sexta (11) e domingo (13), com ingressos praticamente esgotados. Enredo Baseado no livro 'Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia', de Nelson Motta, o musical com direção de João Fonseca mostra a infância pobre de Tim no bairro carioca da Tijuca; a amizade com Roberto Carlos, Jorge Benjor e Erasmo Carlos e a eclosão da Jovem Guarda; a gravação do primeiro disco; a primeira grande paixão, Janete, e as discussões explosivas com direito a diversas idas e vindas do Rio de Janeiro a Londres; o período em que aderiu à ideologia Racional Superior; e por aí vai. São episódios memoráveis e hilários contados com a precisão e os detalhes que só alguém muito próximo a ele, como Motta, poderia saber. Uma relação bem diferente de Tim e seu intérprete. “Entre nós a relação é de aluno e professor. Eu defendo e faço música preta brasileira desde sempre, e isso quer dizer que cantei e cresci com Tim Maia. Além disso, Nelson Motta é o cara que sou mais fã. Ou seja, fazer esse espetáculo é musical e artisticamente perfeito para mim, como pessoa e como artista”, diz o Danilo. Um amadurecimento que o ator afirma estar presente inclusive no palco. “Depois de tanto tempo fazendo, voltei este ano ainda mais Tim. Ou seja, mais folgado e reclamão do que nunca. Ainda bem que eu tenho uma parte muito ogra dentro de mim para emprestar para o personagem.”  Serviço 'Tim Maia - Vale Tudo, o Musical' Nesta sexta-feira (11), às 21h; sábado (12), às 17h e 21h30; e domingo (13), às 18h No Theatro Municipal de Paulínia (Av. José Lozano Araújo, 1.551 - Parque Brasil 500). Telefone: (19) 3933-2140 Ingressos: de R$ 25,00 a R$ 140,00. Vendas na bilheteria do teatro, das 13h às 19h, e pelo www.ingressorapido.com.br