Trupe argentina Fuerza Bruta conquistou o mundo e chega a São Paulo para uma temporada de dois meses: público precisa ser afiado, rápido e estar pronto para se envolver num show de 360 graus
O grupo Fuerza Bruta em cenas de Wayra, no qual atores pendem do teto, se jogam em bolhas e pisicnas transparentes situadas sobre a plateia e estimulam o público a participar da movimentação ( Divulgação)
Espetáculos circenses elaborados, que desafiam a gravidade e até mesmo a imaginação, não são mais novidade há um bom tempo. Continuam extraordinários, claro, mas companhias especializadas nesses tipos de shows fazem temporada no Brasil há anos. Não leve isso em consideração, entretanto, ao decidir comprar um ingresso de 'Wayra', espetáculo da trupe argentina Fuerza Bruta que conquistou o mundo e chegou a São Paulo para uma temporada de dois meses.A começar, você não será um mero observador. Trata-se, antes de mais nada, de um show interativo, em que a participação do público pode não ser obrigatória, mas é inevitável e irresistível. Portanto, nada de poltronas ou lugares marcados. Aqui, o público precisa ser afiado, rápido e estar pronto para se envolver em um show de 360 graus, que exige uma intensa circulação pela arena montada no Ginásio Mauro Pinheiro (parte do Complexo do Ginásio do Ibirapuera).Ao promover uma narrativa calcada em movimentos, sem falas, e com um simples roteiro pré-estabelecido, Wayra desperta emoções únicas — e muito individuais — ao visitante, além de incluir um sentido que normalmente é deixado de fora de um espetáculo comum: o tato. Atores e bailarinos pendurados no teto, ora dançando, ora se jogando em bolhas transparentes ou piscinas alocadas sobre o público, estão prontos para interagir com os presentes, dando as mãos, colocando para dançar, ou mesmo — se você for sortudo e selecionado antes do início — te levando para cima do teto.“É um espetáculo que atua diretamente naquela parte do nosso corpo responsável pela libertação. Aqui, a ideia é que você se liberte, saia da rotina, se sinta livre para soltar aquele animal selvagem que vive dentro de todos nós”, afirma o ator argentino Bruno Lopez Aragon, protagonista do número Globa — uma bolha gigante disposta sobre o público que sobe e desce e, muitas vezes, quase chega a se chocar com as cabeças dos presentes. Aliás, esse é o momento preferido dos espectadores para tocar os atores e a lona transparente.Obviamente, cada um define o quanto se envolve com Wayra. Mariano Fernández, company manager de Fuerza Bruta, lembra que, na China, pelo menos no começo, as pessoas sequer davam as mãos quando os atores as esticavam por buracos da bolha. “É um espetáculo para os sentidos. Por isso, ele é participativo, e se espera que o público viva essa experiência, que é sempre diferente de uma pessoa para outra. Sempre há coisas a serem descobertas e, quanto mais a pessoa se entrega, mais ela se diverte e mais interessante fica o show”, explica.No Brasil, esse receio em interagir com os atores, obviamente, não existe. Na apresentação do grupo para a imprensa, antes da estreia, mesmo sendo um público bem menor das sessões comuns, os atores voadores não davam conta das muitas mãos erguidas à espera de um contato. O elenco “de solo” se incumbia de completar a brincadeira. “O que importa é que tudo sempre termina em clima de festa”, brinca Fernández.Essa reação era exatamente o que a outra estrela de Globa esperava. “Nós sempre nos divertimos porque não sabemos como o show vai caminhar, o que vai acontecer. Tudo é muito inesperado e único. O tempo todo acontecem coisas diferentes, porque o show funciona com a energia do público. As pessoas dançam, pulam, gritam, nos surpreendem sempre. E o Brasil tem esse povo festeiro maravilhoso, pessoas alegres, divertidas, afinal, é o País do Carnaval”, conta Natalia Gómez Carrillo, que divide o número com Aragon.O espetáculoWayra significa, em quechua — língua indígena da região dos Andes —, vento, e é isso o que você pode esperar durante os quase 70 minutos de shows. Ventiladores imensos e superpotentes dão o clima da apresentação, além de tambores, música eletrônica alta — com uma pitada de samba —, iluminação elaborada, boas doses de água e muito papel picado. Sem esquecer, claro, do enorme e dinâmico elenco que acompanha o caminhar do vento e dá o tom da brincadeira. O show estreou na Argentina em 2010 e, depois, fez temporada no país da trupe entre 2013 e 2014. Estreou, ainda, em Nova York no ano passado, onde a companhia Fuerza Bruta reside desde 2007, no Teatro Daryl Roth, tendo sido vista por mais de 500 mil pessoas. Mesmo assim, é no Brasil que Wayra será apresentado por completo, com todos os números pensados exclusivamente para este show. “Conseguimos a estrutura ideal aqui. O espaço é o dobro do que estamos acostumados e tem capacidade para mil pessoas. Por isso, sabemos que os brasileiros vão aproveitar muito o que temos a oferecer”, resumiu Fernández.AGENDE-SE- O quê: Wayra - Fuerza Bruta- Quando: Até 31 de maio; de quinta a domingo. Sessões quintas e sextas às 21h; sábados às 20h e às 23h; domingos às 20h.- Onde: Ginásio Mauro Pinheiro (parte do Complexo do Ginásio do Ibirapuera - Av. Abílio Soares, 1300, Paraíso, São Paulo).- Quanto: De R$ 80 a R$ 180 - quinta-feira: R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia); sexta-feira, sábado e domingo: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia). Estacionamento: Do Ginásio do Ibirapuera (entrada pela Av. Marechal Estênio Albuquerque Lima, 82)