CESTA BÁSICA

Especialistas apontam queda, clientela vê aumento

Em Piracicaba, consumidores relatam sentir diferença nos preços dos alimentos

Juliana Franco
17/05/2013 às 21:07.
Atualizado em 25/04/2022 às 15:35
Quem vai às compras deve pesquisar e ser consciente nos gastos (Antonio Trivelin)

Quem vai às compras deve pesquisar e ser consciente nos gastos (Antonio Trivelin)

Apesar da Esalq Jr. Economia apontar queda no preço médio da cesta básica, em Piracicaba, pelo segundo mês consecutivo — março e abril —, os consumidores afirmam que sentem no bolso o reajuste nos valores dos alimentos.

Pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada em abril, mostra que sete em cada 10 consumidores perceberam aumento nos preços de alimentos presentes ou não na cesta básica. À pergunta "Você diria que, nas últimas duas semanas, notou aumento, diminuição ou não notou mudança nos preços dos alimentos", 69% dos consumidores responderam "aumento". Outros 22% disseram não ter notado aumento nem redução e 5% viram baixa.

Em Piracicaba, consumidores ouvidos pela reportagem são unânimes em responder pelo aumento. A salgadeira Sandra Maria Martins, 50 anos, conta que, devido às encomendas que recebe, vai ao supermercado duas vezes por semana. Os produtos adquiridos são sempre os mesmos, mas semanalmente constata diferença, para mais, no valor total das compras. "Não tenho como fazer esse repasse aos meus clientes. Se aumentar os valores toda semana, perco a clientela", conta.

A empresária Natalia Viegas, 28 anos, afirma ter a mesma sensação. "Não faço compras grandes, pois somos apenas em duas pessoas. Mas toda vez que vou ao supermercado os valores que gasto são maiores. Principalmente dos produtos que não estão inclusos na cesta básica", explica. "Os valores dos artigos de higiene pessoal e limpeza de casa, para mim, são os que mais crescem. Assim como produtos como chocolate e bolachas", acrescenta.

O coordenador do Banco de Dados Socioeconômicos da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Francisco Constantino Crocomo, revela que os preços dos produtos têm comportamento diferente e dependem de clima, condições de safra, entre outros fatores que vão além da inflação. "Alguns produtos são sazonais, aumentam em algumas épocas depois os preços despencam. Em casos como este, a inflação tem reflexo no valor, mas é mínimo. O problema é que o consumidor sente no bolso o resultado final", afirma.

Nem mesmo a desoneração de tributos, anunciado pelo Governo Federal, em alimentos como carne, café, óleo, manteiga, açúcar, papel higiênico, pasta de dente e sabonete contribuiu para um alivio nos bolsos dos consumidores. Alimentos como leite, feijão, arroz, farinha de trigo ou massa, batata, legumes, pão e frutas já não têm tributação federal.

A pesquisa do Instituto Datafolha mostra que 56% dos entrevistados afirmam notar aumento nos preços de material de limpeza. O preço dos produtos de higiene pessoal está maior para 55% dos consumidores.

Pesquisar sempre

Como no dia a dia os consumidores constataram reajuste nos valores dos produtos diários, Crocomo explica que quem vai às compras precisa pesquisar e ser consciente. No caso de alguns legumes, verduras e frutas, por exemplo, a substituição por produtos da estação é o mais aconselhável.

Já para os produtos considerados insubstituíveis, a compra deve ser feita em menor quantidade. "Uma dica é que o consumidor adquira o produto para uma semana e, na semana seguinte, retorne para comprar mais. Neste período pode ser que ocorra redução do valor, já que falamos de produtos sazonais", explica o economista. "O brasileiro precisa aprender a comprar. Pesquisar é fundamental e, se o produto está com valores maiores, substitua ou adquira em quantidade menor. Isto é uma questão cultural", acrescenta.

Cesta básica

Pelo segundo mês consecutivo, o preço médio da cesta básica de Piracicaba calculado pela Esalq Jr. Economia caiu. O ICB - Esalq/Fealq foi de R$ 410,01 em abril — recuo de 0,24% se comparado ao mês anterior, de R$ 410,99.

Com maior peso na composição do índice, a categoria alimentos apresentou variação negativa de 0,64%, passando de R$ 335,05 para R$ 332,90. Já a categoria limpeza doméstica subiu 2,13%, de R$ 42,15 para R$ 43,05, enquanto os itens que compõem o grupo higiene apresentaram alta de 0,82%, passando de R$ 33,79 para R$ 34,06.

Entre os produtos que mais caíram em abril esteve a carne bovina de primeira: R$ 16,17 em março para R$ 15,45 no mês passado, recuo de 4,47%.

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