ARTE

Escultura ganha espaço no jardim de museu em Campinas a partir de 4ª

A obra é composta por um conjunto de cinco peças figurativas, em forma de silhuetas, fundidas em bronze

Delma Medeiros
28/04/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:21

Uma nova versão da escultura 'Os Epicuristas', do artista plástico Ricardo Cruzeiro, poderá ser vista a partir de quarta-feira (29) no jardim do Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti (Macc). O projeto foi contemplado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (Macc) e o jardim do Macc vai abrigar a escultura em caráter definitivo. "A obra é composta por um conjunto de cinco peças figurativas, em forma de silhuetas, fundidas em bronze, com figuras formadas por objetos, expressões e anatomia", diz Cruzeiro. No final de 2013, a primeira versão da obra, que havia sido cedida para decorar um ambiente da Casa Cor Campinas, foi furtada de uma sala do Palácio do Bispo, onde estava guardada depois de encerrada a mostra. Nunca foi recuperada A peça, avaliada em R$ 25 mil, nunca foi recuperada, nem o artista ressarcido. Os organizadores do evento se eximiram de responsabilidade sobre o furto, alegando que com o fim da mostra de decoração, guardaram a peça a pedido do paisagista responsável pelo ambiente. "A reprodução foi possível porque as figuras foram desenhadas em vetor, um programa do Corel Draw que dá os parâmetros das linhas e curvaturas e faz os devidos cálculos. Isso permite reproduzir as imagens e fazer a escultura em qualquer dimensão", explica Cruzeiro, uma artista visual que transita também pelo universo do design. Como era e como ficou A peça furtada em 2013 era cortada em uma chapa de aço e tinha 2 metros de altura. A atual foi feita em bronze fundido, com acabamento em pátina preta e tem 2,3 metros de altura. "Fiz os moldes em madeira para depois fundir o bronze. É uma obra feita para durar", afirma o autor. "Estou muito feliz pelo projeto ter sido aceito. Tenho uma relação muito forte com a minha cidade. Ter essa peça no jardim do Macc é bem mais que ganhar um prêmio. É uma forma de reconhecimento" , diz o campineiro Cruzeiro. Movimentos artísticos Segundo ele, as peças remetem a movimentos artísticos e fazem referências ao cubismo, às Histórias em Quadrinhos (HQ) e ao design. 'Os Epicuristas' são inspirados na filosofia de Epicuro de Samos (341 /270 a.C.), um filósofo grego do período helenístico que acreditava que o sentido da vida se resumia na felicidade e no prazer. Assim, 'Os Epicuristas' de Ricardo Cruzeiro é um monumento à felicidade. Enquanto parecem dançar, seus personagens trazem vários ícones da arte, das estátuas em ruínas da arte clássica ao cubismo, do universo das HQs ao design, tudo conduzido com um traço próprio, minimalista, estilizado ao extremo. Divisão "É uma arte meio erótica, não acadêmica, que deve agradar a uns e desagradar a outros. Mas isso é muito bom, arte não tem que ser unanimidade, depende do gosto de cada um", avalia o artista. Uma das figuras é chamado de Comilão e tem nas mãos um garfo e uma coxinha. Tem ainda uma dançarina, um músico ou artista plástico, que traz na mão o que pode ser um pandeiro ou uma paleta; outra figura tem nas mãos uma taça, e a quinta segura um cachimbo. "Os adeptos da filosofia de Epicuro gostavam se de reunir para ler, tomar uma taça de vinho, conversar. A máxima era a busca do prazer e da felicidade." Instalação Cruzeiro explica que o suporte integrado às esculturas, que consiste em hastes finas e arredondadas, veio da necessidade de interferir o mínimo possível na paisagem ou na arquitetura local. "A leveza da estrutura preza por uma convivência mais harmoniosa com a natureza. A própria obra já tem formato de árvore, ave ou flor", coloca. "Arquitetura, paisagismo e arte podem e devem andar juntos para solucionar os atuais anseios e desafios da sociedade contemporânea."Saiba mais sobre Epicuro e sua filosofia Inspirada na natureza, a filosofia de Epicuro de Samos apoiava-se no fato de que todos os seres buscam aproximar-se dos prazeres e afastar-se da dor. Seria esta, aliás, a medida exata entre o que é bom e o que é ruim. Como a felicidade requer a ausência de dor física ou psicológica, os epicuristas também já falavam em moderação e em serenidade de espírito. "São considerados os primeiros anarquistas da história" , diz Ricardo Cruzeiro. Sua filosofia visava a libertar a humanidade das superstições religiosas, do medo da morte e do medo dos deuses. "Epicuro dizia que, caso existissem, os deuses deveriam viver em perfeita harmonia, desfrutando da bem-aventurança divina e nunca se preocupariam em atormentar o homem." Processo de trabalho "Tudo começa com o lápis" , explica Ricardo Cruzeiro. O processo começa com o desenho a lápis, seguida da vetorização (programa computadorizado) baseada nos parâmetros do design dos objetos (composição do desenho com círculos e retas) e produção da peça, corte ou fundição, solda e pátina. O artista visual produz peças em madeira, aço corten, bronze, para ambientes externos e internos. (DM/AAN)AGENDE-SE O quê: Inauguração da escultura 'Os Epicuristas', de Ricardo Cruzeiro Quando: Nesta quarta-feira (29), às 20h Onde: Jardim do Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Macc) José Pancetti Endereço: Rua Benjamin Constant 1.633, Centro, Campinas (SP), fone: (19) 2116-0346 Quanto: Entrada franca

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por