CAMPINAS

Escolas também esvaziam desfile de 7 de Setembro

Medo de violência em protesto descentraliza comemoração da Independência em Campinas

Inaê Miranda
inae.miranda@rac.com.br
06/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 00:30

Crianças que estudam no Instituto Paulo Freire, da região do Oziel, treinam para apresentação que farão hoje: sem participação na Glicério ( Janaína Maciel/Especial a AAN )

O temor de que possíveis atos de vandalismo em protestos marcados para o 7 de Setembro coloquem em risco a segurança de alunos fez com que escolas e instituições que tradicionalmente participam do desfile da Independência cancelassem a ida ao evento. A própria organização da cerimônia teria transmitido incerteza às escolas durante encontro no dia 29 de agosto, sugerindo que realizassem a comemoração em outras datas. À reportagem, a Prefeitura negou a orientação e disse que a segurança está garantida. Os desfiles descentralizados em ruas e bairros de Campinas começaram nesta quinta-feira (5) e seguem até a próxima semana. Na última terça-feira (3), a Polícia Militar informou que irá se ausentar do desfile para patrulhar as ruas, devido à ameaça de uma grande manifestação no evento. A Prefeitura e o Exército já foram comunicados da ausência. Segundo a polícia, cerca de 40 mil pessoas confirmaram em uma rede social a participação em um protesto. Com oito anos de participação no desfile de 7 de Setembro, o Colégio Crescer decidiu realizar as apresentações cívicas em outras datas para não frustrar os alunos e não deixar comemorar o dia histórico. A primeira será nesta sexta-feira (6) na própria escola, mas uma grande apresentação será realizada no dia 14, na Rua Arymana, no bairro Parque Dom Pedro, juntamente com as escolas municipais André Tosello, Maria Pavanatti Favaro, Padre Melico Cândido Barbosa, além da escola Educarte, segundo Anderson Baptista Gama, assistente de direção da Crescer. O cronograma ficou definido após reunião na semana passada com representantes da Prefeitura. A pauta específica do encontro, segundo Gama, foi a segurança do desfile. “O que nos foi passado é que estavam cientes dos protestos marcados para o dia e que não teriam como garantir a segurança. A única coisa que poderiam fazer era colocar um gradil em toda a extensão da Francisco Glicério”, afirmou. “Disseram que se acontecesse algo, cada instituição responderia por seus alunos.” Um representante da Secretaria de Educação teria proposto que os desfiles fossem realizados em outras datas, com garantia de apoio operacional da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) e da Sanasa. Segundo Gama, a organização do evento oficial voltou a entrar em contato com as escolas esta semana pedindo que participassem do desfile, mas a promessa de reforço de segurança não convenceu. “Disseram que haveria reforço de segurança e que o Exército participaria, mas não queremos arriscar. Pode ser que não ocorra nada, mas em se tratando de criança, e temos alunos de 2 anos que desfilam, não queremos arriscar.” Outro grupo que decidiu não desfilar no sábado é o de escoteiros. “Os pais ficaram receosos de mandar os filhos”, afirmou José Inácio de Oliveira, diretor presidente do grupo de escoteiros Jaguaretê. Após reunião com diretores-presidentes das unidades de escoteiros locais, que são 10 em Campinas, ficou definido que cada grupo faria uma atividade cívica dentro da área de abrangência. “Pelo menos desde 1932 os escoteiros participam do desfile. Essa é a primeira vez que não vamos.” O Instituto Paulo Freire, que atende crianças da região do Monte Cristo e Oziel, também antecipou o desfile para as 9h desta sexta por conta dos possíveis protestos. O evento será na Avenida Carlos Stela Neto e contará com o apoio da Associação de Moradores do bairro. “Eles treinaram o ano inteiro, estão com as roupas prontas e não quisemos que tudo isso se perdesse e que eles ficassem tristes”, afirmou Maria das Graças Meireles, vice-presidente da associação. De acordo com ela, cerca de 130 crianças com idades de 6 a 14 anos participarão do desfile no bairro. Nesta quinta, a Escola Estadual Professora Castinauta de Barros Mello e Albuquerque fez um desfile nas ruas do Jardim São Marcos. A apresentação contou com fanfarra, pelotão da bandeira e baliza. Cerca de 700 pessoas participaram do evento. E a segurança foi garantida por pais, que sinalizaram as ruas com os cones da escola, já que não puderam contar com o suporte da Emdec, que teria sido garantido pela Secretaria de Educação em reunião com instituições no dia 29 de agosto. Segundo a diretora Maria Arlete Lima da Silva e a vice-diretora Ivonete Giordano, a antecipação do desfile também foi definida após reunião. A vice-diretora lamentou que as garantias passadas pela organização do evento, segundo ela, não foram cumpridas. “Comunicamos a antecipação do desfile para hoje (ontem) no bairro, mas a Emdec não apareceu para dar o apoio.” A Emdec informou que não houve solicitação formal de apoio e que as solicitações para realização de eventos são protocoladas com prazo mínimo de 10 dias úteis, para viabilização administrativa e operacional. Veja também Ameaça de manifestação tira PM de desfile Além disso, algumas cidades da Região Metropolitana de Campinas cancelaram o evento  

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